terça-feira, 8 de dezembro de 2015

20151208 Frenologia e fisionomia para Hegel

Frenologia e fisionomia para Hegel


Tidas por ciência nos distantes anos de 1807 a frenologia e a fisionomia das pessoas, por essa crença, podiam definir o caráter do espírito da pessoa. Alguns podem não saber, mas a frenologia era a ciência de estudo do crânio da pessoa. Segundo os seguidores dessa crença, a estrutura craniana definia as disposições criminosas ou beneméritas das pessoas. Em outras palavras o espírito estava refletido na estrutura craniana e na fisionomia do ser humano. 


Não é sem motivo o preconceito profundo para com todas as etnias não europeias. Tudo que não fosse Europa, estava assim sob suspeição.


No livro abaixo, Hegel tem um item reservado a essas duas "ciências" na qual ele vai, pouco a pouco, em cada trecho, desconstruindo a possibilidade de alguma delas ser tomada com seriedade.


Não é de fácil leitura. Efetivamente não é um "Pato Donald" ou um "Tio Patinhas", requisita dos que a esta se dediquem um parar e reler trechos; tendo, mesmo assim, dúvidas a respeito do seu entendimento.


Nesse sentido, para não cansar o leitor. e ser verdadeiramente incisivo trouxe apenas o último trecho do item na qual a frenologia e a fisionomia são tratadas.


Advirto ser esta, a minha leitura enquanto espírita, do pensamento desse gênio do "idealismo alemão".


Apresento parte do sumário negritando o item em pauta, o trecho ao qual me refiro com meus grifos; para em seguida, trazer numa frase, o significado sucinto do trecho. Uma frase curta e grossa, como se costuma dizer.

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Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Fenomenologia do Espírito





SUMÁRIO

Nota do Tradutor, 7

Apresentação - A significação da Fenomenologia do Espírito - por Henrique Vaz, 9

Prefácio, 21

Introdução, 63

I. A Certeza sensível - ou o Isto e o Visar, 74

II. A Percepção - ou a coisa e a ilusão, 83

III. Força e Entendimento; Fenômeno e mundo supra-sensível, 95

IV. A verdade da certeza de si mesmo, 119

   A - Independência e dependência da consciência de si: Dominação e Escravidão, 126
   B - Liberdade da consciência-de-si: Estoicismo - Cepticismo - Consciência infeliz, 134

V. Certeza e Verdade da Razão, 152

   A - Razão observadora, 158

     a - Observação da natureza, 160
     b - A observação da consciência-de-si em sua pureza e em referência à efetividade exterior: leis lógicas e leis psicológicas, 191
     c - Observação da consciência-de-si em sua efetividade imediata: fisiognomia e frenologia, 197

   B - A efetivação da consciência-de-si racional através de si mesma [a razão ativa], 221

     a - O prazer e a necessidade, 227
     b - A lei do coração e o delírio da presunção, 231
     c - A virtude e o curso do mundo, 237





c - Observação da consciência-de-si em sua efetividade imediata: fisiognomia e frenologia, 197



346- [Gehirnfibern und dergleichen] Fibras cerebrais e coisas semelhantes, consideradas como o ser do espírito, já são uma efetividade pensada, apenas hipotética; mas não a efetividade aí-essente, sentida e vista: não são a efetividade verdadeira. 


Quando as fibras aí estão, quando se vêem, são objetos mortos, e assim não valem mais como o ser do espírito. Mas a objetividade propriamente dita deve ser uma objetividade imediata, sensível, de modo que o espírito seja posto como efetivo nessa objetividade morta; pois o osso é o morto, enquanto está no próprio vivente.


O conceito dessa representação é que a razão mesma é para si toda a coisidade, inclusive a coisidade puramente objetiva. 


Mas a razão é isso no conceito, ou seja, somente o conceito é sua verdade. Quanto mais puro é o próprio conceito, mais se degrada em sua vã representação, se o seu conteúdo não for tomado como conceito mas como representação. 


Quando o juízo que a si mesmo suprassume não é tomado com a consciência dessa infinidade que é a sua - mas como uma proposição permanente, e como um juízo em que sujeito e predicado valem cada um para si - então o Si é fixado como Si, e a coisa como coisa. Na verdade, um deve ser o outro.


A razão - essencialmente conceito - é cindida imediatamente em si mesma e em seu contrário; uma oposição que, justamente por isso, também é imediatamente suprassumida. Mas ao oferecer-se desse modo como sendo ela mesma e o seu contrário, é mantida firmemente nesse momento totalmente singular desse desintegrar-se, e apreendida irracionalmente. Quanto mais puros os seus momentos, tanto mais chocante é a manifestação desse conteúdo, o qual ou é somente para a consciência ou então é anunciado ingenuamente por ela.


A profundeza que o espírito tira do interior para fora, mas que só leva até sua consciência representativa e ali a larga, como também a ignorância de tal consciência sobre o que diz são a mesma conexão do sublime e do ínfimo, que no organismo vivo a natureza exprime ingenuamente, na combinação do órgão de sua maior perfeição - o da geração - com o aparelho urinário


O juízo infinito, como infinito, seria a perfeição da vida compreendendo-se a si mesma.


Mas a consciência da vida comporta-se como o urinar, ao permanecer na representação.


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O corpo sendo apenas e tão somente uma representação; e, por outro lado o espirito estando pleno em sua infinitude.


Por JUIZO INFINITO entenda-se espírito, e CONSCIÊNCIA DA VIDA o corpo.


Reitero ser esta a minha interpretação de Hegel. 


