quarta-feira, 23 de abril de 2014

20140423 Fitas do Ateismo_Daniel Dennett

Fitas do Ateismo
Daniel Dennett


Obra: A perigosa ideia de Darwin :
          a evolução e os significados da vida.





Fonte: Vídeo tirado do YouTube e transcrito por Fernap

"Embora não tenha feito pesquisas mais profundas posso dizer que Darwin abriu as portas para o cepticismo ou para o ateísmo."
"Antes de Darwin a única resposta para a vida era a Criação Divina."



Cérebro  x  Mente     ou     Alma  x  Corpo
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"Enquanto Descartes manteve a ideia de uma alma imaterial, Darwin a negava.
Wallace por sua vez disse que a Seleção Natural incluia tudo, menos a alma imaterial."


Wallace disse: "Não devemos abrir uma exceção para a mente humana."


A respeito disso Darwin lhe respondeu dizendo: "Voce matou nosso filho."



Para Dennett "nós temos uma alma, mas ela é mecânica. Devemos esquecer o fascínio natural de termos uma alma.
Isto é válido como consolação a um pai ao perder um filho.
Creio que a origem da ideia de alma imaterial sobrevivendo à morte esteja ligada ao fato do objetivo de nossa alma vivente, de nosso cérebro seja projetar o futuro, prever o futuro, ter esperanças sobre o futuro. E esses projetos, planos, expectattivas fazem aquilo que somos.
Essa tendência a se projetar no futuro não a podemos desativar."




Corpo Material  x  Projetos e PLanos
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"As pessoas se enganam quando pensam a alma como uma coisa semimaterial, uma espécie de holograma. Eles sabem que não é verdade.
Sabem ser difícil imaginar alma sem corpo. Mas não há mal pensarem em pessoas sentadas em núvens e tocando harpas."




A fé de Dennett
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Quando vc se tornou ateu?

Houve um momento do desenvolvimento da sua descrença?


"Fui educado numa fé suburbana protestante da Nova Inglaterra, que não tem nenhum credo, mas tem hinos e cerimônias.
Fiz catecismo, li a Bíblia em ordem Gênesis, Exodo, etc. Mas nem de longe tive severa educação religiosa.
Era interessado nisso, intelectualmente, filosóficamente.
Era adolescente quando comecei a perceber ser apenas interesse acadêmico.
Eu não acreditava em nada. Era apenas parte de uma tradição. Seria ofensivo por em dúvida algo assim.
Acho que a maior parte das pessoas diz crer em deus, mas na verdade acreditam na Fé em Deus.
As pessoas que acreditam na Fé em Deus vão à Igreja, cantam hinos, etc.
As pessoas que realmente crêm em Deus fazem loucuras por isso. Inclusive pondo a vida em risco por Deus, habitualmente."




E quanto à Fé Religiosa?


"Tenho pensado nisso e talvez fosse melhor ser rudes a respeito da fé religiosa.
Se olharmos o nosso mundo eu diria que os maiores perigos e danos derivam da fé religiosa.
Não há necessidade de dizer nossas descrenças às pessoas, da mesma forma não ser necessário dizer a um gordo que ele é gordo; a um feio que ele é feio; etc.
Seria perverso. Mesmo que seja verdadeira nossa posição, é bom observar os limites disso tudo.
Se o Cristianismo fosse minoria no mundo, talvez não fosse tão respeitado. Mas veja a arte cristã, a música cristã. É difícil ser rude.
Tive uma disputa amigável com Richard Dawkins a respeito disso.
Eu disse: 'Richard concordo contigo completamente, mas não creio que queira ferir sentimentos. Por que quer ferir as pessoas?'
Pensei que ele não tivesse uma boa resposta e pensei que eu talvez devesse ferir mais os sentimentos das pessoas.
Talvez devessemos reverter a situação e nos colocar como os rudes, malvados.
Talvez o que a América precise é de liberais autênticos fazendo uma grande barulheira para abrir caminhos.
Mudando o centro efetivo das coisas."




Como se sentiria em escrever um livro atacando as religiões da mesma forma que as religiões nos atacam?


"Eu adoraria. Mas o que se teme é o que vem depois. Quanta confusão?
Quão certas estão as pessoas da necessidade da religião para a civilização e para os bons sentimentos.
Muitas pessoas precisam de um sentido para a vida. Se lhes tirarmos a religião de onde lhes virá?"

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Vejo esta entrevista, em primeiro lugar como uma peça de muita sensibilidade.

Sendo este diálogo uma arma contra os materialistas. Para combater uma coisa necessário é bem a conhecermos.

De onde tiraremos seus pontos de fragilidade sem tal conhecimento?


Mas, em minha visão, os materialistas mais perigosos estão por aí dentro das Igrejas; Centros Espíritas; Centros de Umbanda; Sinagogas; Templos Protestantes; etc.


O materialismo de Dennett e seu interlocutor é um materialismo intelectual, de postura filosófica.


O materialismo verdadeiramente pernicioso é o da estrutura vivencial de cada um de nós. É esse que nos leva a competir; a buscar o Poder a qualquer custo; a desprezar preceitos éticos; a invejar o sucesso do semelhante; e promover guerras e disputas internas; etc.


Nos discursos somos os tais. Mas a nossa práxis nem sempre é condizente com o dito. Uma contradição inaceitável neste período de transição histórica da nossa pós-modernidade.


Deixamos o continente conhecido da Modernidade e da subjetividade para trás; e agora navegamos num mar incerto com diversos nomes e ainda não vislumbramos a nova terra na qual aportaremos.


Nestes momentos de transição, a eleição de valores claramente definidos é um elemento de segurança e orientação. O espiritismo traz em seu arcabouço teórico elementos capazes de nos orientar e conduzir dentro das brumas da incerteza predominante no mundo atual.


Penso em valores como a solidariedade sincera; a busca de um mundo de paz, de justiça; jamais permitindo a presença do ódio em nosso coração.


Evidentemente os escorregões serão inevitáveis.


Mas quando falo ódio penso naquele sentimento intermitente e desequilibrador.


Não somos feitos para isso. Não mesmo. Fomos criados para o Bem, para a Sabedoria.


E para uma apreensão cada vez mais profunda das Leis Naturais.



Paulo Cesar Fernandes

23 04 2014


P.S.: Quando vejo alguma referência a Wallace lembro de nosso companheiro José Rodrigues. Jornalista que muito me ajudou nos meus artigos para o Jornal "Espiritismo e Unificação", ainda antes de meu curso de jornalismo. Com sua calma, com seu jeito manso, me dizia da melhor forma de dizer as coisas.

José escreveu um texto muito legal sobre Wallace pontificando um valor igual entre ele e Darwin.


Onde quer se encontre nosso Zé, receba meu abraço saudoso.