quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Liberdade para viver

Quem não tem medo da morte ?
Questão que pega a todos nós, cada qual por seu motivo. O próprio reino animal, sem a possibilidade do pensamento contínuo, já apresenta tal medo em todas as espécies. Presente que está no instinto de sobrevivência.
Digo isto, para que o leitor perceba o quanto este medo é natural, o quanto este faz parte das Leis Naturais. Não é natural, no entanto, quando este medo se torna de tal forma forte que passe a ser um impeditivo à vivência plena do homem. Cabendo-lhe gerenciar tal medo e mantê-lo no patamar da naturalidade, o único aceitável.
Tal temor tinha justificativa, quando nossa educação se baseava na idéia de um céu ou de um inferno. Quando as concepções religiosas buscavam estabelecer como pecado tudo aquilo que faz parte da natureza humana. O homem vivia, e nessa vivência agia naturalmente como não poderia deixar de ser. Sendo essa naturalidade atacada pelas religiões o homem se via diante de diversos dramas de consciência.

Na Idade Média a salvação do homem apenas se daria através da fé. O homem era refém da Igreja a quem servia sob a égide do pavor. Ao homem cabiam apenas duas alternativas : o se deixava levar pelo medo do futuro, negando-se a viver; ou negava a continuidade da vida, aderindo ao ateísmo e ao materialismo, como filosofia de vida.

Quantos sofrimentos não teriam sido evitados se naquela época, as época medieval já tivessem vindo a lume os conceitos libertadores do Espiritismo?
À medida em que a civilização avança no entanto, se ampliam as concepções, e o espaço para a divulgação da idéia de pecado passa a ser exíguo, beirando o limite do ridículo, hilário. Algo não digno de atenção, pois tal discurso ignora os anseios mais profundos do espírito: a busca de uma vivência plena aliada à sua necessidade de transcendência.
As religiões, ao se aliarem ao poder temporal acabaram por deixar de lado sua maior tarefa como condutoras de almas. O medo não conduz, emperra caminhos.
O Espiritismo bem compreendido, e os desdobramentos éticos de tal compreensão, acaba por cumprir o papel de condutor de almas, não naquela ótica de uma verdade pronta e definitiva, porém como um conjunto de idéias que implicam numa revisão de nossa conduta, reorientando nossa prática no sentido da libertação.

A liberdade amplia nosso senso de justiça, implicando num deslocamento dos nossos focos de interesses para um melhor trato com os nossos semelhantes, com a sociedade e principalmente conosco mesmos.
As informações trazidas pelos espíritos a Kardec são um grande incentivo, porém o movimento real é de dentro para fora, é algo fortemente estruturado numa decisão interior. Decisão de se orientar segundo a construção de sua própria racionalidade. Abolindo o pensamento alheio como condutor de nossas existências.

É de Jesus que “se um cego orienta outro cego, caem os dois no abismo”.

Os pensadores são muitos, as idéias variadas, pobre daquele que elege outra pessoa para gerenciar o fluxo dos conceitos norteadores da sua existência. Será criança intelectual. Incompetente de se autogerir.

“Pensar pela própria cabeça” segundo Giorgio Gaber, grande cantor e autor italiano, essa é a fúrmula dada a todos nós, isto para que não tenhamos medo ou preguiça para ser autônomo e principalmente livre.

Todos buscam a felicidade. Mas ninguém estabelece um caminho para chegar a essa meta tão almejada.
Venho estabelecendo uma trilogia que me parece adequada a essa trajetória:

Liberdade »» Criatividade »» Felicidade

Liberdade:

A primeira etapa é a mais difícil. Todo o contexto social nos leva a tolher nossa liberdade. A família castra. Todas elas, de uma forma ou de outra acabam castrando o espírito em formação, até porque não capazes em sua grande maioria de perceber as qualidades e as características do reencarnante. Poeta? Cientista? Marceneiro, um artista em seu mister?
Não.
Médico. Advogado. Cirurgião Dentista. Veterinário. Fecham o ciclo de possibilidades ao espírito.

_ Ator? Músico? Voce está maluco. Devem ser essas suas companhias. Só me faltava ser bailarino.
_ Mas no Curso de Teatro temos aulas de Ballet para soltar o corpo...
O pai inculto sai bufando sala afora.

