sexta-feira, 7 de outubro de 2016

20161007 Etapa protoespiritual


Protoespírito Emma, em seu posto de observação do mundo. Tanto Emma como seu dono tem especial prazer em olhar o  mundo dessa perspectiva. Suscita reflexões.


É a etapa precedente ao momento do pensamento contínuo, quando convencionamos a chamar de espírito a individualidade ali presente.

Por certo uma questão se apresenta: de onde surgiu o termo ProtoEspírito?

É com alegria que vou retomar esse momento.

Trabalhava eu ainda na Biblioteca da UNESP – Campus do Litoral Paulista. Fazia o que chamávamos de “Leitura do Acervo”, o que significava verificar a presença de cada um dos livros daquela biblioteca. Uma tarefa algo maçante, a bem da verdade. Mas com sensíveis melhoras nos últimos anos. Alterações foram feitas e reduziram em dois meses o tempo de execução da atividade.

Eu estava verificando o acervo dos dicionários e das coleções mais específicas, e na mesa ao lado um grupo preparava seu trabalho sobre Protozoa[1]. Perguntei do que se tratava e na mesma hora brinquei:

_ Legal, muito legal. – Um sorriso sarcástico nos lábios. E funcionou o que queria.

_ Que é tão legal assim Seu Paulo?

_ Penso ser algo como a ProtoHistória[2]. O momento antes da existência da escrita. Pois só com o surgimento da escrita nasceu a História. Como disciplina bem mais tarde. Mas vou deixar vocês trabalhar.

De imediato fui buscar o prefixo PROTO donde descobri ser um prefixo cujo significado é primeiro. Usado como PROTO- se o segundo elemento iniciar por H ou O (Ex.: Proto-Helenico); se for seguido de S ou R a consoante é duplicada (Ex.: protossulfureto). 

Como protoespírito não estava em nenhum dos casos resolvi pela grafia ProtoEspírito ou protoespírito.[3]

Pretendo com isto dar uma adequada denominação a esta fase anteriormente chamada de princípio espiritual. Valendo-me da ideia do trabalho apresentado por Alexandre C. Machado no XIII SBPE, acho válido dividir esta em três etapas, a saber:
  •       Protoespírito mineral;
  •       Protoespírito vegetal;
  •       Protoespírito animal.


Assim, vamos encontrar na obra de Léon Denis “O problema do ser do destino e da dor”, em seu capitulo IX, quando nos fala da “Evolução e finalidade da Alma” o trecho muitas vezes citado nas diversas palestras. Tomemos o trecho todo destacando a frase de nosso interesse:


Cada elo dessa cadeia representa uma forma da existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, na escala da evolução, o pensamento, a consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Na planta a inteligência dormita; no animal ela sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas.
É pelo acordo, pela união da razão humana com a razão divina que se edificam as obras preparatórias do reino de Deus, isto é, do reino da sabedoria, da justiça, da bondade, de que todo ser racional e consciente tem em si a intuição.


É de uma beleza sem par esse trecho. E sabemos dos lampejos de inteligência nos protoespíritos. E as pesquisas mais recentes da etologia já vêm admitindo a existência de inteligência mesmo nos animais. Como tudo nas ciências temos os partidários e os adversários. Mas tão somente o fato de alguns cientistas dedicarem-se ao mister de olhar com maior atenção às fases anteriores da etapa hominal já se configura como um avanço na mentalidade dessa parcela de cientistas.






[1] Filo Protozoa  -  A este filo pertencem os protozoários, organismos unicelulares heterotróficos, protistas semelhantes a animais. A designação protozoário (proto = primeiro +  zoa = animal) começou a ser usada quando estes seres eram incluídos no Reino Animalia. 
O facto de serem seres unicelulares não implica simplicidade pois muitos protozoários apresentam um grau de complexidade elevado, frequentemente ao das células dos metazoários. Os organitos de muitos protozoários são funcionalmente análogos aos órgãos e/ou sistemas dos animais.  

