quinta-feira, 14 de agosto de 2014

20140814 Por um mundo melhor segundo Mariotti



Humberto Mariotti

O Homem e a Sociedade numa Nova Civilização

PENSE - Pensamento Social Espírita

 

 

Capítulo XVI

 

 

A ABOLIÇÃO DA LUTA DE CLASSES NÃO

É TAREFA EXCLUSIVA DO SOCIALISMO

 

 

O conceito de propriedade privada, de qualquer ponto de vista que o consideremos, está em contradição com a dinâmica evolucionista da filosofia espírita. Nem mesmo justificando-o como uma falta de evolução espiritual dos povos, o conceito de propriedade é admissível, pois a sua aceitação implicaria o reconhecimento de um sistema social em que o mais forte se imporia impiedosamente ao mais fraco.

 

 

O socialismo não é somente “uma bela expressão da cultura humana”; é, sobretudo, a resposta a uma necessidade da evolução espiritual alcançada pela civilização.

 

 

O sistema de propriedade privada representa um estado social condizente com o passado da humanidade, na fase em que o homem ainda ignorava a realidade de seu crescimento espiritual, em consequência de sua evolução palingenésica.

 

 

Esta lei, eminentemente progressista e criadora, transformará e renovará os sistemas sociais, ao revolucionar as condições íntimas dos espíritos. Por isso dizemos que a nova revolução socialista se realizará, ao mesmo tempo, externa e internamente.

 

 

É assim que surgirá um tipo de sociedade em que as normas morais serão protetoras e condenarão toda forma de privilégio social.

 

 

A reencarnação, ou lei palingenésica, não justificará jamais, como ainda se pretende, as desigualdades sociais. A lei de causalidade espiritual ou existencial não determina as formas de sociedade, pois o destino individual do homem carece de força histórica para estabelecer um regime social baseado no sistema de propriedade privada. Além disso, o socialismo não é uma questão de ditadura do proletariado nem de imposição estatal: o socialismo é o resultado de uma avançada evolução mental e espiritual dos indivíduos que, de um sistema social privado e egoísta, nos faz passar para outro, de tipo coletivo e fraternal. Quer dizer que o socialismo não é a consequência de uma ditadura, o que seria encará-lo unicamente do ponto de vista político, esquecendo-nos de sua natureza ética, científica e filosófica.

 

 

A lei de renascimento origina destinos individuais, mas não poderá jamais determinar sistemas sociais. Os sistemas ou formas de convivência social, estabelece-os a ciência da sociedade, elaborada pelos mais brilhantes espíritos. Mas disso a querer ligar a situação imperfeita de um indivíduo a um sistema social imperfeito torna-se ilógico e não corresponde às leis do pensamento evolutivo.

 

 

A lei de igualdade é facilmente reconhecida e aceita pelo pensamento filosófico, tanto mais que é uma resultante do desenvolvimento e da evolução espiritual, através da lei natural da palingenesia.

 

 

Aspirar, portanto, a uma sociedade sem classes, não é um anseio exclusivamente socialista e comunista. Podemos admitir que é também a consequência de um engrandecimento moral da alma humana. Vale dizer que, do ponto de vista espírita, pode-se aspirar ao estabelecimento da lei de igualdade, levado somente por uma razão filosófica.

 

 

O socialismo, que antigamente era aceito como um fenômeno exclusivamente político, é agora um postulado moral e filosófico que emana, por assim dizer, da própria alma dos indivíduos. Daí se conclui que o Estado sem classes sociais, concebido pela filosofia espírita, surge ao revés da concepção materialista: manifesta-se de dentro para fora, o que nos mostra que o sistema socialista não é somente um fenômeno político, mas a consequência de um estado de compreensão da fraternidade humana e espiritual, atingido pelas almas altamente evoluídas.

 

 

De acordo com esta visão evolucionista do indivíduo, não se pode afirmar, como o fazia a mentalidade conservadora, que “haverá sempre ricos e pobres”, pois se isto fosse certo teríamos que afirmar, com o mesmo critério, que “sempre haverá bons e maus” na humanidade. Sabemos, pelo contrário, que a evolução tudo transforma, e que o sistema social, com todo o conjunto espiritual e humano, evolui para melhores condições, já que nada permanece definitivamente fixo na natureza e na história.

 

 

A evolução palingenésica do homem permite-nos supor que a ordem social avança rumo a condições em que o socialismo se torna uma realidade fraterna, e em que a propriedade privada se torne realmente propriedade coletiva. Essa a razão por que o espiritismo não poderá justificar nem aceitar os tipos de economia social baseados no espírito de posse. Quando a riqueza econômica é de caráter privado, é porque está viciada pelo egoísmo e pelo exclusivismo individualista. Basta encararmos bem o problema e veremos que o que se considera propriedade privada não tem realidade física nem espiritual. Comprovaríamos que a vida humana passa inteligentemente do privado para o coletivo, isto é, do regime capitalista para o regime socialista.