Criatividade:

Absolutamente toda atividade permite ao homem a possibilidade de se perguntar alguma vez na vida:
_ Será que eu preciso fazer isto sempre desta forma? Deve ter um outro jeito de ordenar esta rotina que me poupe trabalho e me traga maior prazer. Mesmo no âmbito de uma biblioteca onde algumas rotinas já se desenvolveram.

Pensando... Pensando... Pensando... Voila!!!

E algo é rerotinizado. Quando o grupo é coeso e minimamente inteligente, todos se alegram com a modificação criativa.
A grande questão é não ter preguiça e sempre se perguntar: “E se eu fizesse diferente? O que de novo sou capaz de pensar? Os norte-americanos se valem de uma expressão muito significativa: “And IF...?” que significa “ E se ....?”
E se eu pensar diferente? E se eu viver diferente? E se eu me despojar de todas as convenções sociais e mergulhar fundo no universo da plena liberdade?


Felicidade:

É decorrência natural dos dois itens anteriores.

Usei a profissão como exemplo mas em todos os aspectos da existência humana a liberdade pode ser nossa condutora.
Em certo sonho uma moça de lindo rosto, talhado de maturidade me conduzia por caminhos por mim desconhecidos.
Em principio pensei na possibilidade dela representar minha incapacidade de compreensão da mulher. Mas isso não se coadunava com a sensação de alegria e plenitude encontradas ao final do caminho.

Agora compreendo que aquela bela moça meiga, porém madura era a personificação da liberdade que só muito recentemente incorporei em minha existência.

Sem religião, sem gurus, sem pensadores que pensem por mim, contando com quase ninguém para compartilhar conhecimentos, mas como diz Wolfgang Ambroz no título de seu LP “Abandonado, mas livre!”.

Assim é, pois nossa liberdade incomoda as pessoas.

Paulo Cesar Fernandes
16/08/2011

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Perdão

"Perdoa nossas dividas assim como tivermos perdoado aos nossos devedores".

Nada mais justo.
Como a Lei Natural poderia, dentro de sua Sabedoria e Justiça ter desenvolvimento diferente desse.
Ainda erramos.
Somos intransigentes.
Críticos em demasia.
E acabamos por gerar antipatia e até construindo inimizades.
Sou assim e outros tantos também o serão, talvez.
Como advogar para nós uma atitude ainda incapazes de proporcionar a nossos semelhantes?
Equívoco pautado no egoísmo.
O correto é que à medida em que formos relevando, e logo em seguida esquecendo eventuais atitudes más para conosco, esse mesmo esquecimento se processe em relação aos nossos pensamentos e atos tidos para com nossos semelhantes.
Dessa forma ocorre o equilíbrio entre o recebido e o doado, na contabilidade da existência.
Pois tudo isso pode ocorrer no ambito do universo material, bem como na interrelação entre os dois planos existenciais.
Costumo chamar de o "Lado de Cá" do Muro de Berlim; e o "Lado de Lá" desse mesmo muro.
Em que pese a comunicação com os espiritos na imaterialidade ser bem mais difícil. É um telefone do lado de lá para o de cá apenas.
Já um berro, antes de 1989, ultrapassava o verdadeiro Muro de Berlim podendo chegar ao ouvinte do outro lado.
Mesmo esse povo tão sofrido, tem se valido do perdão, de parte a parte, para a possível Unificação Alemã, sem dores e sem feridas não cicatrizadas.
Quem sabe nós, com nosso perdão, não venhamos nos projetar num futuro mais feliz e de vivência melhor. É essa a minha perspectiva para chegar a uma Liberdade mais plena ainda.

Paulo Cesar Fernandes

07/08/2012

domingo, 5 de agosto de 2012

Reflexão 05 08 2012 - Fé cega, faca amolada...

AMA E SERVE - Emmanuel


A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo servir.
Sem atividade incessante no bem, não conseguiremos derramar os
valores do coração.
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Duas verdades incontestáveis. Amar é servir primordialmente, seja no espectro amplo de toda a humanidade. Seja no seio do Lar, onde depositamos o que de melhor temos, para compartilhar com nossos familiares. Nesse ambiente se dão as mais belas trocas de energia e emoções.

