quinta-feira, 21 de novembro de 2013

20131122 Kardecismo Catolico Religioso

Kardecismo Católico Religioso


Tenho visto grupos cujo foco é o espiritismo.


Tudo que se possa fazer um benefício do homem neste momento das incertezas é valido.


Porém creio ser mais útil se o pensamento for progressista, levar o homem a focar em sua razão como propunha Kardec. E mais que tudo, libertar o homem das seculares amarras que o ataram a pensamentos diminuidores da divindade dentro de si.



Não falo em Deus dentro do homem. Mas do Homem como um verdadeiro Deus, construído no processo de crescimento cultural aberto por nossa atualidade.



Nietzsche disse que Deus morreu. Mas tudo que morre renasce de alguma forma numa nova dimensão.



Aquela coisa antropomórfica e velha das religiões católicas e protestantes, e mesmo dos espiritas-católicos, aquilo não cabe mais.



O Homem transfeito em Deus é o que busca o aprimoramento, e o acúmulo de faculdades e potencialidades capazes de o tornar um ser sobre-humano, supra-homem, ou como queria Nietsche "Übermensch".



Como somos todos seres incompletos, em processo de completude, estamos todos, com maior ou menor esforço no caminho de ser algo acima do humano.



E precisamos estar acima do humano, pois a humanidade perdeu a sua dimensão interior: é humano matar seu semelhante; é humano engendrar guerras; é humano não se comover com a fome; não dar a mínima com o homem que dorme ao relento; é humano fazer morrer a sensibilidade dentro de si, para obter os efêmeros louros financeiros ou de poder.



O termo humano não cabe mais aos militantes da Justiça e do Amor Maior. Da Paz e da Igualdade sobre a Face da Terra.



Não. Não quero ser humano. Prefiro estar contra tudo isso e estar bem ao lado de Friedrich Nietzsche, sempre incompreendido e maltratado pelos incultos de todas as concepções religiosas. Gente que o odeia sem sequer se dar ao trabalho de lhe conhecer um pouco da vida e da obra.



E o ódio nunca foi, e nunca será bom conselheiro de nossa jornada evolutiva. Se situa entre as coisas a excluir, ou deletar do nosso coração, usando uma linguagem informática.


Algo possível e necessário.


Paulo Cesar Fernandes

22  11  2013

20131121 Revista Espirita 1858 Final

Revista Espirita 1858 Final


Em mais esta tarde de estudo, finalizando o ano de 1858 da Revista Espírita me veio uma alegria muito grande. Até mesmo por imaginar a emoção de Kardec ao ver uma etapa finda da grande tarefa a seu cuidado, sob sua responsabilidade. 

Desde a juventude fiz algumas tentativas de um estudo sistemático dessa publicação, sem sucesso. Na primeira reunião uma dúzia de
membros na segunda rareava, até que me via com mais um ou só.

Não compreendia eu, naquela ocasião, ser tal obra para um estudo solitário e constante. Em verdade é uma conversa, um diálogo com o pensamento de Allan Kardec, algo capaz de permitir uma absorção mais profunda de seu modo de pensar e sua maneira de tratar os fatos espíritas.

É com alegria que caminho amanhã para o ano de 1859, mas não sem antes dizer do valor da mensagem final de Kardec no ano de
1858. Uma mensagem mais profunda que uma despedida de um ano de atividade, mas um chamamento a todos nós ligados ao
pensar espírita, traçando-nos um rumo, um roteiro, bem ao jeito dele com firmeza e claramente.

Resta-nos apenas apreender e cumprir tal qual nos é sugerido.


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Aos leitores da Revista Espírita
Conclusão do ano de 1858
 
 
Revista Espírita, dezembro de 1858


A Revista Espírita acaba de completar seu primeiro ano, e estamos felizes em anunciar que, doravante, sua existência estando
assegurada pelo número de seus assinantes, que aumentam a cada dia, prosseguirá o curso de suas publicações. Os testemunhos de
simpatia que recebemos de todas as partes, o sufrágio dos homens mais eminentes, pelo seu saber e pela sua posição social, são para nós um poderoso encorajamento na tarefa laboriosa que empreendemos; que aqueles, pois, que nos sustentaram no
cumprimento de nossa obra, recebam aqui o testemunho de toda a nossa gratidão. Se não tivéssemos encontrado nem contradições,
nem críticas, isso seria um fato inaudito nos fastos da publicidade, sobretudo quando se trata da emissão de ideias novas; mas, se
devemos nos admirar de alguma coisa, é de havê-las encontrado tão poucas em comparação com as provas de aprovação que nos foram dadas, e isso devido, sem dúvida, bem menos ao mérito do escritor que ao atrativo do assunto que tratamos, ao crédito que toma, cada dia, até nas mais altas regiões da sociedade; nós o devemos também, disso estamos convencidos, à dignidade que sempre conservamos frente a frente com os nossos adversários, deixando o público julgar entre a moderação de uma parte, e a inconveniência da outra. O Espiritismo marcha a passos de gigante no mundo inteiro; todos os dias religa alguns dissidentes pela força das coisas, e se, de nossa parte, podemos lançar alguns grãos na balança desse grande movimento que se opera, e que marcará nossa época como uma era nova, não será contundindo, chocando de frente aqueles mesmos que se quer trazer de novo; é pelo raciocínio que se faz escutar, e não por injúrias. Os Espíritos superiores que nos assistem, nos dão, a esse respeito, o preceito e o exemplo; seria indigno de uma doutrina que não prega senão o amor e a benevolência, abaixar-se até a arena do personalismo; deixamos esse papel àqueles que não a compreendem. Nada nos fará, pois, desviar da linha que seguimos, da calma e do sangue frio, que não cessaremos de considerar no exame racional de todas as questões, sabendo que por aí fazemos mais partidários sérios do Espiritismo que pelo amargor e pela acrimônia.



