quarta-feira, 28 de agosto de 2013

20130828 Normal

Normal 1

"Meu caminho pelo mundo.
 Eu mesmo traço.
 A Bahia já me deu, Graças a Deus.
 Régua e compasso."


   Aquele Abraço - Gilberto Gil


Normal. Normal


Afinal que significa isso?


E qual relação tem normal com norma?


Os dicionários da WEB pode ter imperfeições, mas cumprem sua função numa rápida pesquisa. Assim, fui em busca das significações:

Norma
É um termo que vem do latim e significa “esquadro”.
Uma norma é uma regra que deve ser respeitada e que permite ajustar determinadas condutas ou actividades.
No âmbito do direito, uma norma é um preceito jurídico.
Fonte:
http://conceito.de/norma

Normal
1. conforme à norma ou regra
2. que serve de modelo; exemplar
3. regular; habitual; ordinário
Fonte: normal In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-08-28].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/normal



Lembro ainda, em estatística temos a curva da normalidade, ou a curva normal. Dessa forma, as pessoas fora do padrão estabelecido pela sociedade como um todo; ou ao padrão de um determinado agrupamento social, costumamos dizer que "são pessoas fora da curva". Uns por carência, outros por excesso, mas estão fora do
estabelecido padrão.


Em nossa "Sociedade de Consumidores", aquele cidadão desapegado dos bens de consumo, voltado para outras tantas coisas, é seguramente uma pessoa olhada de forma enviesada por seus pares.


Numa roda cujo tema são as novas versões anunciadas de celulares ou outro tópico temático do grupo ele passa ao largo. Deixando
para trás algum comentário:

_ Em que mundo esse cara vive? Faz questão de ser diferente. - anota um.

_ Deve ser um alienado. - arremata outro.


Há uma norma de pensamento para nossa sociedade?


Há um pensamento tido como normal em nosso meio?


A competitividade é uma norma típica do capitalismo. Vencer o outro. Diminuir o outro. Derrubar o outro. São parâmetros tidos por normais nas sociedades onde o capitaliso é vigente. Basta ouvir esses consultores empresariais para tomar conhecimento de variações diversas da mesma ladainha.


Quais os grandes difusores dessa ideologia?


Os Meios de Comunicação de Massa (MCM). Já não mais é uma ideia tão somente, é uma ideologia perpassando todo o
tecido social e adquirindo o status de idéia hegemônica, como queria Antonio Gramsci. E sob o manto da naturalidade se consolida uma forma de pensar como sendo a única possível.


O Professor José Pablo Feinmann da Univ. de Buenos Aires, em suas aulas de Filosofia, diz que ao entrar num taxi naquela metrópole, pelo discurso do taxista, é capaz de dizer qual ou quais as rádios mais ouvidas por esse homem. Segundo Feinmann as pessoas "são pensadas" pelos MCM, abrindo mão de sua capacidade de analisar autonomamente cada momento político, cada conflito apresentado pela sociedade; cada assunto da ocasião.


Enquanto espírita, vejo tal atitude como a morte da individualidade enquanto tal. O espírito se soma na massa acrítica e vive. De uma maneira ou de outra vive. Mergulhado na mais profunda materialidade/materialismo, mas vive suas alegrias e suas tristezas; seus sucessos e seus insucessos.


Mas será uma vida produtiva? Quando questiono penso na produtividade proposta por Erich Fromm em "Psicanálise da Sociedade Contemporânea" e "A arte de amar".


Estamos na vida/encarnação para consumir produtos e ideias enlatadas? Para engrossar a fileira dos "normais"?


Esse é o sentido buscado na encarnação? Pensando mais amplo. Para isso serve a existência do espírito?


Ou, muito pelo contrário, nosso objetivo é o desenvolvimento de nossas capacidades nos mais amplos ramos do conhecimento e da ética? Sob o manto da mais profunda Liberdade. Uma Liberdade capaz de fazer eclodir toda nossa criatividade; e, em decorrência disso sermos nós algo mais felizes.


Nada de pensar a felicidade como algo distante e inatingível. Ela é para ser vivida Aqui e Agora. Na imediaticidade do tempo. Criando somos felizes.


Tenho proposto:


LIBERDADE como condição da CRIATIVIDADE, desta decorrendo a FELICIDADE.


Uma fórmula simplória, humilde mesmo, mas empaca exatamente em seu ponto inicial. As pessoas tem medo da Liberdade, pelo custo do compromisso consigo mesmo e com a sociedade na qual o espirito está inserido.


Para ser livres perdemos algumas coisas, mas ganhamos outras tantas. A meu juízo mais importantes e mais significativas para nossa existência, essa mesma capaz de ultrapassar os limites do túmulo se espraiando no tempo.


Precisa coragem para ser livre.


Na ótica da imortalidade do espírito vale a pena apostar na busca da Liberdade.


Se o espiritismo não cumprir a função de tornar o espírito cada vez mais livre, e cada vez mais senhor de si, por certo o espiritismo não cumpriu sua função na face da terra.


Somos seres incompletos. Apenas chegaremos à completude, através da Liberdade oportunizada pela compreensão mais profunda de toda a Obra de Allan Kardec.


Paulo Cesar Fernandes

28 08 2013

1. Reflexões nascidas do artigo "Apreciações sobre Normose" de Vinicius Lousada. Publicado no Jornal "Opinião" nº 210 Agosto de 2013.