A interpretação de um espírita, com a certeza de ser Hegel um dos predecessores de Allan Kardec na exposição das ideias espíritas.


Uma exposição não simples, mas cujo bojo antecipa o espiritismo como tantos outros o anteciparam na história da humanidade.


O pedagogo Kardec apresentou tudo isso numa linguagem mais acessível; diria eu, ser uma linguagem jornalística, capaz de abarcar larga gama da população.


Leia, releia, reflita e tire as próprias conclusões.


Não ha VERDADE! Dessa forma não veja a minha leitura como a única capaz de ser feita. Mesmo os catedráticos hegelianos divergem em sua interpretação.


Paulo Cesar Fernandes

08/12/2015

20151208 Jung e suas palavras finais


OBRAS COMPLETAS DE C. G. JUNG VIl/1

Psicologia do Inconsciente



Um livro de especial interesse para os profissionais em 
Psi­cologia e para os leigos que apreciam estudos dessa natureza. 

No decorrer dos anos foram feitas diversas novas edições, submetidas a um contínuo processo de aperfeiçoamento e desenvolvimento, pelo próprio autor. 

Sua intenção é simplesmente dar alguma orientação sobre as mais recentes interpretações da essência da psicologia do inconsciente. 

Por considerar o problema do inconsciente de extrema importância e utilidade e por saber que diz respeito intimamente a todos e a cada um de nós, julgou oportuno colocá-lo ao alcance do público leigo e culto. 

Este estudo surgiu durante a guerra mundial e deve sua existência principalmente à repercussão psicológica dessa grande conflagração. 

A guerra terminou, mas os grandes problemas psíquicos levantados por ela continuam preocupando a sensibilidade dos que pensam e pesquisam. 

O autoconhecimento de cada indivíduo, a volta do ser hu­mano às suas origens, ao seu próprio ser e à sua verdade individual e social, eis o começo da cura da cegueira que domina o mundo de hoje. 

O interesse pelo problema da al­ma humana é um sintoma, segundo o autor do livro, dessa volta instintiva a si mesmo.


As informações contidas neste livro não pretendem abranger a totalidade da psicologia analítica. 

Muitos pontos são ape­nas esboçados e outros nem são mencionados. 

O autor re­comenda o estudo das principais obras sobre psicologia mé­dica e psicopatologia, além de uma revisão cuidadosa dos compêndios de psicologia existentes.




Palavras finais


Para finalizar, quero desculpar-me junto ao leitor, por ter ousado dizer, em tão poucas páginas, tantas coisas novas e de compreensão difícil. 

Estou pronto a receber sua crítica, porque considero que todo aquele que, afastando-se do caminho comum, se dispuser a abrir trilhas próprias, tem o dever de comunicar à sociedade tudo quanto encontrou em suas viagens de exploração: se foi água fresca para o alívio dos sedentos, ou apenas os desertos de areia do equívoco estéril. 

O primeiro serve para ajudar, o segundo, para prevenir. 

Mas não é a crítica particular de cada um dos contemporâneos, mas os tempos vindouros, que vão decidir se é verdade, ou não, tudo isso que acaba de ser descoberto. Existem coisas que ainda não são verdade, ou que hoje ainda não podem ser aceitas como verdade, mas amanhã talvez possam sê-lo. 

Quem for assim conduzido pelo destino, terá que trilhar esses caminhos próprios, apenas apoiado pela esperança e pelo olhar atento daquele que está consciente do seu isolamento e dos abismos que o ameaçam. 

O que singulariza o caminho aqui descrito é em grande parte a certeza de não podermos continuar recorrendo unicamente ao ponto de vista científico-intelectual, mas de que o nosso compromisso também compreende todo o lado do sentimento, isto é, a totalidade das realidades contidas na alma — já que lidamos com uma psicologia fundada na vida real e que age sobre a vida real. 

Nesta psicologia prática, não se trata da alma humana universal, mas de homens e mulheres individualizados, cada qual com uma variedade de problemas que os afligem diretamente. 

Uma psicologia que satisfaz unicamente ao intelecto, jamais é praticável; pois o intelecto por si só nunca será capaz de abranger a totalidade da alma. 

Quer queiramos, quer não, mais cedo ou mais tarde o fator cosmovisão terá que ser levado em conta, porque a alma está em busca da expressão de sua totalidade.


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Se a alma está em busca da expressão da sua totalidade, estudar Jung; Erich Fromm; Michel Onfray; Zygmunt Bauman ou quem quer se apresente só poderá nos trazer uma contribuição decisiva na caminhada dessa totalidade a qual todos aspiramos.

Se alguém não a aspira eu lamento, mas tenho por obrigação dar conta da tarefa a mim assinalada pelo advento da Vida: duvidar de tudo, aprendendo cada vez mais uma coisa; ocupar o tempo partilhando conhecimentos, sempre e onde me seja permitido; olhar meus semelhantes como iguais e lutar pela crescente JUSTIÇA em todas as instâncias de nosso desorientado planeta.

O espiritismo tem contribuições, mas os espíritas se engalfinham no materialismo, pondo a perder valiosas oportunidades.

Mas tudo virá a seu tempo como sempre disse Allan Kardec através de sua Revista Espírita. Não tão cedo como previa o professor, mas os conceitos espíritas reorientarão o mundo; ou pelo menos boa parte dele, aqueles cuja aposta maior seja a espiritualidade. Postando os espíritos mais focados nos elemento da abstração que na diária materialidade.

Espírito sempre vencerá a matéria, pois esta é apenas meio de sua manifestação, desde as mais remotas eras.

Paulo Cesar Fernandes

08/12/2015