sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Resignação e vivência

"Seja feita a Tua Vontade, e não a nossa"


Há momentos de nossa existência, em nos quais gostariamos fosse outro o texto trazido por Jesus, ao nos ensinar a nos relacionar com o divino.
Mas, se assim não foi, há um motivo definido e notadamente justo.
Devemos aprender o processo da resignação, diante de todas as ocorrências de nossa existência. Tanto dentro do corpo físico, bem como fora dele, de vez que a existência é perene.


Somos viajantes, que tomamos multiplas e multiplas conduções, para chegar ao destino para todos nós traçado: a sabedoria e a felicidade.
Lutamos e sofremos por um motivo muito simples, segundo o grego Aristóteles: "não aprendemos a viver".


Nesse sentido, nos é dado o tempo e as inumeras encarnações (embarcações), com as quais vamos colhendo mais e mais tesouros de conhecimento. Elementos valiosos que permitirão a tão sonhada sabedoria. A justeza de raciocínio. O amor aos semelhantes.


A simplicidade e a liberdade plena, são os elementos que trarão a nós a felicidade.


Para chegar ao final de nossa jornada, vamos contando com amigos das mais diversas localidades, a começar pelo ninho doméstico, a familia consanguínea, se expandindo sem limites.
Vivências todas estruturadas no amor e perpassando o tempo.


Paulo Cesar Fernandes


03/08/2012

terça-feira, 31 de julho de 2012

Riqueza

Estava lendo um texto no qual o autor, que já não vive entre nós, tecia críticas à riqueza, como se esta fosse um flagelo ou um crime.

Eu a defendo.
E defendo toda a riqueza angariada na dignidade do trabalho. Sem a exploração de nenhum semelhante, sem a obtenção de contratos fraudulentos, enfim uma riqueza merecida. Cristalina.


Quem não admira um cantor que, pouco a pouco vai construindo sua carreira, um pequeno sucesso lhe abre portas para maior número de shows, maior público, maior numero de musicas baixadas e pagas pela internet.
Pois é justo que todos ganhemos por nosso trabalho, inclusive e principalmente os artistas que com a sua arte fazem a alegria e a felicidade de muitas pessoas.


Artista há inclusive que voltam sua arte em benefício de alguma causa.
No momento em que a xenofobia se iniciou na Europa diversos artistas se reuniram num show contra tal atitude. E ao fundo do palco, um grande painel dizia "Hoje eles, amanhã voce". Se neste show os artistas deram seu cachê para a causa, seu aparecimento nele abriu portas para compra de sua arte por diversos meios.
Eu mesmo, que baixei muita coisa de um desses artistas, pois é uma arte não encontrada nas lojas do Brasil, estou agora, num outro momento inclusive financeiro importando um DVD desse artista. Pois nunca me senti bem em não recompensá-lo por seu trabalho. A hora chegou.


Um amigo de infância, e mesmo meu pai, viviam do comércio.
E certos negócios trazem uma lucratividade maior. Certo está que dão um trabalho muito grande; mas, ao fim e ao cabo, deixam expressiva lucratividade. E isso sem agir de forma incorreta. Agindo sempre de forma a não envergonhar os antepassados. Muitas familias prezam a forma correta de agir de seus antepassados e buscam dar-lhe continuidade.

Não podemos e nem devemos condenar qualquer pessoa de sucesso nos negócios. Ao contrário é uma alegria.

Me entristece é ver uma casa comercial se fechando. Sofrem os donos e sofrem os funcionários.
Perto de casa fechou uma casa de produtos elétricos, fiquei triste. Tinham bom estoque, bom atendimento, mas muitas vezes a concorrência é grande, e até mesmo desleal. Prejudicando a quem vive e trabalha com correção.

Arrematando.
Tenho para mim que o Reino dos Céus é também dos ricos. E estou muito tranquilo a falar isso, pois não sou um deles. Vivo, e hei de seguir vivendo de forma modesta, por opção e aprendizado que a vida me permitiu.

Quanto aos ricos eu faço votos que muitos mais o sejam, e sigam em seu caminho distribuindo as benesses do emprego que a riqueza propicia. Só reconhece o valor do emprego quem padeceu o flagelo do desemprego.
Humilde que seja, a atividade sempre traz ao homem a sensação de completude, e a auto-estima tão valiosa.

Paulo Cesar Fernandes

31/07/2012

Labirintos da Moral

Labirintos da moral
Fragmento do dialogo entre Mário Sergio Cortella (PUC-SP) e Yves de LaTaille (USP-SP).