Na instrução que publicamos, na cabeça do nosso primeiro número, traçamos o plano que nos propúnhamos seguir: citar os fatos, mas também escrutá-los e passá-los pela escalpelo da observação; apreciá-los e deduzir-lhes as consequências. No início, toda atenção estava concentrada sobre os fenômenos materiais, que alimentaram, então, a curiosidade pública, mas a curiosidade não tem senão um tempo; uma vez satisfeita, deixa-se o seu objeto como uma criança deixa o seu brinquedo. Os Espíritos nos disseram então: "Este é o primeiro período, que passará logo para dar lugar a ideias mais elevadas; fatos novos vão se revelar que marcarão um novo, o período filosófico, e a doutrina crescerá em pouco tempo, como a criança que deixa seu berço. Não vos inquieteis com o escárnio, os escarnecedores serão escarnecidos eles mesmos, e amanhã encontrareis zelosos defensores entre os vossos mais ardorosos adversários de hoje. Deus quer que assim seja, e estamos encarregados de executar a sua vontade; a má vontade de alguns homens não prevalecerá contra ela; o orgulho daqueles que querem saber mais que ele será rebaixado."



Estamos longe, com efeito, das mesas girantes, que não divertem mais quase nada, porque se deixa de tudo; não há senão o que fala
ao nosso julgamento, do qual não se cansa, e o Espiritismo voga a plenas velas, em seu segundo período; cada um compreendeu que é toda uma ciência que se funda, toda uma filosofia, toda uma nova ordem de ideias; e era preciso seguir esse movimento, contribuir mesmo para ele, sob pena de não mais bastar à tarefa; eis porque nos esforçamos por nos mantermos nessa altura, sem nos fecharmos nos estreitos limites de um boletim anedótico.


Elevando-se à categoria de doutrina filosófica, o Espiritismo conquistou inumeráveis adeptos, mesmo entre aqueles que não foram testemunhas de nenhum fato material; é que o homem ama o que fala à sua razão, o que pode apreciar, e que encontra, na filosofia espírita, outra coisa que um passatempo, alguma coisa que preenche, nele, o vazio pungente da incerteza.


Penetrando nesse mundo extracorpóreo pelos caminhos da observação, quisemos nele fazer nossos leitores penetrarem, e fazê-lo compreenderem; cabe a eles julgarem se alcançamos nosso objetivo. Prosseguiremos, pois, em nossa tarefa durante o ano que vai começar, e que tudo anuncia dever ser fecundo.



Novos fatos, de uma ordem estranha, surgem neste momento e nos revelam novos mistérios; nós os registraremos cuidadosamente, e neles procuraremos a luz com tanta perseverança quanto no passado, porque tudo pressagia que o Espiritismo vai entrar numa
nova fase, mais grandiosa e mais sublime ainda.




ALLAN KARDEC.
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Vivemos um novo tempo de incerteza, a Modernidade se foi, e ainda não chegamos ao outro patamar de estabilidade. Nada se consolidou ainda, desde a derrocada dos velhos valores vigentes até a década de 60.


Navegamos sim no mar dos "Tempos Líquidos" de Zygmunt Bauman. E mesmo o sociólogo, não tem prontas respostas para 
apontar o futuro da humanidade. Diz tão somente ser uma Era de Transição. E como sabemos toda transição desestabiliza os espíritos.


Aqui se estabelece o espiritismo como roteiro. Não verdade absoluta. Não como única possibilidade, mas como oferta acolhedora a todos os que buscam algo com sinceridade de propósito.


A Certeza na Imortalidade é a pedra de toque para todo um novo pensar, toda uma nova perspectiva para a existência, não somente para a encarnação. Pela lógica podemos depreender a comunicabilidade e a evolução infinita. Isto já basta para uma nova forma de ver e sentir a si, bem como a todos os semelhantes dos sete mares.


Há uma irmandade entre todos os espíritos. Todos merecem iguais oportunidades de desenvolvimento e de expressão de sua individualidade. Mas antes, o direito a uma vida digna, plena, onde a Liberdade fulgure como a grande luz em seu caminho.


Paulo Cesar Fernandes

21  11  2013