sábado, 18 de março de 2017

20170318 Hegel Razão na História Final

Hegel
Razão na História
Final




[O esclarecimento da existência através do pensamento é, ao mesmo tempo, necessariamente o surgimento de um novo princípio. O pensamento como universal é esclarecedor, mas esta solução na verdade contém o princípio anterior dentro de si, embora já não mais em sua forma original, mas transfigurada através da universalidade.] 


Assim, a vida surge da morte, mas é apenas uma vida individual. Se consideramos a espécie como sendo a matéria nessa transformação, a morte do indivíduo é um retorno da espécie à sua individualidade. A perpetuação da espécie não passa então da monótona repetição do mesmo tipo de existência. A percepção, que é a compreensão do ser através do pensamento, é a fonte e o local de nascimento de uma nova forma espiritual, mais elevada, cujo princípio é parte preservador e parte transfigurador de sua matéria. 

Aqui temos o princípio de Evolução.


O Pensamento é o universal, a espécie que é imortal e que preserva sua identidade. A forma particular do Espírito não apenas morre naturalmente no tempo, mas é anulada pela atividade automática
que se espelha da consciência. Como esta anulação é atividade do Pensamento, ela é preservação e transfiguração. Enquanto isso, por um lado, o Espírito elimina a realidade, a permanência daquilo 
que é, por outro lado, ganha desse modo a essência, o Pensamento, o universal daquilo que apenas foi (sua condição efêmera).


Seu princípio já não é mais o conteúdo e objetivo imediato que havia sido anteriormente, mas a essência daquilo.


O resultado deste processo é que o Espírito, ao objetivar-se e com isso tornando-se também objeto de seu pensamento, por um lado destrói esta sua forma determinada de ser e, por outro, apreende a 
sua universalidade. Ele nos proporciona uma nova forma para seu princípio. Com isso, o caráter substancial do espírito nacional foi alterado, seu princípio passa a ser novo e mais elevado.

Acima ele se refere ao Espírito 
de um Povo em sua evolução. 
Pois, para Hegel, assim como o espírito evoluí, 
os povos sofrem o mesmo processo 
evolutivo na sua história.

É importantíssimo para a plena compreensão da história apreender e possuir o pensamento envolvido nessa transição. 


Um indivíduo como unidade atravessa diversos estágios e continua sendo o mesmo indivíduo. O mesmo acontece com o povo, até que o seu Espírito atinja um estágio universal. Nisto consiste a necessidade interior e conceitual de sua mudança. Temos aqui a essência, a própria alma da compreensão filosófica da história.


O Espírito é essencialmente o resultado de sua própria atividade. Sua atividade é a transcendência da existência imediata, negando-a voltando para dentro de si mesmo. Podemos compará-lo à semente 
de uma planta, que é o começo e o resultado de toda a vida da planta. A impotência da vida se manifesta precisamente nesta desintegração de começo e fim. O mesmo ocorre nas vidas dos indivíduos e nas dos povos. A vida de um povo produz um fruto da maturidade. Sua atividade visa realizar o seu princípio. Mas este fruto não cai de volta no ventre que o produziu e amadureceu — pelo contrário, torna-se um veneno para esse povo. O povo não consegue abandoná-lo, pois tem uma sede insaciável dele. Tomar o veneno é a destruição do que bebe, embora seja ao mesmo tempo o surgimento de um novo princípio.


Já discutimos o objetivo final deste processo. Os princípios dos espíritos nacionais progredindo por uma necessária sucessão de fases são apenas momentos do Espírito universal, que através deles 
se eleva e se completa em uma totalidade abrangente.


Assim, enquanto estamos preocupados exclusivamente com a idéia do Espírito e levando em consideração apenas o conjunto da história do mundo como não sendo senão a sua manifestação, estamos tratando apenas do presente — por mais longo que seja o passado que estudarmos. [Não há tempo em que o Espírito não tenha estado ou não estará; ele não foi, nem ainda está por ser. Ele é eterno agora.] A Ideia está sempre presente, o Espírito é imortal. [O que é verdadeiro é eterno em si e por si, não ontem e nem amanhã, mas agora, no sentido de uma presença absoluta. Na Ideia, o que 
pode parecer estar perdido está preservado eternamente.] Isso implica que a fase atual do Espírito contém todas as fases anteriores em si. Estas na verdade se desdobraram sucessiva e separadamente, mas o Espírito ainda é o que em si sempre foi. As distinções entre essas fases não são mais que o desenvolvimento de sua natureza essencial. A vida do Espírito sempre eternamente presente é um ciclo de fases que ainda existe lado a lado mas que, em outro aspecto, parece ser passado. Os momentos que o Espírito parece haver deixado para trás, ainda possui na profundeza de seu presente.

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Quando ler universais pense em Leis Naturais. No Livro dos Espíritos vem como Lei Divina ou Natural. Como sou descrente sempre me refiro apenas como Leis Naturais.

Quem quer que tenha lido as obras de Allan Kardec com muita atenção é impossível não veja neste texto elementos das obras do Mestre Lionês.

Há trechos da leitura de Hegel que me causam riso, tal a similitude com o que habitualmente estudei desde pequeno.

Resta lembrar uma vez mais que, Georg Hegel morreu de cólera em 1831, ano em que Allan Kardec (Prof. Denizard Rivail) contava apenas com 27 anos.

Paulo Cesar Fernandes.

18/03/2017.