quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Distância cultural

Ao longo do almoço de hoje refletia na questão da distância cultural, o quanto ela separa pessoas de grupos, ou mesmo pessoas entre si.

Lembro que quando cheguei de Cuiabá, em retorno ao Centro Espírita Allan Kardec, eu senti que havia uma distância muito grande entre eles e eu. Eles tinham um acúmulo de discussão, de reflexão, que me faltava. Foi necessário um esforço bastante grande para que eu viesse a me colocar junto deles no que diz respeito às concepções que hoje juntos defendemos. Minha estada em Cuiabá foi enriquecedora em termos culturais, pois o Centro-Oeste é todo um universo cultural distinto do padrão de vida paulistana que vivia na época. Chegar a Cuiabá e me adaptar me pediu um tempo, mas uma vez integrado não tencionava voltar. Morava no que os cuiabanos chamam de pariferia. Nossos vizinhos eram funcionários públicos, professores, bancários, gerentes comerciais, e donos de pequenas fazendas no interior. Bons vizinhos mas com padrão de cuidados com a casa completamente diferente dos nossos.

Quando visitei Sinop, terra de Rogério Ceni, uma cidade de colonização paranaense e gaucha o mundo ganhou outro sentido. Na frente da casa o jardim bem cuidado, na parte dos fundos um pomar e uma horta. Universos culturais distintos.

O mesmo ocorre hoje entre eu e meus amigos da ECA-USP do Núcleo José Reis de Jornalismo Cientifico. Esses quase trinta anos de distância criaram um fosso quase intransponível, ou verdadeiramente intransponível. Pois não mais me vejo envolvido pelas questões do jornalismo, a filosofia e a sociologia tomaram de vez minhas preocupações.

A partir da certeza da minha ignorância em filosofia ao final de 2009 decidi acabar com isso. E 2010 e 2011 foram anos voltados para a PósModernidade que me abriu o leque dos atuais pensadores do mundo no que diz respeito aos tempos em que nos situamos. Dezenas de nomes e centenas de obras. Não
li tudo evidentemente mas me situei ante o tema. Mas isto teve um custo, o distanciamento das pessoas e a ausência de contrapartes para o diálogo. Peguei um caminho diferente, note bem leitor: nem melhor nem pior; tanto da mulher que amo, quanto do Centro Espirita Allan Kardec que também amo.

São apenas caminhos distintos e distantes. A tal ponto distantes que nossas vozes (intelectuais) não são capazes de ser ouvidas de parte a parte. Aqui nasce a questão focal do problema: o diálogo inviável, torna a convivência difícil demais, por vezes conflituosa, em que pese o amor que pelo menos de minha parte habite o coração.

Eu tenho que apostar no tempo, esse elemento benevolente que sempre acaba por harmonizar as nossas vidas, mesmo nos momentos mais turbulentos. Mas o mais importante é que cada um de per si vá fazendo a sua trajetória de forma autonoma e livre.

Pois a liberdade é o atributo maior do espírito, e creio eu, de qualquer instituição que se queira progressista.

Paulo Cesar Fernandes - 28/12/2011

Pequenas mudanças de direção

No domingo 18/12/2011 na Rede Vida foi entrevistado o músico Netinho, pertencente a banda "Os Incriveis" um dos grupos introdutórios do Rock no Brasil.

Se não me falha a memória, seu primeiro nome era The Jordans, mas depois, por problemas de igualdade de nome em outro lugar se tornou Incríveis. Bons músicos, principalmente no aspecto instrumental.
Segundo Netinho, uma coisa que ele se arrepende, e com o qual eu compartilho, é de não ter feito mais coisas boas na vida; não ter ajudado mais aos seus semelhantes.
Acho que o egoísmo ponteou momentos diversos de minha vida. Nada prejudicial a alguém, mas a preguiça pautando a inércia. Justo eu que tive de minha mãe principalmente, exemplos diversos de desprendimento.
Deixar de visitar alguém; de telefonar para saber como vai indo em caso de doença, etc.
Isso muito se deve ao receio de invadir a privacidade do outro. Aí reside uma dúvida: devo ou não especular? Esse é o termo na concepção de diversas pessoas.
Pessoas há que se envergonham da própria doença. Que não aprenderam a rir de si mesmo, um salvaguarda salutar. Embora deva respeitar tais pessoas como posso saber onde posso ser útil?
Me limito a pensar nas pessoas que sei necessitadas, com carinho, remetendo-lhes pensamentos de coragem e energia.
Faço isto em meu momento de meditação de cada dia.
Mas acho importante fazer mais. E nesse sentido peço à vida oportunidades de servir, sem abandonar meus projetos intelectuais e literários, fontes de prazer.
Se "toda atividade útil é trabalho" segundo os espiritos em resposta a Kardec; só quero ter forças para ampliar e dar conta de uma gama mais ampla de ações em prol de nosssos semelhantes, e da cultura para a liberdade humana. Liberdade de pensar e agir de forma autonoma, sem líderes de qualquer
espécie.

