segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Alegria

O Movimento Espirita me era mais interessante nos tempos de infância e juventude?
Ele era diferente?
Mas nem um pouco. Irmãos já se degladiavam por um maior destaque na mesma casa espirita. E tudo que hoje vejo e condeno já estava lá.
Eu era inocentão. E tinha uma confiança cega, em todos os habitantes do meu coração. Tudo isso se desenrolava bem diante de meus olhos, e eu nada via. Sempre debitei à maldade humana, as críticas feitas às minhas almas amigas.
Foram necessárias muitas pancadas da vida. E pancadas muito pesadas e doloridas. Desestruturantes mesmo.
Fora do Movimento Espirita, e dentro dele, para que eu viesse a acordar.
Sentir o Ego estilhaçado e ser o agente maior no processo de sua reconstituição.
Chegava na Nilce, a terapeuta, com muitas coisas escritas e já elaboradas. Maturadas!
Carl Gustav Jung e Erich Fromm foram dois nomes basilares nesse processo todo.
Tenho e li a obra toda de Fromm e grande parte do Jung, que chamo de vovô Jung. Nos conduz pela vida como um bondoso avô.
Me mostrou algo importante: eu e o mundo temos nosso lado obscuro, mas também temos nosso lado cristalino e luminoso.

Foi vital perceber de nossa humanidade, e enquanto humanos, nossa falibilidade.
Minha e dos demais.

Dentro e fora do Partido. dentro e fora do Centro Espírita.

A única instituição cujo amor sempre me foi incondicional foi a família. E nos momentos de maior dor. Quando crueldade humana fez ruir de vez minhas crenças nas instituições todas, foi o seio sereno e firme da familia meu regaço de energia e força para seguir lutando, e mantendo a certeza em alguma coisa. Em meu valor humano e intelectual.

Venho com insistência dizendo que:
"O amor sincero é a única coisa perene no(s) universo(s)".

E de onde nasceu tal convicção?
Do seio familiar.

E principalmente esse núcleo mais próximo que, mesmo não tendo o contato diário, tem um vínculo afetivo muito forte. Me chega agora a idéia de que somos um clã. Tal qual os clãs da Galiléia e do Egito Antigo.
Temos esse laço, esse elo que fortemente nos ata.

Discussões e desavenças podem surgir vez por outra, mas muito acima de tudo isso, reside o amor entre nós.

Eu andava triste por não contar com a mesma afetividade fora do núcleo familial. Mas estou certo ser mais por minha incapacidade de esquecer os eventos do passado e tocar adiante; uma vez sermos todos seres em crescimento. Estava preso a fatos evanescidos. E se ainda forem não tem mais a menor importância. Pois cada um tira de seu coração o que tem de melhor. Estou certo disso. Meu foco são meus atos.

Hoje, quando iniciaria a costumeira meditação de fim de dia, a Biblia me chamou a atenção, e a abri ao léu. Me deparei com um texto sobre a tristeza, essa cada vez menos sentida por mim, mas por vezes dá uma passadinha em meu coração, como a testa-lo. Justo a mim, com tanta gratidão pelo recebido da vida nestes cinco últimos anos; e mais intensamente nos dois últimos.

Mas quanto à tristeza a Biblia tem razão, vejamos:

22. Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos.
23. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida.
24. Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti,
25. pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma.
26. A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo.
27. Um coração bondoso e nobre banqueteia-se continuamente, pois seus banquetes são preparados com solicitude.

Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/01/28/30.php#ixzz24mhr1zpX  

Na leitura desses itens, instintivamente voltei o olhar à imagem de Francisco de Assis, um exemplo de simplicidade e amor.
A Biblia que tenho, me foi presenteada faz muito tempo por uma aluna de informática, uma senhora de 70 anos. Toda ela convencionalismo.  Eramos o contraste mais marcante.

Ao ver minha casa sem um exemplar sequer da Biblia, me perguntou se a tinha guardada em algum lugar da casa.
Diante da negativa, na semana seguinte recebi um presente e fiz a promessa de le-la de forma livre e esporádica.
Promessa em andamento como ocorreu no dia de hoje. Afinal onde está o bem e a sinceridade, é impossível que não encontremos o amor. Os itens acima são uma exaltação à vida, e à correção de atitudes.

Quem pode ser infeliz agindo de conformidade com as Leis Naturais, regentes do nosso destino?
Dona Dora sabia das coisas do bem, e ele é sempre bom.  

Paulo Cesar Fernandes  

27/08/2012