[2] Proto-História é o período da Pré-História anterior à escrita, mas que nos é permitido conhecer por ser descrito em algumas das primeiras fontes escritas. Praticamente coincide com a Idade dos Metais.
Entende-se por pré-história todo o período que abrange a atividade humana desde suas origens até o aparecimento da escrita. A atividade humana inicial foi a predatória, passando depois para a subsistência agrícola.
A proto-história denomina a época de transição que se seguiu, quando as sociedades agrárias reuniram os primeiros elementos para a posterior aplicação da escrita. Sua principal característica foi a substituição da tecnologia da pedra pela do metal.
[3] Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/proto [consultado em 12-11-2013].

quarta-feira, 27 de julho de 2016

20120924 Um novo contexto

Um novo contexto


Lendo os livros de mensagens, trazidos através da mediunidade de Chico Xavier, nos dá a impressão de estar lendo alguma coisa de séculos passados, tal a diversificação da sociedade nos, digamos, nos últimos vinte anos.


É toda uma nova forma de viver, toda uma série de recursos ao nosso dispor, facilitando a vida incapazes de ser pensados por esses espíritos no passado.


Por outro lado, a materialidade se enraizou nos quefazer existencial, de modo a se tornar a "forma natural" de viver.


Tudo é natural e contemporâneo.


Quem não dedica certo numero de horas diárias/semanais ao seu corpo, é um elemento estranho na estrutura social da atualidade. Nossos tempos exigem isso.


Se a pessoa não tem sonhos de consumo, e bem está com o que possue, passa a ser olhado de solslaio. E uma pergunta surge: Quem é esse aí? Que há de errado com ele?


Temos diante de nós novos tempos. 
Novas formas de viver. 
Novas conformações familiares. 
É verdade.


Mas a essência das coisas não muda. O Bem não passou a ser Mal e vice-versa. Temos hoje, ouvidos moucos a tudo o que venha significar uma contenção à materialidade. É na materialidade que nosso mundo está mergulhado, e os Meios de Comunicação de Massa são, em todos os paises, os grandes propulsores dessa "nova vida" a todos apresentada como a natural, e como a única possível.


Aí reside a questão: não é a única e talvez nem seja a melhor para o nosso progresso. Não foi à toa que Kardec colocou o materialismo como o maior inimigo do espiritismo. E a materialidade por mim questionada é exatamente o materialismo criticado por Kardec.


Não é por menos que fracassam todas as campanhas de leitura do campo pedagógico.


Os MCM precisam formar (e formam) espiritos vazios, para lhes dizer qual o "último grito da moda" a "tendência mais atual"; e estes, dócilmente, tal qual autômatos, à loja mais próxima se dirigirem e cumprirem a função destinada a eles: consumir.


Consomem desbragadamente.


Aparelhinhos mil. 
Coisas úteis ou bugigangas. 
Uma nova ginástica. 
Uma fórmula infalível de emagrecimento. 
Um ômega "xyz" fantástico no tratamento das rugas. etc.


E assim vão passando a existência sem Ser.


Seu tempo é do Ter.


Essa dicotomia é tratada num livro de Erich Fromm de forma, como sempre, muito interessante intitulado "Ter ou Ser". Ou "Ser ou Ter". Não recordo agora.


Como poderiam os "pobres" Emmanuel e André Luis, no tempo de escritura de suas obras, prever quais desdobramentos teria a sociedade brasileira e mundial?

Impossível.


Se escrevessem hoje o fariam de forma distinta. Os mesmos preceitos axiais lá estariam, já contextualizados para o momento histórico e cultural pelo qual atravessamos.

Mas não. Ambos não estão a reescrever suas obras.


Cabe a nós, minimamente espertos, fazer com seus textos o que os póprios fariam. Trazer e guardar apenas o cerne das idéias ali contidas. Relevando o seu linguajar católico (nada contra o catolicismo notem bem), mas uma vez espiritas, fazer uma leitura espirita de cada texto colocado a nossa frente.


Seja esse texto o que for, inclusive textos de sociologia e politica, de filosofia, de todas as áreas do conhecimento.


