sábado, 8 de junho de 2013

20130608 A trajetória

"Procurai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente."
Paulo aos Coríntiois I 12:31



Todos queremos os melhores caminhos: o asfalto mais novo e de melhor rodagem; a trilha de terra mais amena, cuja paisagem mais beleza nos permita ao olhar; agradáveis companheiros de jornada, cuja presença sempre traga a alegria sã, das almas voltadas ao bem.


Queremos sim, e justa é nossa vontade. Para tal vontade se realizar, no entanto, há o imperativo de nossa busca. Busca dos dons, capazes de nos abrir a perspectiva desses caminhos, tão buscados por nós.


Evidente está, serem os exemplos materiais por mim colocados, no inicio deste texto, apenas uma introdução ao assunto. Afinal, a palavra caminho pode tomar significações diversas, segundo o contexto ao qual esteja vinculada.


Assim como temos e tomamos caminhos materiais em nosso dia a dia, e sempre os buscamos entre os melhores. Por exemplo, numa cidade como São Paulo ninguém vai, em sã consciência se valer de vias costumeiramente obstruídas pelo congestionamento de veículos. Buscamos sempre caminhos melhores.


Na existência espiritual nada diferente disso deve ocorrer. É o mesmo processo exatamente. Sem tirar nem por.


Muitas vezes, por imprudência ou negligência, tomamos o caminho equivocado. Exatamente aquele capaz de nos levar a empacar, estancar o nosso progresso. Advém daí a necessidade de retomada, revisão de nossa rota existencial. Até porque, por vezes a dor vergasta nosso espírito. E o sofrimento age como um buril numa escultura, vai nos lapidando e dando uma outra forma de ver a vida e a nós mesmos. Se formos algo sagazes, tomamos esse sofrimento como um aprendizado, e seguimos em frente, já municiados de uma experiência adicional, capaz de nos ser útil num momento futuro.


Nada é inútil em nossa passagem pela Terra, e creio eu, por qualquer outro planeta na qual venhamos a atuar. 


Lembrando ser a nossa existência capaz de se desenrolar em qualquer parte deste universo ou de outros, uma vez serem vários os universos, segundo os cientistas. Mas o mais provável, até mesmo pela lei de afinidade, é seguirmos vinculados a este nosso caro planetinha. Acolhedor e belo. Pleno de possibilidades para nos fornecer os dons propostos por Paulo de Tarso aos Coríntios.


Dons são os valores imorredouros do espírito. Essa é, e deve ser, a valiosa busca de todos nós. Todo o resto: orgulho; vaidade; bens temporais; ambições diversas. Todo isso não passa de puerilidade espiritual, da qual devemos nos afastar, em prol de nosso progresso realmente importante.


O foco maior do espírito deve ser sua espiritualidade. Todas as ilusões nos levam a desvãos e descaminhos.


E o grande caminho é a luta pela Justiça e pelo Bem Maior neste mundo. Ainda sufocado pela materialidade e sarcástico com todas as posturas sinceras de busca da Espiritualidade.


Mas somos plenamente Livres. Como nunca na História da Humanidade o homem está liberto.


Liberto para o acerto. Liberto para o equívoco. Assim é hoje a nossa trajetória!


Paulo Cesar Fernandes

08  06  2013

Vivificar o pensar espírita

Abrindo outros canais de pensamento.

Quem sabe o ateísmo não é uma possibilidade sempre desprezada pelos verdadeiros pensadores espíritas.

Não me incluo entre eles. Apenas reflito sobre algumas questões, e descarto um monte de inútil religiosidade e tolices construídas pela ignorância de muitas pessoas no movimento espirita.

Todos falam em estudar, mas poucos são os que pegam livros e se debruçam, não apenas em Kardec, mas em todos os ramos do conhecimento.

O progresso do pensamento espirita virá não da letra que mata, mas das diversas outras formas de pensar, capazes de vivificar o pensar espírita.

