quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Retomando a questão

Tenho defendido a idéia da inexistência do perispírito.


Dessa forma, o espirito agiria diretamente sobre a matéria.


Raciocine comigo por favor. O espírito tem a capacidade de aglutinar energia ao redor de si, e por força de sua vontade destinar essa energia a outras pessoas necessitadas da mesma. Fenômeno esse ocorrendo diuturnamente em todas as casas espíritas.


Se, pelo pensamento, o espirito é capaz de aglutinar energia, e sendo energia matéria, deduzimos daí ser o espirito capaz de atuar diretamente sobre a matéria.


O Espírito atua diretamente sobre a Matéria.


Por que motivo teria uma série de elementos semimateriais, vaporosos, diáfanos, ou como queiramos chamar para intermediar a relação espírito/corpo ou espírito/objetos, neste último caso nos referindo às manifestações físicas ocorridas à época de Kardec, como tenho visto em "O Livro dos Médiuns" neste estudo sistemático de cada tarde.


Não te peço, leitor, para concordar comigo. Pois tenho afirmado à exaustão, ser minha tarefa no mundo lançar idéias apenas, sempre na perspectiva de pessoas dotadas de tino, e capacidade de análise, nessas idéias se debruçar, e a alguma conclusão delas tirar.


Confirmando meu raciocínio lógico, ou dele discordando.


Em nada me ferirá a rejeição das pessoas às minhas idéias. Homens muito mais inteligentes que eu tiveram suas idéias inicialmente rejeitadas e, o transcurso do tempo e a evolução das mentalidades acabaram por lhes dar a merecida razão.


Realmente não me preocupo. E tomo um cientista da geologia como exemplo. Alfred Lothar Wegener. Este homem foi detonado quando, por volta de 1930, trouxe à luz a "Teoria da Deriva dos Continentes". Advoga ele que os continentes estão se distanciando, desde o momento da Pangea, quando uma massa uniforme craqueou, e suas várias partes foram se deslocando, dando origem aos continentes hoje conhecidos.


Ainda em anos recentes, li um artigo, em que duas professoras eram ferozes contra a teoria de Wegener. Mesmo com a divulgação das pesquisas levadas a cabo por cientistas do mundo todo, onde reafirmam a teoria, com a oportunidade de medir o quanto de deslocamento se dá em determinados períodos de tempo.


Os equipamentos de Geoprocessamento e o avanço da computação científica permitiram a validação da teoria de Wegener. E, embora já tenha sido validada, segue com a denominação de "Teoria da Deriva Continental". (Para maiores informações procure livro de
Samuel Blanco sobre o assunto).


Digo ao leitor. Estou trazendo uma teoria, por mais pautada na lógica, é uma teoria. Que confronta com o texto de Allan kardec em "O Livro dos Médiuns", na segunda parte, capítulo IV denominado "Da teoria das Manifestações Físicas".


Antes de ver o texto de Kardec, pensemos que Albert Einstein não tinha ainda passado pela Terra, ainda não havia trazido sua contribuição ao nosso pensamento científico, quando define ser a matéria apenas uma transformação de energia, se bem entendi as aulas dos meus amigos mais versados em ciência. Expresso aqui o conteúdo aprendido e apreendido nas aulas dos cursos de Sexta-feira no Centro Espírita Allan Kardec. O pouco de conhecimento científico em mim presente, tem ali sua raiz. Sendo evidente minha gratidão.


Após uma série de perguntas aos espíritos sobre as manifestações Físicas Kardec tece as suas considerações:


75. Estas explicações são claras, categóricas e isentas de ambigüidade. Delas ressalta, como ponto capital, que o fluido universal, onde se contém o principio da vida, é o agente principal das manifestações, agente que recebe impulsão do Espírito, seja encarnado, seja errante.

Condensado, esse fluido constitui o perispírito, ou invólucro semimaterial do Espírito. Encarnado este, o perispírito se acha unido à matéria do corpo; estando o Espírito na erraticidade, ele se encontra livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito se acha mais ou menos ligada, mais ou menos aderente, se assim nos podemos exprimir.

