terça-feira, 7 de julho de 2015

20150707 Acerca do Viver

Viver


Quando a vida te trouxer a tristeza, e ela vai te trazer algum dia, não te deixes dominar por ela (a tristeza). Só existe ela para nos testar, para ver a margem de forças dentro de nós, o quanto somos capazes de nos sobrepor aos ventos adversos. E somos capazes.


Quando menos se espera uma pessoa amiga chega em nossa casa. E traz ela uma dor tão profunda que somos obrigados a nos fazer mais fortes, para poder ajudar de alguma forma. Ali se apresenta uma emergência vital. E não temos o direito de ser fracos nessa hora.


E nos fazemos fortes, e ajudamos, e falamos, e acolhemos trazendo coisas do mais fundo dos nossos corações. A pessoa se vai reconfortada e com um olhar diferente, quase alegre. Nesse momento chega a leveza em nossa alma.


Os ventos bravios se fazem calmaria. A Paz tão buscada retorna em nós, espírito viajante de tantas romagens e de tantos momentos dispares.


Uma vez mais a vida nos deu oportunidade de ser útil. E não nos negamos a isso. Fomos o servidor fiel das palavras milenares nos concitando ao Bem.


São muitas as sementes em nossas mãos e o campo é imenso. Basta saber se estamos aptos a abrir a mão, e lançar as sementes, para que abundantes colheitas se possam ver no futuro próximo e nas gerações futuras.


Milhares são as formas de servir. Basta escolher!


Paulo Cesar Fernandes.

07/07/2015

domingo, 5 de julho de 2015

20150705 Eu falo aos espíritas




REVISTA ESPIRITA

JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

6a ANO NO. 3 MARÇO 1863


A LUTA ENTRE O PASSADO E O FUTURO.




Uma verdadeira cruzada ocorre neste momento contra o Espiritismo, assim como isso nos foi anunciado; de diversos lados se nos assinalam escritos, discursos e mesmo atos de violência e de intolerância; todos os Espíritas devem se alegrar com isso, porque é a prova evidente de que o Espiritismo não é uma quimera. Fariam tanto barulho por uma mosca que voa?

O que excita, sobretudo, essa grande cólera é a prodigiosa rapidez com a qual a ideia nova se propaga, apesar de tudo o que se fez para detê-la. Também nossos adversários, forçados pela evidência de reconhecer que esse progresso invade as classes mais esclarecidas da sociedade e mesmo os homens de ciência, se reduziram a deplorar esse arrastamento fatal que conduz a sociedade inteira aos manicômios. A zombaria esgotou seu arsenal de piadas e de sarcasmos, e essa arma, que se diz tão terrível, não pôde colocar os galhofeiros de seu lado, prova de que não tem matéria para rir. Não é menos evidente que ela não tirou um único partidário à Doutrina, longe disso, uma vez que aumentaram a olhos vistos. A razão disso é bem simples: reconheceu-se prontamente tudo o que há de profundamente religioso nessa Doutrina que toca as cordas mais sensíveis do coração, que eleva a alma para o infinito, que faz reconhecer a Deus àqueles que o tinham desconhecido; ela arrancou tantos homens ao desespero, acalmou tantas dores, cicatrizou tantas feridas morais, que os tolos e os chatos gracejos derramados sobre ela inspiraram mais desgosto do que simpatia. Os zombadores em vão se incomodaram sem proveito para fazer rir às suas custas; há coisas das quais, instintivamente, sente-se que não se pode rir sem profanação.


No entanto, se algumas pessoas, não conhecendo a Doutrina senão pelos gracejos sem graça, puderam crer que não se tratava senão de um sonho oco, de elucubração de um cérebro danificado, o que se passa é bem feito para desenganá-los. Ouvindo tantas declamações iradas, devem dizer a si mesmo que é mais sério do que não pensavam. A população pode se dividir em três classes: os crentes, os incrédulos e os indiferentes. Se o número dos crentes centuplicou depois de alguns anos, isso não pode ser senão às custas das duas outras categorias. Mas os Espíritos que dirigem o movimento acharam que as coisas não iam ainda bastante depressa. Há ainda, disseram a si mesmos, muitas pessoas que não ouviram falar do Espiritismo, sobretudo no campo; é tempo de que a Doutrina ali penetre; além disso, é preciso despertar os indiferentes adormecidos. A zombaria fez seu trabalho de propaganda involuntária, mas tirou todas as flechas de seu estojo, mas as setas que ela dispara ainda são menos cortantes; é um fogo muito pálido agora. É preciso alguma coisa mais vigorosa, que faça mais barulho do que o tinir dos folhetins, que repercuta mesmo nas solidões; é preciso que a última aldeia ouça falar do Espiritismo.


Quando a artilharia voltar, cada um se perguntará: O que há? e quererá ver.