Espero finalizar 2011 e iniciar 2012 dando continuidade à "Empreitada contra a Fome e em favor da Razão". Através da qual vou divulgando ações positivas que tendam nesse sentido.

É pouco bem o sei. Mas sempre ajuda de alguma forma.

Se vc souber de alguma entidade, que se desdobre em beneficio de seu semelhante, mande um e-mail com o máximo de informações dessa entidade colocando no Assunto do e-mail RSH.

Vou trabalhar o texto e publicar em: http://rshrazoesolidariedadehumana.blogspot.com/

Meus e-mails:

pcfernandes1951@bol.com.br
velhorio@yahoo.com.br

Aguardo sua colaboração. Vamos divulgar o BEM que é feito em toda a Terra. Se "o mal não merece comentário em tempo algum " como disse André Luiz; é chegada a hora de darmos espaço ao BEM.

Paulo Cesar Fernandes - 18/12/2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Terminologia e Teoria Espírita

Fim de tarde.
Gosto de sentar e me dedicar um pouco à meditação. Lembro nessa hora de algumas pessoas que saiba em situação de maior fragilidade que a minha, encaminhando amor, carinho e força, dentro dos limites que me são próprios.
Venho me valendo do livro "Seara dos Médiuns" de Emmanuel, como uma leitura instigadora de reflexão.
No texto de hoje 27/12/2011 estava presente a expressão "Nosso Senhor Jesus Cristo" o que para mim foi chocante. Apesar de saber da data de publicação do livro, das origens de Emmanuel, e tudo o mais, a questão da terminologia me aborreceu bastante.
Antes desse livro vinha usando o "Diálogo dos Vivos", com mensagens de diversos espíritos, comentadas logo após por Herculano Pires. Um livro escrito na ocasião do incêncio no Edifício Joelma de São Paulo. Algumas mensagens defendendo a idéia de que ali teriam sido reunidos espíritos que teriam em vidas anteriores agido de tal ou qual maneira. Absurdo. Por que não pensar no desleixo, no que diz respeito a normas de segurança e manutenção do edificio, desprezadas em grande parte das organizações?
O que mais me aborreceu foi o fato de Herculano Pires, apesar da lucidez que o caracterizava, ter se deixado levar no tsunami de aberrações das mensagens psicografadas, depositando sobre elas a chancela de sua concordância.
Não consigo imaginar o Professor José Herculano Pires hoje, a defender as idéias que defendeu no passado. Até porque cada um de nós, voce leitor e eu, podemos nos defrontar com textos nossos com as quais não mais concordamos. Seja ele um texto de cunho espírita, seja de outro tema qualquer.
Digo isso pois venho digitando as coisas que escrevi ao longo da vida, e pouca coisa passa pelo atual momento de racionalidade. Destino final: lixo.
Um ou outro acaba escapando, para servir como elemento demarcatório de meu pensar em dada época. Digo sempre que espero a cada ano mudar um pouco, no sentido de uma maior compreensão de mim mesmo, e da Lei Natural que baliza nossos destinos. Essa Lei não comanda, não gerencia, não determina. Ela é. E por ser, tem seus parâmetros aos quais vamos nos adequando, à medida que desses parâmetros nos tornamos conhecedores.
Imagino esses espiritos inteligentes e libertos das limitantes do seu tempo, o quanto podem eles ter mudado de concepção. Quanto mais ampla deve ser sua compreensão dessa Lei. Que não é punitiva, não traz sofrimento, mas muito ao contrário, abre possibilidades de felicidade cada vez maiores, à medida
que dela nos apropriamos em conhecimento e nos adequamos enquanto atitude vivencial.
Voce não precisa concordar comigo, deve pensar autonomamente, mas creio ser chegado o momento de melhor cuidarmos da terminologia que usamos em todos os lugares onde sejamos chamados a emitir nossa opinião. Principalmente se a temática for a Teoria Espírita. Não é possível disseminar uma
terminologia e um arcabouço de idéias que venham a ferir o esforço feito no sentido de colocar o Espiritismo no seu devido lugar dentro do contexto cultural da atualidade.
Chamemos essa atualidade de "PósModernidade" como propoe Jean-Francois Lyotard; "Tempos Líquidos" como prefere Zygmunt Bauman ou ainda "Modernidade Avançada" tal qual propugna Anthony Giddens.

Importa que tenhamos uma terminologia adequada e idéias claras, capazes de enfrentar os teóricos de nosso tempo de igual para igual. Sem medo do debate. Firmes o suficiente para nunca abrir espaço a qualquer espécie de ridicularização por parte de quem quer que seja.

Somos conscientes do manancial que temos nas mãos. Resta defende-lo adequadamente.
 
Paulo Cesar Fernandes  -  27/12/2011