Crônicas dos tempos do Quanta (Livro)
Meu médico acumpunturista é uma dessas pessoas que tem o salutar hábito de conversar bastante com seus pacientes. Qualidade esta que me rende alguma estórias e momentos de esquecimento das formidáveis agulhas.
Outro dia me contava ele que seu professor em São Paulo colocava aos alunos o quanto lhe faltava aprender.
Dizia então, Dr. Airton:
_ "Se ao meu professor falta muito, que diria de nós outros.".
Ao que acrescentei:
_ "Ele apenas tem mais claro o universo do saber."
Realmente, encontramos pessoas que tem algum conhecimento de alguma área e se julgam os tais, enchem o peito e passam a olhar os outros como seus inferiores. Essas nem sonham com o universo do saber.
Encontramos por outro lado, pessoas com a invejável saga de conhecer algo novo. Seu Armando é uma dessas pessoas. Qualquer oportunidade que apareça lá está ele, presente, tirando suas conclusões, pensando com seus botões.
Ora, neste movimento espírita, temos visto tanta gente parada no tempo e no espaço que ao ver alguém como Seu Armando*, recebemos uma injeção de ânimo.
Por outro lado, vemos pessoas com formação, plenas de possibilidades e desaparecendo. Tem eles a capacidade de silenciar, justo agora, quando vozes lúcidas são tão raras...
Mas eu falava da saga, essa saga de saber que toma conta do espírito num determinado momento e lhe traz possibilidade de saltos de crescimento intelectual.
Só cresce quem quer, quem se propõe a, quem rompe seu limite interior em direção a.
A intelectualização pode ser um projeto, mas só se dá efetivamente quando o homem se lança nessa direção. Suor e tempo são os componentes básicos dessa jornada.
Muitos ficam no caminho, desalentados, desanimados, tristes ou recalcitrantes. Falta-lhes a saga, palavra mágica e transformadora do homem. À medida que diminui nossa ignorância, aumenta mais e mais nossos horizontes.
Um grupo, qualquer que seja, tem sempre a função do incentivo. Somos como crianças, estas ao serem estimuladas pelo ambiente sadio do lar, acabam tendo um desenvolvimento melhor que seus pares cujos lares não contam com o mesmo incentivo, o mesmo ambiente motivador.
E nossa função enquanto participantes de um grupo qual é? Forçar o outro a crescer?
Claro que não. Apenas agir como incentivador, motivador; para que cada qual dentro de seus limites, dos seus esforços, possa descobrir o prazer da emocionante viagem do conhecimento.
Paulo Cesar Fernandes. Jornalista.
18/05/92
(*) Armando Grijó nosso companheiro de CEAK hoje, 06/06/2009, faz parte de nossos amigos já desencarnados.
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