Quando fizemos a pequena brochura: O Espiritismo em sua mais simples expressão, perguntamos aos nossos guias espirituais que efeito ela produziria. Foi-nos respondido: ela produzirá um efeito ao qual não esperas, quer dizer, teus adversários ficarão furiosos em ver uma publicação destinada, pelo seu extremo preço pouco elevado, a ser difundida em massa e penetrar por toda a parte. Anunciado te foi um grande desdobramento de hostilidades, tua 
brochura dele será o sinal. Não te preocupes com isso, conheces o fim. 


Eles se irritam em razão da dificuldade em refutar teus argumentos. - Uma vez que assim é, dissemos, essa brochura, que deveria ser vendida por 25 centavos, será dada por duas moedas. O acontecimento justificou essas previsões, e disso nos felicitamos. Tudo o que se passa, aliás, foi previsto e deveria ser para o bem da causa. Quando virdes alguma grande manifestação hostil, longe de vos amedrontar com ela, alegrai-vos, porque foi dito: o estrondo do raio será o sinal da aproximação dos tempos preditos. Orai então, meus irmãos; orai sobretudo pelos vossos inimigos, porque serão tomados de uma verdadeira vertigem.


Mas nem tudo ainda se cumpriu; a chama da fogueira de Barcelona não subiu tão alto. Se ela se renova em alguma parte, guardai-vos de extingui-la, porque ela se elevará mais, semelhante a um farol, será vista de longe, e ficará na lembrança das idades. Deixai, pois, fazer e em nenhuma parte oponde a violência à violência; lembrai-vos de que o Cristo disse a Pedro para guardar sua espada na bainha. Não imiteis as seitas que se entredilaceraram em nome de um Deus de paz, que cada um chamava em ajuda aos seus furores. A verdade não se prova pelas perseguições, mas pelo raciocínio; as perseguições, em todos os tempos, foram a arma das más causas, e daqueles que tomam o triunfo da força bruta pelo da razão. A perseguição é um meio mau de persuasão; pode momentaneamente abater o mais fraco, convencê-lo, jamais; porque, mesmo na aflição em que o tiver mergulhado, exclamará, como Galileu em sua prisão: e pur si muovel Recorrer à perseguição é provar que se conta pouco com o poder de sua lógica. Não useis, pois, de represálias: à violência oponde a doçura e uma inalterável tranqüilidade; restitui aos vossos inimigos o bem pelo mal; por aí dareis um desmentido às suas calúnias, e forçá-los-eis a reconhecer que vossas crenças são melhores do que eles dizem.


A calúnia! direis; pode-se ver com sangue frio nossa Doutrina indignamente deturpada por mentiras? acusada de dizer o que não disse, de ensinar o contrário do que ela ensina, de produzir o mal ao passo que não produz senão o bem? A própria autoridade daqueles que têm uma tal linguagem não pode dobrar a opinião, retardar o progresso do Espiritismo?


Incontestavelmente está aí seu o objetivo; atingi-lo-ão? é uma outra questão, e não hesitamos em dizer que chegam a um resultado todo contrário: o de se desacreditarem e à sua causa. A calúnia, sem contradita, é uma arma perigosa e pérfida, mas tem dois gumes e fere sempre aquele que dela se serve. Recorrer à mentira para se defender é a mais forte prova de que não se tem boas razões para dar, porque, tendo-as, não se deixaria de fazê-las valer. Dizeis que uma coisa é má, se tal é vossa opinião; gritai-o sobre os telhados, se bom vos parece, cabe ao público julgar se estais no erro ou na verdade; mas deturpá-la para apoiar vosso sentimento, desnaturá-la, é indigno de todo homem que se respeita. Nos relatórios das obras dramáticas e literárias, vêem-se freqüentemente apreciações muito opostas; um crítico louva exageradamente o que um outro achincalha: é seu direito; mas o que se pensaria daquele que, para sustentar a sua censura faria o autor dizer o que não disse, lhe emprestaria maus versos para provar que sua poesia é detestável?


Ocorre assim com os detratores do Espiritismo: pelas suas calúnias mostram a fraqueza de sua própria causa e a desacreditam fazendo ver a que lamentáveis extremismos são obrigados a recorrer para sustentá-la. De que peso pode ser uma opinião fundada sobre erros manifestos? De duas coisas uma, ou esses erros são voluntários, e então se vê a má fé; ou são involuntários, e o autor prova sua inconsequência falando do que não sabe; num e noutro caso perde todo direito à confiança.


O Espiritismo não é uma Doutrina que caminha na sombra; ele é conhecido, seus princípios são formulados de maneira clara, precisa, e sem ambiguidade. A calúnia, pois, não poderia atingi-lo; basta, para convencê-la de impostura, dizer: lede e vede. Sem dúvida, é útil desmascará-la; mas é preciso fazê-lo com calma, sem aspereza nem recriminação, limitando-se a opor, sem discursos supérfluos, o que é do que não é; deixai aos vossos adversários a cólera e as injúrias, guardai para vós o papel da força verdadeira: o da dignidade e da moderação.