Paulo Cesar Fernandes

08  06  2013

sexta-feira, 7 de junho de 2013

20130607 Ordem natural

"Eu de muito boa-vontade gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado."
Paulo aos Corintios II 12:15



O amor verdadeiro e sincero não pede troco.


"Eu só vou gostar de quem gosta de mim." dizia uma música de muito tempo atrás. O autor propunha uma relação comercial do amor.


Quando na verdade é muito diferente a realidade do amor. Ele é. Brota do coração naturalmente. Por vezes num filete pequeno, acrescido dia a dia pela convivência e descoberta recíproca.


Outras ocasiões vem na paixão avassaladora, e toma de roldão a racionalidade anulando-a. O casal enceguecido acaba se fechando num circuito onde nada tem espaço além deles dois.


A paixão é normal, creio eu, num primeiro momento. É o processo natural de atração.  A admiração mútua. Cada pequena descoberta, de qualidades e defeitos da companheira ou companheiro. Esse momento importante, encontra seu equilíbrio no tempo. Deste ponto em diante é a vida a dois mesmo. Algo capaz de ser sereno ou tormentoso, dependendo das qualidades da parelha.


Isto posto. Vamos ao amor tratado por Paulo de Tarso.


Cuida ele do seu amor pelos companheiros de ideal. Reafirma esse amor, mesmo sabedor de sua não  correspondência por parte dos outros.


Corretíssimo. Pois a felicidade está em amar. E muitas, inúmeras são as pessoas dignas de nosso amor. Estão por toda parte, em todos os lugares as encontramos. Por vezes descobrimos uma nova pessoa, e por ela desenvolvemos um carinho muito grande. Algo cheio de admiração e sinceridade brotando assim, de repente.


Muitas vezes foi uma palavra sensata dessa pessoa; uma atitude benevolente; algo por ela feito nos chamou a atenção, e passamos a adimirar. Ve-la com bons olhos, e desenvolvemos afetividade.


Algo muito comum ao lidarmos com grande número de pessoas. Em posições de trato com o público; em lugares onde muitas pessoas transitam. Até mesmo na condução podemos encontrar pessoas cujo clima mental nos traga bem estar, e não é raro essa pessoa ter alguma atitude positiva como ceder lugar, ajudar um idoso por exemplo.


Estamos na Terra para aprender a viver. E viver bem pressupoe amar nossos semelhantes. Todos.


Uns são a personalização do amor. Que facilidade!


Outros porém, nos requisitam uma postura mais perseverante de descoberta de seus valores. E valores positivos todos tem. Mesmo os reeducandos de nossa sociedade.


Nessa arte das relações humanas, do desenvolvimento da afetividade estamos caminhando. Temos exemplos históricos a nos indicar o caminho. E temos o tempo. Cedo ou tarde nos encontraremos entre os servidores do Bem. Agindo e amando sem a menor dificuldade.


Esse é o projeto para nós todos. "É a ordem natural das coisas..." como afirma Kardec em diversas ocasiões.


Paulo Cesar Fernandes

07  06  2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

20130606 Adiante

"Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados."
Paulo aos Hebreus I 12:12



E se bate o desânimo?


Em todos nós pode chegar um momento difícil. Querermos desistir de nossas tarefas, sejam elas quais sejam. Parece que o mundo conspira contra nós. e achamos ser o mundo e suas dificuldades maior que nossa capacidade de resistir às suas investidas: a palavra maldicente de alguém; a violência da desonestidade, vinda de uma pessoa a qual depositáramos total confiança; a deserção de amigos ou familiares muito queridos ao coração. São várias as situações capazes de nos tirarem de onda. Ou com tal objetivo.


Mas o que ocorre?


Sempre temos a possibilidades de saltar de banda, e sairmos ilesos dessas desagradáveis situações. Basta não nos deixar afetar por nada. Nada merece tal envolvimento. Nada e ninguém, pois nosso processo existencial é solitário ao limite máximo. E somos sempre mais forte que nos imaginamos.