Um espirita, bem como um socialista, leem o mundo a partir dos preceitos teóricos dos quais são portadores e arautos. Caso contrário não são uma coisa e nem outra.


O mundo é composto em sua quase totalidade de homens e mulheres sem preceitos. Pensam, porém, mais das vezes "são pensados". Tendo como base o veículo de comunicação social a que se afeiçoam.


Daí nasceu a minha luta pela Razão Própria, e pelo pensamento autônomo de cada pessoa.


Dotar o mundo de um tipo de pessoa incapaz de "ir na onda",



Sempre dará uma parada e pensará, se algo lhe convém ou não. "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém." disse Paulo de Tarso faz muito tempo.


Embora tenha na imortalidade do espirito meu eixo existencial, não faço julgamento de nenhuma outra forma de pensar a existência. 


Tanto dentro das hostes espiritas como fora delas. Me valho aqui de velho adágio: "Cada um desce do bonde como quer."


Importa que a Existência das pessoas tenha valor e significado. Pois dessa forma a felicidade lhe estará batendo à porta muito mais facilmente.


Viver é buscar a felicidade. Corretíssimo Aristóteles nas suas proposituras. Talvez a pessoa seja feliz na materialidade na qual se embrenha. Enquanto for assim tudo bem. Tudo bem para o presente momento, mas não pode ser assim indefinidamente. A Lei Natural tem lá seus preceitos e cabe a cada um de nós o ajuste a ela.


Augusto Matraga, personagem de um conto de João Guimarães Rosa, dizia quanto à morte "Todos tem a sua hora e a sua vez".


Assim também ocorre quanto à Vida em Plenitude: todos temos nossa hora e nossa vez. E estou seguro. No momento da chegada dessa vida plena, acompanhada sempre da Liberdade e da Felicidade, ninguém há de querer abrir mão do tesouro conquistado.


Os livros espiritas trazem esse tesouro, porém há que saber transpor todos os textos ao nosso tempo; e mais ainda, ao nosso projeto de vida dentro desse nosso tempo.


Espero apenas trazer reflexões a um mundo tão baldo delas, verdadeiramente tão baldo/baldoso delas!


Asi es la cosa! - como dizem meus amigos nicaraguenses.


Paulo Cesar Fernandes

24/09/2012

segunda-feira, 16 de maio de 2016

20160515 Vida como prova do Existir


_ Que é a Vida? - lhe perguntei de supetão.

_ Nada além do espaço entre o berço e o túmulo. E já te passo o esquema.

Num gesto largo, meu interlocutor abriu as mãos, onde pude ver o que se segue:


E   Berço   [ VIDA ]   Túmulo   E


_ E esse imenso E antes e depois?

_ Aí está a Existência meu amigo. Isso mesmo. Já éramos antes e seguiremos sendo depois. Quer queiramos ou não.

_ É assim é? - perguntei.

_ Pois assim é. As Leis Naturais, não somos os seus inventores; quando muito lhe saboreamos alguns aspectos, sob a forma de 

descobertas.  E a cada uma delas nos colocamos mais próximos de nossa Efetividade, pois somos os frutos primorosos dessas mesmas Leis.

_ Complicado isso. - disse eu com olhar de desconfiança.

_ Nada! Nós complicamos tudo para fugir à nossa essência de imaterialidade; e fugir da Liberdade; da Espiritualidade; de todas 
essas coisas capazes de nos trazer a Felicidade. 

E completou:

_ E quer saber? A Vida, a verdadeira Vida é Felicidade.

_ Mas é mesmo?

_ Eu não minto. Mas faço notar uma coisa: é preciso tempo, para gente como nós compreender mais amplamente essas coisas todas.

_ E nunca vamos as entender? - perguntei interessado.

_ Não percebes, mas já algo vemos. E veremos mais e mais, no transcurso do tempo e de nossos esforços.

Quando me preparava para uma nova questão, o vulto desapareceu no ar; da mesma forma que me tinha aparecido. Do nada.

Me restou um sorriso nos lábios, e uma sensação de precisar saber mais.