De resto, não é preciso exagerar as conseqüências dessas calúnias, que levam consigo o antídoto de seu veneno, e são em definitivo mais vantajosas do que nocivas. Forçosamente, elas provocam o exame de homens sérios que querem julgar as coisas por si mesmos, e nisso são excitados em razão da importância que se lhe dá; ora, o Espiritismo, longe de temer o exame, provoca-o, e não se lamenta senão de uma coisa, é que tantas pessoas dele falam como os cegos das cores; mas graças aos cuidados que nossos adversários tomam em fazê-lo conhecer, esse inconveniente logo não existirá mais, e é tudo o que pedimos. A calúnia que ressalta desse exame 
engrandece-o em lugar de rebaixá-lo. 


Espíritas, não lamenteis, pois, essas deturpações; não tirarão nenhuma das qualidades do Espiritismo; ao contrário, as farão ressaltar com mais estrondo pelo contraste, e se voltarão para a confusão dos caluniadores: essas mentiras, certamente, podem ter por efeito imediato enganar algumas pessoas, e mesmo desviá-las; mas o que é isso? O quê são alguns indivíduos perto das massas? Sabeis, vós mesmos, quanto o seu número é pouco considerável. 


Que influência isso pode ter sobre o futuro? Esse futuro vos está assegurado: os fatos realizados vos respondem por ele, e cada dia vos traz a prova da inutilidade dos ataques de nossos adversários. A doutrina do Cristo não foi caluniada, qualificada de subversiva e de ímpia? Ele mesmo não foi tratado como velhaco e como impostor?


Perturbou-se com isso? Não, porque sabia que seus inimigos passariam e que a sua doutrina ficaria. Assim o será com o Espiritismo. Singular coincidência! Não é outro senão o chamado à pura lei do Cristo, e é atacada com as mesmas armas! Mas seus detratores passarão; é uma necessidade à qual ninguém pode se subtrair. A geração atual se extingue todos os dias, e com ela vão os homens imbuídos dos preconceitos de um outro tempo; a que se ergue está nutrida de idéias novas, e sabeis, aliás, que se compõe de Espíritos mais avançados que devem fazer, enfim, a lei de Deus reinar sobre a Terra. Olhai, pois, as coisas de mais alto; não as vejais do ponto de vista restrito do presente, mais estendei vossos olhares para o futuro e dizei a vós mesmos: O futuro é nosso; que nos importa o presente! que nos fazem as questões de pessoas! as pessoas passam, as instituições ficam. Pensai que estamos num momento de transição; que assistimos à luta entre o passado que se debate e se coloca para trás, e o futuro que nasce e se coloca para adiante.


Quem levará a melhor? O passado é vicioso e caduco, - falamos das idéias, - ao passo que o futuro é jovem, e caminha para a conquista do progresso que está nas leis de Deus. Os homens do passado se vão com ele; os do futuro chegam; saibamos, pois, esperar com confiança e nos felicitemos por sermos os primeiros pioneiros encarregados de arrotear o terreno. Se temos o trabalho, teremos o salário. Trabalhemos, pois, não para uma propaganda colérica e irrefletida, mas com a paciência e a perseverança do trabalhador que sabe o tempo que lhe é preciso para chegar à colheita. Semeemos a idéia, mas não comprometamos a colheita por um ensinamento intempestivo e por nossa impaciência, antecedendo a estação própria para cada coisa. Cultivemos sobretudo as plantas férteis que não pedem senão produzir; são bastante numerosas para ocupar todos os nossos instantes, sem usar nossas forças contra rochas irremovíveis que Deus se encarrega de abalar e destruir, quando chegar seu tempo, porque se tem a força de elevar as montanhas, tem a de abaixá-las. Tiremos a figura, e digamos simplesmente que há resistências que seria supérfluo procurar vencer, e que se obstinam mais por amor-próprio, ou por interesse, do que por convicção; seria perder seu tempo procurar traze-los a si; não cederão senão diante da força da opinião. Recrutemos os adeptos entre as pessoas de boa vontade, que não faltam; aumentemos a falange de todos aqueles que, cansados da dúvida e assustados com o nada materialista, não pedem senão crer, e logo o número deles será tal que os outros acabarão por se render à evidência. Esse resultado já se manifesta, e esperai, dentro em pouco, a ver em vossa fileiras aqueles que nela não esperáveis senão os últimos.


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O texto diz tudo. Só pus em relevo as coisas que me tocaram mais profundamente.

Espero que nos ajude a todos.

Paulo Cesar Fernandes

05/07/2015