sábado, 20 de setembro de 2014

20140920 Será este um texto religioso?

Será este um texto religioso?


O intervalo entre o berço e o túmulo é um breve instante em nossa longa jornada.


Mesmo um cão (protoespírito) meu companheiro, em seus quase 15 anos de convivência, foi um nada. Me parece ontem, trazia uma bola de pelos incapaz de subir um degrau. E já se foi.


Não é diferente conosco em nossa encarnação. Um piscar de olhos ante a imensidão do tempo.


Focar o prazer é vital.

O prazer de uma presença amiga não há o que bata. A confiança mútua, a certeza de mesmo vivendo separados, geográficamente distantes partilhar valores.


Valores como ser santista de berço; ou pelotense como Vitor Ramil; ou ainda de Santiago del Estero como a família Carabajal da Argentina.


Cada pago faz em nós crescer valores saídos do ventre da família, e mais ainda os valores carregados pelos ventos de nosso lugar.


Carregamos e expressamos em nossa arte o universo cultural do nosso crescimento: as músicas; as conversas na Praça da Independência penetrando a madrugada em todas as estações do ano; a mescla de valores do Lar com os da rua.


Somos resultantes desse emaranhado de influências. Emaranhado de sonhos. Emaranhado de ilusões para tantos.


Nesta etapa de vida caminhando ao final é uma ousadia por em dúvida e em perspectiva o valor de todos os componentes de nossa história de vida.


Certa tarde após almoço, junto a uma colega de trabalho, caminhávamos pela Zona Sul de São Paulo como sempre o fazíamos. Um burburinho tal qual o viveiro dos periquitos australianos que meu primo permitia cuidasse veio a nós, eram senhoras de uma sala de costura numa Casa Espírita. Chamei a atenção de minha colega para a alegria dessas mulheres no serviço aos semelhantes.


Agora, retorno no tempo, me vejo na Campanha da Fraternidade "Auta de Souza" desenvolvida na juventude. Quanta alegria. O mesmo periquitear das senhoras em serviço. Os sacos de brim com alimentos era leve carga. Algo batia diferente no coração.


O tempo mudou, mas nosso coração não deve ter mudado.


Pautados hoje mais pelos ditames da Razão, deixamos o servir a um plano secundário no intervalo inicialmente tratado.


Olho com admiração o trabalho de "Médicos sem Fronteiras";  e tantas outras atividades desenvolvidas por entidades de servir de todos os matizes, todos os credos.


No meio espírita são muitas as capazes de unir o estudo de Kardec à uma prática de benemerência tão importante ao necessitado.


"Não importa de onde sejam as mãos das quais os alimentos me venham. Minha gratidão se fará ao ver meus filhos com algo no prato e um sorriso nos olhos."


A lembrança do Bem, material ou espiritual desenvolvido por nós, é a única coisa "palpável" após a travessia para o campo  incorpóreo.


Vale a pena refletir sobre isso. Aqui e Agora!


Paulo Cesar Fernandes

20/09/2014