Paulo Cesar Fernandes.

15 05 2016

quarta-feira, 4 de maio de 2016

20160504 Trem da vida

Trem da vida




Somos todos passageiros.
E vamos descer numa das próximas estações.
Ilusões, dessa forma, não cabem mais.
Sonhos sim, sonhos nunca envelhecem.
Os ideais da Revolução Francesa ainda não vieram à tona.
Seguem no subterrâneo das vidas humanas.
Na marginalidade das aparências.
No nãoSer de muitos.
Agressores dos realmente vivos.



E viver é amar.
É ser solidário.
É ver em si os defeitos e lutar para superá-los.
Claro que superamos.
Questão de tempo.



E o trem segue parando nas estações.
E desembarcando muitos a cada ano.
E nós vamos nele até quando?
Pelo tempo que ocorpo resister.
Pelo tempo que o espírito não desistir.
Seja útil nossa viagem.



Muito a descortinar das janelas do coletivo.
Mas fechamos os olhos.
Um mundo lá fora e nós NADA.
Tá na hora da gente acordar.
E perceber a fragilidade de tudo.
Usando bem cada minuto, cada conversa.



Somos Pensamento
Somos Vida
Somos Energia
Somos imortais.



Paulo Cesar Fernandes.

04/05/2016.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

20160502 Progresso intelectual.



Revista Espírita

Maio 1865

Progresso intelectual.

Sociedade de Paris, 31 de março de 1865. 
Médium, Sr. Desliens.


Nada se perde neste mundo, não só na matéria onde tudo se renova sem cessar, em se aperfeiçoando, segundo as leis imutáveis aplicadas a todas as coisas pelo Criador, mas também no domínio da inteligência. A Humanidade é como um único homem que vivesse eternamente, e adquirisse sem cessar novos conhecimentos.


Isto não é uma figura, mas uma realidade, porque o Espírito é imortal; não há senão o corpo, envoltório ou veste do Espírito, que cai quando está usado e se substitui por um outro. A própria matéria sofre modificações. À medida que o Espírito se depura, ele adquire novas riquezas, e merece, se posso me exprimir assim, uma roupa mais luxuosa, mais agradável, mais cômoda, para empregar a vossa linguagem terrestre.


A matéria se sublima e se torna cada vez mais leve, sem desaparecer jamais completamente, pelo menos nas regiões medianas; seja como corpo, seja como perispírito, ela acompanha sem cessar a inteligência e lhe permite, por este ponto de contato, se comunicar com seus inferiores, seus iguais e seus superiores para instruir, meditar a aprender.


Nada se perde na Natureza, dissemos; acrescentamos: nada é inútil. Tudo, até as criaturas mais perigosas, os venenos mais sutis, tem sua razão de ser. Quantas coisas foram julgadas inúteis ou nocivas, e das quais mais tarde se reconheceram as vantagens!


Assim, há daquelas que não compreendeis. Sem tratar a fundo a questão, direi somente que as coisas nocivas vos obrigam à atenção, à vigilância que exerce a inteligência, ao passo que se o homem não tivesse nada a temer, se abandonaria à preguiça, em prejuízo de seu desenvolvimento. Se a necessidade é a mãe da indústria, a indústria é também a filha da inteligência.


Sem dúvida, Deus, como alguns objetam, teria podido vos poupar as provas e as dificuldades que vos parecem supérfluas; mas se os obstáculos vos são opostos, é para despertar em vós os recursos que dormem; é para dar o vôo aos tesouros da inteligência que permaneceriam enterrados em vosso cérebro se uma necessidade, um perigo a evitar, não viessem vos forçar a velar pela vossa conservação.


O instinto nasce; a inteligência o segue, as idéias se encadeiam, e o raciocínio se acha inventado. Se eu raciocino, se julgo, bem ou mal, é verdade, mas é em raciocinando em falso que se aprende a reconhecer a verdade; quando se está freqüentemente enganado, acaba-se por triunfar; e esta verdade, esta inteligência, obtidas por tanto trabalho, adquirem um preço infinito e vos faz considerar-lhes a posse como um bem inestimável. Temeis ver se perderem as descobertas que fizestes; que fazeis, então?