Mário Sergio Cortella - Filósofo, teólogo e discípulo de Paulo Freire aprendeu direitinho as lições.
Yves de LaTaille - Professor do IP - Instituto de Psicologia da USP
Ambos, por sua simplicidade nos trazem lições de vida no contato pessoal.
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MS
E, como voce colocou, de fato, a temática dos valores aparece mais como queixa do que como convicção. Por vezes, é uma lamúria: "Essa juventude está perdida". Alias alguns dizem:
"O mundo está perdido". Costumo brincar dizendo que quem repete muito isso começa a se perder no mundo. Afinal "perde-se" aquele que não compreende o que está acontecendo ao seu redor.

Yves (falando sobre a escola e o suicidio
É fundamental tocar na questão existencial. Voce lembra bem o livro de Durkheim, em que ele coloca claramente: não é a miséria que leva ao suicidio, não são nem o alcoolismo nem a aflição, é sentir-se fora do mundo, sentir-se num mundo "desencantado" - para usar uma expressão de Weber - sem sentido.
As virtudes fazem parte de uma leitura ética do caráter, ou seja, de uma leitura não psicológica, que dá um sentido valorativo à questão da personalidade. Pode-se notar também uma volta do tema da "felicidade", do bem viver - tipico da Grécia Antiga.


MS
Mas o que se ve hoje? Há uma fratura muito fortedo tema da felicidade no nossoo cotidiano, pois não existe "felicidade individual". A felicidade é como a liberdade: a minha liberdade não acaba quando começa a do outro; acaba quando acaba a do outro.
Se algum ser humano não for livre, ninguém é livre. se alguém não for livre do descaso do abandono ninguém é livre. Assim também se alguém não for livre da discriminação, ninguém é. Portanto, tanto a noção de felicidade, quanto a de liberdade são universais. Éaí que elas se aproximam da éticano campo da própria universalidade.

Yves (falando de religião
E outra coisa que tambémme chama a atenção - embora seja até contraditório com a idéia de religião - é que muitas vezes, as buscas de sentido guardam uma característica do nosso modo de vida atual, ou seja, do individualismo.
Mas qual o preço ético do individualismo? É a idéia cosmopolita: "Então eu não sou mais da familia x, do pais y, do grupo tal, mas sou cidadão do mundo". No sec XVIII, isso era muito claro: para ser cidadão do mundo, eu preciso enxergar alguma coisa de comum neste mundo... Acho que as utopias permitiam essa identificação. Hoje não existe mais isso. Então o individualismo prevalece;...


MS (acerca da tolerância
Exato. Eu o suporto, aguento. Voce não é como eu, aceito isso, mas continuo sendo eu mesmo. Não quero ter contato, só respeito a sua individualidade. Em vez de utilizar a palavra "tolerância", tenho preferido uma outra: "acolhimento". Há uma diferença entre tolerar que voce não tenha as mesmas convicções que eu - sejam religiosas, politicas ou outras - e acolher suas convicções. Porque acolher significa que o recebo na qualidade de alguém como eu.
Voce citou Camus antes, e me lembrei agora do livro O estrangeiro. Embora Camus trate do tema do próprio sentido da existência- ou do não-sentido - acho o titulo especial, porque O estrangeiro lembra alteridade. Um dos temas que a escola precisa trazer cada vez mais para o cotidiano dos alunos é a visão de alteridade: olhar o outro como outro e não como estranho.


Yves
Portanto como um "nós".


MS Exato. Como um "nós", como nosotros. Afinal de contas quem é o outro de nós mesmos? O mesmo que nós somos para os outros, ou seja, outros e não estranhos.
Acho que temos familias que já foram comunidades e uma parte delas já se tornou mero agrupamento. Tanto que as pessoas não se encontram. Elas são alheias umas às outrasdentro da estrutura. Há comunidades escolares que não são mais comunidades, são agrupamentos escolares. Ora, a questão central da ética é a formação de comunidades e não de agrupamentos.


Yves (falando da responsabilidade de pai
Participei do movimento etudantil aqui do Brasil, na década de 70, e até hoje existe essa idéia de o fato de termos sido contra a ditadura - que claro é muito positivo - bastava para nosconferir uma perfeiçpão individual. Como o individuo não estava em foco naquele momento, talvez nós tenhamos sido ( não todos evidentemente) desleixados na educação de nossos filhos, porque, na verdade, ser pai é cuidar de indivíduos. Acho que falhamos na articulação entre o coletivo e o individual. Mas naturalmente não é só isso. Há vários outros fatores que contribuiram para que chegássemos à realidade atual.


MS
Paulo Freire conferiu um sentido novo à palavra esperança, lição que a gente deve repetir sempre. Ele dizia que era precisoo ter esperança, mas esperança do verbo esperançar. Porque a esperança que vem de "esperar" é pura espera, ao passo que quando proveniente de esperançar significaria se unir e ir atrás, não desistir.