Em algumas pessoas se verifica, por efeito de suas organizações, uma espécie de emanação desse fluido e é isso, propriamente falando, o que constitui o médium de influências físicas. A emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante, como mais ou menos fácil a sua combinação, donde os médiuns mais ou menos poderosos. Essa emissão, porém, não é permanente, o
que explica a intermitência do poder mediúnico.



76. Façamos uma comparação. Quando se tem vontade de atuar materialmente sobre um ponto colocado a distância, quem quer é o pensamento, mas o pensamento por si só não irá percutir o ponto; é-lhe preciso um intermediário, posto sob a sua direção: uma vara, um projetil, uma corrente de ar, etc.

Notai também que o pensamento não atua diretamente sobre a vara, porquanto, se esta não for tocada, não se moverá. O pensamento,
que não é senão o Espírito encarnado, está unido ao corpo pelo perispírito e não pode atuar sobre o corpo sem o perispírito, como não o pode sobre a vara sem o corpo.

Atua sobre o perispírito, por ser esta a substância com que tem mais afinidade; o perispírito atua sobre os músculos, os músculos tomam a vara e a vara bate no ponto visado. Quando o Espírito não está encarnado, faz-se-lhe mister um auxiliar estranho e este auxiliar
é o fluido, mediante o qual torna ele o objeto, sobre que quer atuar, apto a lhe obedecer à impulsão da vontade.



77. Assim, quando um objeto é posto em movimento, levantado ou atirado para o ar, não é que o Espírito o tome, empurre e suspenda, como o faríamos com a mão. O Espírito o satura, por assim dizer, do seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, momentaneamente vivificado desta maneira, obra como o faria um ser vivo, com a diferença apenas de que, não tendo vontade própria, segue o impulso que lhe dá a vontade do Espírito.

Pois que o fluido vital, que o Espírito, de certo modo, emite, dá vida factícia e momentânea aos corpos inertes; pois que o perispírito não é mais do que esse mesmo fluido vital, segue-se que, quando o Espírito está encarnado, é ele próprio quem dá vida ao seu corpo, por meio do seu perispírito, conservando-se unido a esse corpo, enquanto a organização deste o permite. Quando se retira, o corpo morre. Agora, se, em vez de uma mesa, esculpirmos uma estátua de madeira e sobre ela atuarmos, como sobre a mesa, teremos uma estátua que se moverá, que baterá, que responderá
com os seus movimentos e pancadas. Teremos, em suma, uma estátua animada momentaneamente de uma vida artificial. Em lugar de mesas falantes, ter-se-iam estátuas falantes. Quanta luz esta teoria não projeta sobre uma imensidade de fenômenos até agora sem solução!

Quantas alegorias e efeitos misteriosos ela não explica!

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Allan Kardec, Hegel, Kant a linguagem evidentemente superior utilizada por estes espíritos me trazem alegria e bem estar. Uma linguagem capaz de nos colocar num patamar mais elevado de concepções, nos arrojando distante da materialidade do dia a dia.


Está esse tipo de leituras entre as coisas por mim designadas como o universo da Espiritualidade.


O que resta ao leitor sério?


Pesar as duas teorias e adotar a mais lógica e mais condizente com os tempos, e os conhecimentos científicos por nós desfrutados na atualidade.


Evidente está, ao fazer este arrazoado chamo o leitor à minha teoria. Mas repito: em nada me sentirei diminuido se algum desses leitores vier a me negar o beneplácito de sua concordância.


Bem diz o dito popular "em cada cabeça uma sentença".  Estou longe de me crer dono da verdade. A verdade não existe.


Vou nos caminhos de Jesus, no seu exemplo. Este falava ao seu povo por parábolas, pois a alegoria é uma forma de sugestão de idéias. Nunca se configurando numa forma autoritária de discurso.


Permitindo estas ao receptor acatá-las e praticá-las segundo sua capacidade de compreensão, respeita a individoalidade, a subjetividade de cada um.


Apenas sugiro uma outra ótica de análise, para um mesmo fenômeno teorizado por Allan Kardec.


Nossa análise seja sempre visando o melhor para cada um dos homens, e à Humanidade como um todo.



Paulo Cesar Fernandes

16  01  2013