Instruís vossos filhos, vossos amigos; desenvolveis sua inteligência a fim de nela semear e nela fazer frutificar o que adquiristes ao preço de vossos suores intelectuais; é assim que tudo se encadeia, que o progresso é uma lei natural, e que os conhecimentos humanos, aumentados pouco a pouco, se transmitem de geração em geração. Que se venha, depois disto, vos dizer que tudo é matéria! Os materialistas não repelem a Espiritualidade, na maioria, porque lhes seria preciso, sem isso, mudar seu gênero de vida, atacar seus defeitos, renunciar a seus hábitos; isto seria muito penoso, é porque acham mais cômodo tudo negar.

PASCAL.


===

Segundo penso o desenvolvimento intelectual é apenas uma etapa do desenvolvimento de nossa espiritualidade.

São muitos os aspectos a desenvolver. Tanto em cada um de nós; bem como na sociedade como um todo. Quer miremos o nosso pais, quer nosso foco seja a humanidade.

A Solidatriedade Humana é uma das coisas capazes de trazer o maior progresso a todos os homens e a todas as nações do Planeta Terra.


Paulo Cesar Fernandes.

02/05/2016.

terça-feira, 19 de abril de 2016

20160419 O Pensar

O Pensar.


Pensar sereno, não lento a ponto de não desenvolver, e nem tão rápido a ponto de se tornar um moto-contínuo.

Sim. Aquele pensamento recorrente. Rodando e rodando na cabeça; 

Tirando o sono da gente, de maldade mesmo. Esse pensamento não quero mais para mim. Faz alguns anos me vi livre dele e não sinto saudade nenhuma.


Pensar assim. Como estou eu agora. Eu e este texto. Interagindo com serenidade e quase carinho entre nós. Pelo menos de minha parte o carinho eu verifico.


Um pensar assim. A isso podemos chamar, de alguma forma: espiritualidade.


Lembrando sempre que espiritualidade é muito mais ampla que as religiões todas. Espiritualidade é oposta à materialidade dominante em nosso tempo.


Quando você estuda o balanceamento de uma fórmula de química; ou um texto de algum filósofo ou teórico de alguma área, forçosamente está nesse campo que chamo espiritualidade.


Duvido que ao se debruçar sobre um texto de Heidegger por exemplo, o ódio possa tomar seu coração. Você está em outro Universo. Você, pensamento navega por um outro mar, onde a materialidade não tem espaço de penetração.


Ou quando estamos em oração. Não consigo pensar em alguém orando com ódio a alguém. Que oração seria essa?


Somos Pensamento. E nos projetamos no mundo através do nosso pensar, das elaborações mentais.


Essa é a vida; melhor dizendo A Vida.


Paulo Cesar Fernandes.

19/04/2016

sábado, 9 de abril de 2016

20160409 Destruição dos seres vivos

REVISTA ESPIRITA


JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS


8o ANO NO. 4 ABRIL 1865




DESTRUIÇÃO DOS SERES VIVOS UNS PELOS OUTROS.









A destruição recíproca dos seres vivos é uma das leis da Natureza que, à primeira vista, parece o menos se conciliar com a bondade de Deus. Pergunta-se por que lhes fez uma necessidade de se entre-destruírem para se nutrirem às expensas uns dos outros.


Para aquele que não vê senão a matéria, que limita sua visão à vida presente, isto parece, com efeito, uma imperfeição na obra divina; de onde esta conclusão que disso tiram os incrédulos, de que Deus não sendo perfeito, não há Deus. É que julgam a perfeição de Deus do seu ponto de vista; seu próprio julgamento é a medida de sua
sabedoria, e pensam que Deus não poderia fazer melhor do que eles mesmos o fariam.