Yves
É agir.

MS
Esperançar é uma idéia muito forte, porque coloca a pessoa na condiçãode agente.
Após tratarem das dificuldades de construir uma carreira na Universidade por 25 anos vem a questão do mérito.


Yves
Mérito como privilégio é similar ao tema da honra. Há dois tipos de honra: a honra-precedencia e a honra=-virtude. A honra-precedencia se caracteriza por alguém exigir deferencia - por exemplo, por ser nobre. Nesse caso trata-se de um privilégio. Já a honra-virtude é a proveniente das habilidades pessoais. Aí sim, há mérito.


MS (sobre o ócio
Porque também nós docentes, em várias situações, consideramos tedioso ensinar. Há um descompasso que deve ser superado, porque do tédio pode-se chegar à rejeição do outro, que passa a ser visto como responsável pelo nosso tédio. Como nossos filhos nos dizem (ou nós, quando crianças, diziamos para nossos pais): "Puxa, não tem nada para fazer nesta casa!?!". Como se alguém tivesse que nos oferecer o que fazer e nós não tivessemos que inventar por mérito próprio...
Acho que a honra como valor, retomando o tema, é a capacidade de inventar um uso do tempo e, portanto, ser o senhor de sua vida e não só o Senhor dos anéis.


Yves
Um mundo em que se enfraquecem as noções de mérito, de auto-respeito e de honra. Faz-se de tudo para ser uma pessoa conhecida. E essa busca de glória, de visibilidade é uma das características da sociedade atual. A ponto de, para tanto, fazerem-se concessões - como por exemplo, se pode ver no programa Big Brother. Aliás, que nome, não é? Estado totalitário, do dinheiro, da fama...
Depois de falar sobre Educação Moral e Cívica


Yves
Sem dúvida. A escola precisa urgentemente assumir sua tarefa, pois é a única instituição que ainda tem legitimidade social para tanto, a única que, no fundo, diz respeito a todo mundo, visto que, em algum momento da vida, todo mundo é aluno ou professor, pai ou irmão de aluno...Ou seja, a escola ocupa um lugar central na sociedade, embora me pareça que ela tem abdicado de seu caráter de liderança.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Escolhidos

Na Antiguidade, um meigo, porém justo nazareno disse com propriedade:
"Muitos serão os chamados, e poucos os escolhidos."


E o tempo passou. E as técnicas de comunicação se avolumaram e aprimoraram.
Temos, a tempo e a hora, todo tipo de informação necessária ao nosso aprimoramento.
Podemos inclusive escolher o tipo de aprimoramento ao qual estaremos investindo nosso tempo.
Na ciência; na tecnologia; no comércio; sociologia do conhecimento; etc.
Todas elas, de uma forma ou de outra desaguariam no aperfeiçoamento espiritual a que todos estamos convocados de tempos imemoriais. Só para lembrar tomemos os ensinos de Sócrates e Platão.

Nosso amigo Emmanuel em "Instrumentos do tempo" traz uma série de anotações, peço permissão ao leitor de escrever algumas dessas idéias com minhas palavras, tendo no pensamento do companheiro espiritual um mote inspirador, sugerindo ao leitor que não deixe de consultar o original, por ser melhor e mais completo em comparação às linhas a seguir traçadas.
Dada a facilidade trazida por nosso tempo todos somos instados a participar de um processo, não fora de nós, porém no mais profundo de nossa individualidade através de algumas iniciativas:


. lutar por aprimorar nossos pensamentos e atos, uma vez que o pensamento é força mobilizadora de energias capazes de desencadear nobres atitudes, ou seu inverso;


. perdoar, e perdoar cada vez mais, e sempre; a tal ponto de não lembrarmos da falta por outrem cometida: esse é o verdadeiro perdão, aquele que apaga tudo de nossa memória como se nada houvesse ocorrido;


. perceber que, todos nós habitantes deste planeta, temos um ou outro defeito; ou, muitos deles ao mesmo tempo; isto nos estimula a uma compreensão fraternal das diversas formas de pensar e agir com as quais temos oportunidade de nos confrontar. Aspecto enriquecedor, pois é a diferença que enriquece, é a divergência e o
confronto o que provoca e estimula a mudança e progresso de opiniões e crenças;