 

 

As coisas físicas terão caráter privado enquanto o homem puser o seu espírito na dependência delas, procurando um meio de se firmar no mundo. Mas quando reconhecer que sua estada na Terra depende mais dos valores morais e espirituais que das coisas físicas, então o homem socializará a ordem econômica e repelirá o sistema de propriedade capitalista.

 

 

Reconhecerá, assim, que unicamente a propriedade coletiva poderá beneficiá-lo, libertando-o do egoísmo e da usura individualista.

 

 

De acordo com a filosofia espírita, a evolução espiritual, pura e real, realiza-se sem ligação alguma com os instrumentos terrestres. O espírito trabalhará por meio deles, mas seu único dono será a sociedade, pois bastaria aparecer o menor desejo de posse sobre as coisas para que o normal desenvolvimento de sua evolução se perturbasse. O espírito compreenderá que a propriedade, por pequena que seja, tem sua origem na pequenez moral do indivíduo. Saberá ainda que um Ser superior pensará sempre no todo e nunca na parte. Chegará a compreender que a propriedade privada se relaciona com o pequeno e se circunscreve ao mundo, enquanto a propriedade coletiva se vincula no grande e extenso, bem como na concepção cósmica da filosofia espírita.

 

 

O capitalismo, por seu egoísmo moral, crê que este mundo é o único a dominar o Universo. Ao contrário, o socialismo, espiritualizado pelo ideal espírita, apresentará ao espírito milhões de planetas girando pelo espaço. Porque o privado é próprio dos sistemas individualistas, enquanto o coletivo se liga facilmente à realidade, que nos apresenta a pluralidade dos mundos habitados e a doutrina das vidas sucessivas.

 

 

Acreditamos que a transformação social resulta iniludível frente à teoria da evolução espiritual; em consequência, ou o espírita se converte em socialista no plano econômico, social e político, ou será um opositor da linha ascendente da evolução geral da humanidade. Se ficar ao lado do progresso, auxiliará o espírito do futuro nas transformações que este vai realizando. A verdade é que o evolucionismo espírita não poderá submeter-se a nenhuma concepção conservadora ou misoneísta, já que para ele tudo avança, muda e se aperfeiçoa incessantemente. O próprio homem é um Ser que evolui sem parar, tanto na vida presente como através das múltiplas existências que terá de viver.

 

 

Em tudo e com tudo, pois, irá para diante, seguindo a poderosa lei de evolução, que transforma tanto os indivíduos em suas ideias e caracteres, como os povos em suas concepções ideológicas e em seus sistemas sociais.

 

 

A lei de igualdade, como consequência da lei palingenésica, não deixará de manifestar-se pelo fato de existirem destinos individuais a serem cumpridos. O destino individual não representa nem determina os sistemas sociais, pois, se assim fosse, teríamos de aceitar para sempre o sistema capitalista no mundo. Não obstante, dentro da própria lei de igualdade, fator revolucionário que institui o socialismo na Terra, podemos admitir a desigualdade; mas esta será sempre de caráter individual e nunca de natureza social. A igualdade responde ao lógico e ao natural, e para ela marcham o homem e a sociedade, repelindo continuamente todo intento de desigualdade econômica, por considerá-la um obstáculo moral na ascensão progressiva dos espíritos.

 

 

Por último, é preciso levar em conta que o Ser é uma essência impessoal e que, por isso mesmo, nada poderá aderir de temporal à sua natureza individual.

 

 

Se deseja avançar no caminho de sua evolução, deverá despersonalizar-se totalmente, enriquecendo seu mundo interior e imortal com sutis e variadas emoções estéticas, espirituais e religiosas, pois elas se fixarão em seu perispírito e se transformarão em faculdades superiores do espírito.

 

 

O Ser é uma essência livre; provém do mais profundo e avança para o mais sublime da divindade. Por conseguinte, todo verdadeiro homem livre e progressista deverá encarar os bens econômicos como um depósito que a sociedade lhe concede, para com ele contribuir em favor do aperfeiçoamento da comunidade; mas de maneira alguma se erigirá em proprietário do depósito social, já que para ele todo valor econômico só pertencerá ao patrimônio comum da sociedade.

 

 

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O texto foi mantido sem negritos ou itálicos de minha parte. Abri alguns parágrafos para facilitar a leitura tão somente.
 
 
O diferente título apresentado na imagem é o título original Argentino. Ocorreu durante a Ditadura Militar a necessidade da editora chamá-lo "O homem e a sociedade numa nova civilização" para que fosse aprovado pela censura.

 

Quando o autor se refere ao capitalismo em contraposição ao socialismo devemos lembrar ter sido o texto escrito em outra época. Em que pese todas as suas considerações permanecerem atuais. Até pelo fato do mundo ter se aprofundado no egoísmo.

 

Hoje, pela característica dos nossos tempos, tenho preferido trabalhar o materialismo, ou materialidade se contrapondo à espiritualidade tão necessária ao presente estado de todo o Planeta Terra.