Sua curta visão não lhes permitindo julgar o conjunto, não compreendem que um bem real pode sair de um mal aparente. Somente o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua essência verdadeira, e da grande lei de unidade que constitui a
harmonia da criação, podem dar ao homem a chave desse mistério, e mostrar-lhe a sabedoria providencial e a harmonia precisamente aí onde não via senão uma anomalia e uma contradição. Ocorre com esta verdade, como em uma multidão de outras; o homem
não estará apto a sondar certas profundezas senão quando seu Espírito tiver chegado a um grau suficiente de maturidade.


A verdadeira vida, tanto do animal quanto a do homem, não está mais no envoltório corpóreo que dela não é senão o vestuário; ela está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. 


Este princípio tem necessidade do corpo para se desenvolver pelo
trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta; o corpo se desgasta nesse trabalho, mas o Espírito não se gasta, ao contrário: sai dele cada vez mais forte, mais lúcido e mais capaz. Que importa, pois, que o Espírito mude mais ou menos vezes de envoltório; com isso não é menos Espírito; é absolutamente como se um homem renovasse cem vezes seu vestuário no ano, com isso não seria menos o mesmo homem. Pelo espetáculo incessante da destruição, Deus ensina aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material, e suscita entre eles a idéia da vida espiritual em lhes fazendo desejá-la como uma compensação.


Deus, dir-se-á, poderia chegar ao mesmo resultado por outros meios, e sem constranger os seres vivos a se entre-destruírem? Bem audacioso aquele que pretendesse penetrar os desígnios de Deus! 


Se tudo é sabedoria em sua obra, devemos supor que essa sabedoria não deva mais fazer falta sobre esse ponto do que sobre os outros; se não o compreendemos, é preciso atribuí-lo ao nosso pouco adiantamento. No entanto, podemos tentar procurar-lhe a razão, tomando por bússola este princípio: Deus deve ser infinitamente justo e sábio] procuremos, pois, em tudo sua justiça e sua
sabedoria.


Uma primeira utilidade que se apresenta dessa destruição, utilidade puramente física, é verdade, é esta: os corpos orgânicos não se mantêm senão com ajuda das matérias orgânicas, só essas matérias contendo os elementos nutritivos necessários à sua transformação. 


Os corpos, instrumentos de ação do princípio inteligente, tendo
necessidade de serem incessantemente renovados, a Providência os faz servir à sua manutenção mútua; é por isso que os seres se nutrem uns dos outros; quer dizer que o corpo se nutre do corpo, mas o Espírito não é nem destruído, nem alterado; ele não é
senão despojado de seu envoltório.


Além disso há considerações morais de uma ordem mais elevada.


A luta é necessária ao desenvolvimento do Espírito; é na luta que ele exerce suas faculdades. Aquele que ataca para ter seu alimento, e aquele que se defende para conservar sua vida, se rivalizam em astúcia e em inteligência, e aumentam, por isso mesmo, suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe; mas o que é que o mais forte ou
o mais hábil tirou ao mais fraco em realidade? Sua veste de carne, não outra coisa; o Espírito, que não está morto, retomará um outro corpo mais tarde.


Nos seres inferiores da criação, naqueles em que o senso moral não existe, em que a inteligência não está ainda senão no estado de instinto, a luta não poderia ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material; ora, uma das necessidades materiais mais imperiosas é a da nutrição; eles lutam, pois, unicamente para viver, quer dizer, para tomar ou defender uma presa, porque não poderiam estar estimulados por um móvel mais elevado. É neste primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida. Quando ela alcança o grau de maturidade necessária para sua transformação, recebe de Deus novas faculdades: o livre arbítrio e o senso moral, centelha divina em uma palavra, que dão um novo curso às suas idéias, dotam-na de novas aptidões e de novas percepções.


