Meu corpo
É ele, feio ou bonito capaz de me permitir a manifestação.
Como seriam expressas minhas ideias sem ele?
Como escrever meus textos, e meus poemas, se meus pais não me tivessem dado a oportunidade de aqui estar. Em carne e osso. (Risos)
Hoje com mais carne pois a idade me trouxe a gordura.
Grato? Claro que sim, é ele o instrumento do qual me servi para o prazer das sensações todas vivenciadas; e muito mais, através dele muitos conhecimentos me habitam hoje, e mais hão de me habitar pelos anos vindouros. Pois espero nunca perder esse desejo de mais conhecer, e ir agregando outras potencialidades a cada novo período.
Espírito. Sou portador de infindas possibilidades, usar o corpo ao seu limite é um bom uso. Um dever até.
Imortalista. Não temo a morte, nem um pouco. Por outro lado, não tenho a menor pressa. Cá estou, e vou bem por aqui.
Evidentemente, à medida da passagem do tempo, meus encontros com os facultativos (médicos) das mais diversas especialidades deverão ser mais frequentes.
Brincava com uma atendente, sobre a natureza dos meus passeios futuros. Variarão entre meus familiares, consultórios e institutos de análises clínicas.
Rimos bem. Mas é um fato. Mesmo com o acompanhamento de um bom geriatra. As caminhadas longas. A alimentação mais cuidada. A busca do equilíbrio psíquico, evitando contrariedades e lugares desagradáveis. Nada disso impedirá o processo natural da vida.
No ponto em que estou, tenho muito a agradecer.
Me sinto num dos mais interessantes momentos desta minha existência terrena. E olho o passado com alegria. Vivi sempre de acordo com minhas emoções e convicções. Nunca me traí por conveniência, ou para obter vantagem qualquer.
Vivi segundo o lema de minha avó, a quem agradeço. Uma mulher sem acesso aos bens culturais que me bafejam, mas capaz de muito me ensinar, na sua simples dignidade. Dizia ela: "O que é certo é certo."
Posso ter errado muitas vezes, e ainda erro por intransigência.
Roubo ao que é do povo. A torpe falsidade das pessoas. O oportunismo. Essas coisas ainda me revoltam o estômago, mas venho lidando para não mais me ver ferido por essas coisas. Afinal não posso ser juiz de ninguém. Não vou eu atirar a primeira pedra. Não mesmo.
Agradeço à Vida, e a meus pais pela oportunidade de viver. E aprender. E desenvolver a sensibilidade social. E ampliar a curiosidade epistemológica.
Sem minha mãe, e sem meu pai nada disso teria sido possível.
Recebam meu amor e minha gratidão.
Paulo Cesar Fernandes
01 07 2013