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A própria natureza é um livro aberto nesse sentido.
Tudo, em torno de nós, é um cântico de trabalho em doações da
Eterna Bondade que se evidencia no mundo, de mil modos diferentes em cada instante de nossa vida...
Por amar, em nome do Pai Misericordioso,
serve o sol, sustentando todas as criaturas;
serve o chão, nutrindo a sementeira;
serve a nuvem, criando a chuva benéfica;
serve o vento, a serviço de abençoadas fecundações;
serve a árvore, para que o bem-estar do homem se consolide;
serve a flor, preparando a colheita;
serve a fonte, socorrendo a terra necessitada;

serve a pedra, garantindo a segurança do lar;
serve o pássaro, cooperando com o lavrador;
serve o mar, serve o rio, serve o adubo, serve o fogo...


Forças de Deus amparando a Humanidade ajudam em silêncio, sem
retribuição e sem queixa...
Tudo porque o Divino Amor é devotamento, carinho, providência,
abnegação...
Se desejas partilhar o concerto das bênçãos divinas, ama e serve,
sem cogitar de ser amado e sem a expectação de ver-se servido...
Quem ama realmente nada pede, nada reclama, nada exige e nada
procura senão a alegria do objeto amado, para que o amor se
estenda, a multiplicar-se, soberano e sem fim.
Enquanto esperas o manto ilusório das considerações humanas, teu
amor sofre a vizinhança da vaidade.
Enquanto aguardas a compreensão dos outros, o teu amor
experimenta a inquietante aproximação do egoísmo...


Ama simplesmente.
Ajuda sem paga.
Dá sem reclamação.
Auxilia sem exigência.
E, servindo cada vez mais, serás um dia surpreendido, em pleno
campo de trabalho, pelo Divino Servidor que te converterá com a sua luz em nova luz para a Terra e para os Céus.

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Reflitamos...

Com todo respeito que nosso amigo espiritual me merece, não consigo acatar calado todas as suas idéias. Me reservo o direito de contestá-las. No tocante a Deus, eu não creio nele pois não tenho crenças. E muito menos fé, uma vez ser a fé a negação da Razão. "Fé cega, faca amolada..." disse Toninho Horta, companheiro de Milton Nascimento, em uma das suas canções.

Dessa forma, cai por terra de uma vez por todas, a questão da "Fé raciocinada". Um contrasenso.

Quanto a mim?

Tenho idéias diretrizes de minha conduta na existência.

Mas gosto muito das comparações de Emmanuel com os elementos da natureza. Certa poética e beleza se fazem presentes em tais comparações. Com ele aprendi. E eventualmente uso em meus textos. Outras vezes, se vale este dos avanços da inteligência humana, para nos mostrar caminhos a seguir como verdades inquestionáveis.

Honorável intenção, e de grande utilidade a muitas pessoas desde sua publicação até os dias atuais. Fato inegável!

Se ele parte do principio que estamos todos errados, e acreditamos estar corretos em nossas escolhas existênciais, devemos levar em consideração a concepção de pecado, ainda nele enraizada na década de setenta quando "Instrumentos do Tempo" foi escrito.

O mundo avança. E todo mundo avança junto.

Assim como muitos de nós, tivemos a possibilidade e o esforço dispendido para angariar progressos intelectuais; os espiritos, por certo, também andaram estudando mais, e revendo posições.

Herculano Pires por exemplo, não consigo conceber uma inteligência daquelas a se manter presa num mesmo conjunto de idéias. Ainda mais ele, com sua visão, estou seguro de suas novas perspectivas no que diz respeito à Teoria Espirita. Uma forma de pensar mais aberta a outras possibilidades. O questionamento de pontos de Kardec possível apenas a seu cabedal intelectual espirita e filosófico.

De nossa parte. Eu e outros pequenos, se tomarmos a Razão como base da jornada, e a afetividade por complemento indispensável, estaremos aptos a contribuir de alguma forma para o avanço das idéias neste planeta onde fomos chamados a servir.

Afinal foi esse o tema trazido por Emmanuel: servir.

Paulo Cesar Fernandes

05/08/2012