Mas as novas faculdades morais das quais está dotada não se desenvolvem senão gradualmente, porque nada é brusco na Natureza; há um período de transição em que o homem se distingue com dificuldade do animal; nessas primeiras idades, o instinto animal domina, e a luta tem ainda por móvel a satisfação das necessidades materiais; mais tarde, o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam; o homem então luta, não mais para se nutrir, mas para satisfazer sua ambição, seu orgulho, a necessidade de dominar: por isto, lhe é necessário ainda destruir. Mas, à medida que o senso moral domina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; acaba mesmo por se apagar e por se tornar odiosa: o homem tem horror ao sangue. No entanto,
a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, porque mesmo chegado a este ponto, que nos parece culminante, está longe de ser perfeito; não é senão ao preço de sua atividade que ele adquire conhecimentos, experiência, e que se despoja dos
últimos vestígios da animalidade; mas então a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual; o homem luta contra as dificuldades e não mais contra os seus semelhantes.

===

Visão espírita da necessidade de destruição dos seres vivos.

Pode até ser assim, mas que eu sofro muito ao ver as imbecilidades das guerras é uma verdade sem contradita.

É horrível, é insano um homem matar um outro homem.

Pense nisso com mais profundidade. Se pense com uma arma na mão na sua janela, ou na sua sacada. Ou mesmo com uma arma no porta-luvas do seu carro.

Não lhe arrepia a ideia?

Acho que alguns passos já demos.


Paulo Cesar Fernandes.

09/04/2016.



sábado, 2 de abril de 2016

20160402 Tempo em Revista

Tempo em Revista






Estou em 1865 e devo chegar a 1869 na leitura da Revista Espírita de Allan Kardec.


Esta é uma atividade sempre tentada por mim para fazer em grupo de estudo, e sempre com maus resultados.


Mas hoje compreendo ser uma tarefa a ser realizada de forma individual. Pois cada um tem o seu tempo de leitura e mesmo a sua compreensão muito própria.


Certamente as críticas por mim pensadas a determinados textos presentes na obra seriam mal interpretadas. Melhor que as guarde para mim.


É uma leitura instigante, principalmente quando Kardec fala de suas certezas do Futuro do Espiritismo. Certezas infelizmente não concretizadas pela avalanche do materialismo do século XX e início do XXI.


Triste é sentir o sonho de Allan Kardec em seus textos e ver nosso Planeta Terra tão engalfinhado em Lutas Fraticidas.


Não. O espiritismo não vingou, embora suas sementes tenham sido as de melhor qualidade possível. O tempo atual, previsto para ser o da influenciação social pelo espiritismo, nada tem dessa forma de pensar. A Solidariedade prevista por Kardec ainda é sonho distante. O que temos é a ira irracional; a vigência do ódio dentro e fora 
das fronteiras diversas; o que temos é a irracionalidade.


Resgato aqui o "poema" do Professor Herculano Pires onde preconiza as distorções da visão do Reino em algumas das alternativas da humanidade. Em determinado momento nos diz ele ser o reino do bem uma semente a ser cultivada no coração de cada indivíduo.


Quando leio livros de Alain Renault, preconizando nosso tempo como a "Era do Indivíduo" me surge em mente a possibilidade do atual individualismo ser uma porta de entrada para a instalação do Reino da Solidariedade e da Paz na relação entre todos os homens. Tendo como sede maior o coração de cada um de nós.  





É bem provável que, pautado em Kardec, Herculano Pires tenha nos trazido a fórmula de construção de novas individualidades; novas formas de pensar; agir e sentir a relação com nossos semelhantes.


Sempre haverá luz, se pensarmos o mundo com positividade; e mais, se estivermos dispostos a deixar para trás muitos dos velhos hábitos e ilusões.


Paulo Cesar Fernandes.

02/04/2016.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

20160401 Jornada

Jornada


Do Ser (protoespírito) criado simples e ignorante ao Ser pleno no conhecimento das Leis Naturais, cujo pensar se faz sempre sábio, há uma larga escala de seres.

Estamos em algum ponto dessa escalada.
Já estivemos muito para trás; e poderemos cada dia promover um certo avanço.

NADA é estático nos universos. 

Em todos os lugares o Movimento é a Lei Maior.

Essa é uma visão esperançosa da existência. Amplia nossas possibilidades. Acaba com aquele negócio de pecado; de buscar nos fazer menores a cada momento, com o objetivo de nos dominar. Cai por terra tudo isso.

Somos algo! 