Se voce pensou ser isto a negação do amor, se enganou por completo. Chama-se autopreservação. Manter nossa integralidade. Talvez Jung chamasse esse processo de Individuação. Ser inteiro, ter seu EGO perfeitamente estruturado. E seguir amando aos semelhantes, interagindo, participando, etc. Mas nunca perdendo a inteireza identificadora de seu EU. Marca registrada de sua personalidade.


Estando nesse patamar. Somos capazes de nos valer das nossas mãos, no serviço aos nossos semelhantes; de enveredar por novas sendas, ainda não desbravadas por nossa solidariedade. Iniciar um processo ativo de atendimento ao semelhante, no que isso tem de mais puro e desinteressado.


O amor não pode desfazer a integridade do homem. No casal, cada um de per si deve ser Indivíduo. Ambos se somam para construir uma unidade familiar. Um Lar. Quem bem trata desse tópico é Erich Fromm, em seu livro "A Arte de Amar". Leitura recomendável a amantes. A bem amados. A mal amados. E a todo aquele capaz de compreender o amor como algo muito mais amplo e forte, não restrito apenas a uma relação a dois. O amor se espraiando pelo mundo e do qual devemos todos nos propor a aprender algo dele.


Na passagem em epígrafe, Paulo de Tarso exorta aos Hebreus, bem como a todos nós a seguir adiante. Independentemente do passado. Das dores, decepções, desavenças, de tudo quanto desagradável tenha nos ocorrido.


Seguir adiante, até porque o trabalho é o grande curativo da vida. Pensa qualquer ferida, devolvendo a tranquilidade e a harmonia de quem se faz útil. Uma utilidade voltada para si, e à Vida no seu sentido mais amplo. E sempre é tempo de começar.


Adiante! Em qualquer condição. Sempre adiante!


Paulo Cesar Fernandes

06  05  2013

quarta-feira, 5 de junho de 2013

20130605 Higienizar o espírito

“A sua garganta é um sepulcro aberto.
Paulo de Tarso em carta aos Romanos 3:13



Falo por mim. Mas..


Quantos de nós já não nos encontramos a deitar falação, muitas vezes injusta, na direção de um semelhante nosso. Ora um companheiro de ideal, cujas ideias diferenciam das nossas. Noutra oportunidade uma pessoa cujo serviço prestado em nosso lar, foi momento de atitudes menos corretas. Para um elogio raras vezes nos habilitamos, mas para uma crítica ou denúncia, temos em geral afiada a língua.


Quando chegará o tempo de projetarmos de nós apenas sentimentos afetuosos e acolhedores de quantos se nos acompanhem a marcha?


Talvez já tenhamos sido piores. Mais grotescos, grosseiros. Ainda mais intransigentes que hoje.


E daí? Vamos sair gemendo pelo mundo, gemidos gregos e guturais, para dar notícia ao mundo de nosso arreependimento?


Baboseira total. Simplesmente virar a página. E iniciar um processo de higienização interior. Pois dum espírito embrenhado no Bem e na Espiritualidade não há tempo a perder em palavrório inútil e ferino. Muito menos em macerações.


Quem tem seu tempo bem ocupado, não se ocupa com o mal ao seu redor. Nem o percebe, creio eu. E se o percebe, lhe passa ao largo.  "O mal não merece comentário em tempo algum." disse Emmanuel ou André Luiz com toda propriedade.


Juiz? Estou fora! Devia ser uma atitude geral.


O bom apenas ve o bem em todas as coisas.


Dona Maria Eugênia, personagem da minha infância. Amiga de minha mãe, sempre apta a encontrar qualidades nas pessoas tratadas nas conversações.


Lembro da noite em que minha família concluiu ser a bondade, e pureza de coração, a qualidade marcante da personalidade de Dona Maria Eugênia.