 

E espiritualidade para mim significa tudo que se contraponha aos valores materiais e egoístas de nossa vida. Dessa forma, quando estudamos matemática, história, filosofia; da mesma forma que quando fazemos uma oração estamos criando vínculos de espiritualidade; na medida em que toda atividade útil é trabalho, e todo trabalho (evidentemente digno em nosso caso) contribue para o progresso do espírito. E o progresso dos espíritos levará ao progresso da sociedade e dos processos históricos transcorrendo na atualidade.

 

Mais que nunca o homem é um Ser Histórico-Social, planetário, rumando a passos largos para uma compreensão cósmica da vida, da existência, e das suas criações nos diversos ramos do conhecimento.

 

Paulo Cesar Fernandes

 

14/08/2014

domingo, 10 de agosto de 2014

20140810 Saber Imediato de Deus – Em Hegel


 

 

§67

Pero por lo que atañe al saber inmediato de Dios, de lo justo, de lo ético (y aquí vienen a dar las demás determinaciones de instinto, ideas infusas o innatas, sentido común, razón natural, etc.), sea cual sea la forma que se le dé a esa originariedad, siempre se da la experiencia general de que para llevar a la conciencia lo que ahí se contiene se precisa esencialmente educación o desarrollo (incluso para la anamnesis platónica). - (El bautismo cristiano, aunque sea un sacramento, contiene también la obligación ulterior de una educación cristiana.) Por tanto, la religión, la eticidad, etc., por mucho que sean una fe o un saber inmediato, están simplemente condicionadas por la mediación que se llama desarrollo, educación, formación, etc.

 

 

En la afirmación de ideas innatas, como [también] en su negación, ha dominado una oposición entre determinaciones excluyentes, semejante a la que estamos considerando, o sea, la oposición, podemos decir, entre una conexión esencial e inmediata de ciertas determinaciones universales con el alma y otra conexión que ocurriría de manera extrínseca y estaría mediada por objetos y representaciones dadas. A la afirmación de las ideas innatas se le hacía el reproche empírico de que si todos los hombres poseen esas ideas, si tienen, p.e., el principio de contradicción en su conciencia, debieran saberlo, ya que aquel principio juntamente con otros parecidos se contaba entre las ideas innatas. Esta objeción puede atribuirse a un malentendido, por cuanto las determinaciones mencionadas como innatas no por ello debían serlo ya en forma de ideas o representaciones de algo [explícitamente] sabido. Pero contra el saber inmediato ese reproche es enteramente pertinente, puesto que tal saber afirma expresamente sus determinaciones en tanto están en la conciencia.—Si la doctrina del saber inmediato concede algo así como que, especialmente para la fe religiosa, es necesario cierto desarrollo o una educación cristiana o religiosa, resulta entonces una arbitrariedad querer ignorar lo mismo cuando se habla de creencia. O es falta de pensamiento no darse cuenta de que, concediendo la necesidad de la educación, se ha expresado precisamente el carácter esencial de la mediación.

 

 

Ideias inatas tem conexão imediata com a alma. As demais, como Deus, ética, cultura necessitam de uma mediação. E em geral tal mediação se realiza pela educação e pelo contexto cultural na qual vivemos. [PC

 

 

§ 6 8

 

En las experiencias aducidas se invoca aquello que se muestra vinculado con el saber inmediato. Si este enlace se toma en primer término como algo así como una conexión meramente extrínseca y empírica, se muestra entonces, incluso para la consideración empírica, como algo esencial e inseparable, puesto que es constante. Pero después, cuando de acuerdo con la experiencia de este saber inmediato, se toma este saber por sí mismo, en tanto es saber de Dios y de lo divino, se describe entonces esa conciencia generalmente como un elevarse sobre lo sensible, sobre lo finito, etc., así como sobre los deseos inmediatos e inclinaciones naturales del corazón; una elevación que llega hasta la fe en Dios y en lo divino y en ella acaba, de modo que esta fe es un saber y un tener por verdadero inmediatos, pero no por ello deja de tener aquel paso de la mediación como supuesto suyo y condición.

 

Ya hemos observado que las llamadas pruebas de la existencia de Dios que  expresan esta elevación partiendo del ser finito no son inventos de una reflexión  artificiosa, sino que son las mediaciones propias y necesarias del espíritu aunque, bajo la forma acostumbrada de aquellas pruebas, esas mediaciones no encuentran su expresión acabada y correcta.

 

Quando o homem se projeta acima do sensível, do finito, não necessita mediação alguma. Mas não há mediação possível para chegar a Deus. O Ser finito não o pode conceber. [PC

 
 
Há de se notar ser esta a minha interpretação do texto do outor. O que não significa de forma nenhuma seja a única ou a verdadeira. Outras mil podem aparecer igualmente dignas de reflexão.
Longe de buscar seguidores, procuro introduzir nas pessoas o desejo de um pensar autônomo e livre em todos os possíveis aspectos.
Assim como andas com os teus pés, penses por teu pensar. Liberta-te de todas as instituições. Todas te querem cooptar para seu rebanho, e nenhum de nós é gado.
 

Paulo Cesar Fernandes

10/08/2014