sábado, 6 de junho de 2009

Emerge a realidade

Era um sábado pela manhã.

Eu levantara cedo para uma caminhada na praia. O sol de inverno tornava Santos mais bonita, no entanto o frio nos remetia ao uso do calçadão, desencorajando a água nos pés.

Caminhada feita, peito pleno de belo visual, vou ao Shopping para um café. Caminho devagar.

Na cafeteria, já tinha o café ao meio quando ouço um berro:
_ Paulo, ô Paulo.

Achei, naquele instante que todo o Shopping se voltava para mim. O açucareiro ser-me-ia o lugar mais adequado. Resisti e não entrei.

Era um velho companheiro de juventude, bailes, bilhar, que já não via a algum tempo.

A cada degrau que este descia entabulava nova frase em alta voz.

A forma efusiva e intempestiva daquele encontro derrubou pensamentos, espantou personagens, enfim, parou tudo o que havia em meu mundo interior.

Nos abraçamos e passamos a contar das coisas realizadas ou em vias de realizar. Construções do passado e planos do futuro.

Dentre as coisas por mim relatadas está um conto, cujo tema principal é a admiração, a admiração como um dos componentes do amor.

Lee, conhecedor de outro conto sobre blues que acabou tendo desfecho espírita, olha sobre os óculos finos, com certa ironia no olhar dizendo:

_ Não é outro daqueles contos que acaba se perdendo na apologia do Espiritismo?

_ Não - disse eu - não sei ainda, os personagens com os quais venho convivendo não me terminaram de contar sua história.

Devolvo um sorriso tão irônico qual o que recebera, despeço-me e pego meu caminho rumo à praia.

Lee, após certos problemas que tivera num determinado Centro Espírita, acabara se tornando crítico severo do Espiritismo. Não se deu conta que uma casa espírita retrógrada não pode ser tomada pela filosofia em si.

Da mesma forma que a existência de estados totalitários não inviabiliza o socialismo. Há espíritas e Espíritas, socialistas e Socialistas.

Paulo Cesar Fernandes
Jornalista

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