A pureza de coração é também a qualidade marcante do espírito de Francisco de  Assis. Na minha opinião. Um espírito com pureza interior e bondade. Quando se ve diante da escolha entre a vida na materialidade e a espiritualidade opta pela segunda. Mesmo isto lhe custando o convívio da familia a quem amava.


Todos os espíritos de grande força ideológica acabam por fazer opções, nem sempre as mais agradáveis a seus familiares, amigos e conhecidos.


Dependendo do momento sócio-político, muitos entregam a vida na reafirmação dos seus ideais: Jesus de Nazaré; Sócrates; Ernesto Che Guevara; são apenas alguns dos nomes de grande envergadura. Outros tantos nomes podemos conhecer ao pé de nós; ou mesmo entre artistas, filósofos e intelectuais de nossa admiração ou predileção.


Olhar a vida sob uma ótica benevolente, projetar tal benevolência em nossas palavras não é tarefa para Deuses do Olimpo. Dentro de nossa humanidade somos capazes de mudar nossos rumos, para com isso construir um outro mundo.


Um mundo de Paz, Justiça e Amor. Nascido de nossas palavras e refletido em nossos atos.


Paulo Cesar Fernandes

05  06  2013

terça-feira, 4 de junho de 2013

20130604 Filipenses do presente tempo

"Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado a perfeição, mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, avanço para as que se encontram diante de mim,"
Paulo aos Filipenses  3:13 e 14



Atire a primeira pedra, quem não tiver em seu passado alguma coisa, pequena ou grande para lamentar. Uma palavra grosseira. Uma incompreensão nossa para com alguém, ou de alguém para conosco. Acho improvável que ninguém o tenha. Mas vamos ficar chorando o leite derramado?


Nem a pau! O negócio é seguir adiante. Ainda mais sabendo ter pela frente um tempo infinito para fazer e refazer nossa jornada.


Cada manhã o bem-te-vi canta diferente no quintal de minha casa. Afinal é um novo dia. Ele vem com um canto igual. É o mesmo cantar: "Bem Te Vi". Mas é diferente. Diferente o pássaro, ou diferente o canto, caso seja o mesmo passaro. De ontem para hoje esse pássaro algo mudou. De ontem para hoje mudei eu. O
vento pode ter alterado a posição da antena de TV onde ele se empoleira. Tudo sempre muda. Sempre muda.


Cada vez que entrava no Rio Coxipó em Cuiabá era uma coisa diferente. Temperatura da água, do dia, as companhias, a solidão, o trecho do rio selecionado, transparência da água, tudo se alterava sempre. E isso é uma mágica da vida. Esse eterno transformar.


"Nada será como antes amanhã." diz Milton Nascimento com toda maestria.


Passado? Passou.


Futuro? Começa depois desse ponto. E recomeça sempre, aberto a tudo sempre. Generoso sempre.


Quem mergulha no passado, e nele fica nadando, acaba perdendo o belo trem da história, a ser construida a partir de agora.


Quando Paulo de Tarso manda os Filipenses olharem para frente e tocarem o barco, tá mais que certo. Todos os povos devem seguir adiante. Muito embora guardem a memória dos fatos ocorridos no passado. Nunca o passado deve ser uma prisão, quer se trate de um povo, uma nação; quer se trate de uma pessoa, uma individualidade.


Se sofrimento ocorreu a um povo, guardemos a certeza da superação desse sofrimento. Lembro aqui a luta dos negros norte-americanos pelos direitos civis em seu país. Pete Seeger fez uma musica que lhes acabou servindo de hino: "We shall overcome!" (Venceremos!). E ainda hoje é cantada em todos os movimentos de Libertação de povos e minorias etnicas principalmente. Outros movimentos acabam criando outros hinos.


Pensemos num povo, pensemos numa individualidade, todos temos o direito de olhar o mundo com esperança. Positividade.


Afinal de contas, quem disse que não somos os Filipenses da atualidade?


Paulo Cesar Fernandes

04  06  2013