E cada dia algo melhor, e mais útil ao conjunto geral da Vida Universal. Não mais somos da Terra apenas. Somos dos possíveis universos apresentados a todos nós pela ciência da Academia. Não das ciências ocultas; ou dos místicos de toda sorte.

Não. A Academia se pronunciou afirmando a Existência de Diversos Universos. Não deu ainda maiores detalhes mas está aberta a porteira por onde vão passar outras tantas verdades.

Comentando com alguns amigos, dizia que de nossa parte cabe olhar o futuro com muita energia positiva, com muita esperança. Mais que esperança, carregar a Certeza num futuro muito melhor, para todo aquele capaz de apostar em sua progressão intelectual e moral.

Por que motivo coloco antes o intelectual? - algum pode estar perguntando. 

Pelo simples fato do aspecto intelectual ser indutor do progresso moral.

Basta olhar a vida dos grandes cientistas; dos grandes filósofos da humanidade. A Eticidade é, de uma forma ou de outra, a sua principal preocupação.

E nós, no nosso ponto da escalada, devemos estar felizes pelo patamar de compreensão da vida onde já chegamos. 

E mais progrediremos segundo nosso esforço e nossa "Tomada de Consciência"; expressão cunhada pelo Professor Herculano Pires, capaz de definir claramente o ponto de inflexão da vida de um Ser. 

Num momento se deixa viver ao sabor das ondas; e em outro é capaz de tomar para si as rédeas de sua existência. 


Pensando a Existência já nessa caracterização mais ampla: do simples e ignorante ao Ser capaz de estar integrado às Leis Naturais.

Somos almas; seres; espíritos; pensamentos em continua progressão. Inevitavelmente. Dessa forma...

Boa Jornada!

Paulo Cesar Fernandes.

01/04/2016.

quinta-feira, 24 de março de 2016

20160324 Coração de luz e sombra

Coração de luz e sombra.


Assim somos todos.

E quando estamos iluminados?

Nos momentos de amor por nossos semelhantes. Essa emoção pura e cristalina jorrando de nós como se fossemos uma turbina de energia pura.


E tu me dizes: esses momentos não existem.

Mas eu te respondo que são raros, muito raros mesmo. Mas na medida em que formos cultivando mais e mais nossos pensamentos, formos tratando o pensar como se fosse uma Obra de Arte sob nossa responsabilidade, será mais fácil a ocorrência de um momento assim.


São poucas vezes na vida uma ocorrência dessas. Mas se formos mais e mais vigilantes quanto aos pensamentos, o lapso de tempo entre um evento superior e outro será menor.


Tudo está em nossas mãos. 


Tudo está sob nossa responsabilidade. 


A busca do Bem não pode ser feita por outra pessoa senão nós mesmos. Somos os donos e senhores dos nossos destinos. E ponto final!


Quebram a cara todos os homens e mulheres capazes de crer na FELICIDADE fora de si. 

Isso não existe!


E quanto à sombra?

Sabe aquele momento da cinza nuvem ao redor de nossa cabeça? 

Onde os pensamentos rodam e rodam nessa nuvem, e nunca chegam a lugar nenhum? 

Quando tudo e todos nos parecem inimigos e passíveis de tomar uma bela surra?

Isso é a sombra. 

E se houver ódio a sombra fica mais densa ainda, e mais difícil para cada um de nós dela nos ver livres.


Nós todos somos pensamento.

Somos pensamento de luz; e somos pensamento sombrio.

E transitamos entre esses dois extremos segundo nossa vontade e disposição.


A Felicidade está no Bem; na Luz; na Solidariedade; na Alegria; na Justiça e na Paz.


"Verificai se os espíritos são de Deus." disse Paulo de Tarso.


Se somos pensamentos, atraímos pensamentos semelhantes a nós.

A Luz ou a Sombra é sempre uma escolha de cada um de nós.


Razão e sentimento determinam nossa jornada.


Somos INEVITAVELMENTE LIVRES para todas as escolhas.

Boa Sorte!



Paulo Cesar Fernandes.