. tendo em vista a imperfectibilidade presente é vital que tenhamos a capacidade de ajudarmos uns aos outros em seus processos existenciais. "Não nascemos prontos" como nos ensina Mário Sério Cortella, dileto discípulo de Professor Paulo Freire. Todos vivemos num constante processo de burilamento e aperfeiçoamento. E este é um processo sem fim. Lembrando sempre que todos ensinamos, bem como todos aprendemos nos processos da vida. Tenhamos humildade de aprender. Quem teve oportunidade de contato com as camadas economicamente menos favorecidas, se foi um espirito atento, muito aprendeu por certo;


. ter fé na vida, e a certeza que nunca estamos desamparados, nunca. Mesmo nos momento em que nos sintamos mais solitários, estejamos convictos da presença de amigos não visíveis a nós sempre zelando por nossa alegria e bem estar. Isso é parte da vida, da Lei de Afinidade que une as almas vinculadas a este planeta.
Sempre é gratificante pensar nesta perspectiva;


. se a dor se apresenta ao nosso redor, possamos ser a palavra serena e calma e revigorar a alma que sofre. Muitas vezes em silêncio. Apenas os olhos clamando por auxilio. Devemos estar atentos aos olhos de nossos semelhantes, e olhá-los com a sinceridade de uma criança. E perguntar da dor ali presente;


. deixar o coração se enternecer pela dor e se colocar a serviço de seu semelhante, pois a oportunidade que temos não se repete facilmente. É como o verso ao poeta, fugaz, volátil, de fácil perda. Assim é, quando a possibilidade de fazer o bem se apresenta;


. afastar-se da vaidade, caso ainda ronde a própria existência, uma vez ser a simplicidade uma das fontes cristalinas e puras aos que tem sede de paz e felicidade;


. deixar que a Razão e a busca do Bem comandem a própria existência, pois "todo o resto vos será dado por acréscimo" buscando do próprio Jesus as palavras para finalizar nossa conversa.


Paulo Cesar Fernandes


30/07/2012

domingo, 29 de julho de 2012

Fome e sua satisfação

Tenho conversado com uma amiga através de e-mail, sobre diversos aspectos da nossa existência terrestre, aspectos físicos e aspectos espirituais, com a Lei de Afinidade vinculando espiritos, dentro e fora da vida corporal.

A caminho da Pamela, na Carvalho de Mendonça, local onde habitualmente almoço, me veio à mente a questão da fome. E a saciedade dessa fome.
Não falo aqui da fome que assola o mundo, essa vergonha, esse flagelo, que tem culpados sim, cujos lucros são astronomicos. Nada disso.

Pensava na fome e sua saciedade.
Por que motivo um almoço nos satisfaz e outro não?
Ambos nos alimentam o corpo, cumprem a função a que nos propusemos diante do prato.
Mas alguns dias saimos gratificados pela saciedade, e pelo prazer imenso, trazido por essa coisa simples e bela do ato de nos alimentar.
Há, por outro lado, dias em que saimos como se nada ocorrera. Falta algo. Uma sensação de incompletude.
E não sabemos dizer o que nos está faltando. Onde está o erro.
O mesmo pode se dar, tanto quando comemos fora de casa, como quando preparamos a comida em nosso Lar.


Pensava.
O mesmo ocorre com uma relação sexual, algo mais amplo que o ato sexual apenas, mas o mesmo fenômeno ocorre.
Até mesmo quando temos uma companheira por anos a fio. Com "estabilidade" marital.
Dias há com atividade sexual plena, satisfatória a ambos, um clima de delicadeza e emoção perpassa o Lar.
Outras vezes, no entanto, fica faltando algo. E não há quem culpar uma vez ser uma relação de espiritos que se conhecem bem.
Esse tipo de coisa é mais comum de ocorrer quando a troca de parceira é um elemento constante.
Afinal cada parceira é um psiquismo diferente, vivendo um momento diferente, com seus problemas e suas alegrias, tal como nós.
Podemos estar numa fase de maior intensidade energética e nossa performance na atividade sexual é mais forte. Satisfaz a parceira e a nós mesmos mais plenamente.

Embora esse tipo de coisa sempre tenha a característica de uma "trepadinha", nada comparável a uma relação estável, madura onde o casal se conhece, e se for inteligente conhece cada ponto do corpo do outro, sabendo onde o prazer é mais intenso. Lidando com isso com certa arte.

E não tem a ver ainda, em ambos casos, com os momentos anteriores, as chamadas preliminares, que ajudam porém não definem a satisfação. Não constroem a plenitude de uma relação sexual.

Agora. Refletindo sobre a plenitude de uma relação sexual, ou sua ausência, me vem a idéia disso se pautar na relação entre os espiritos.
Na similitude do momento, e do padrão energético do casal. Semelhança ideológica inclusive.

Homens e mulheres somos seres mutantes, e isso é uma qualidade em nossa existência.
E dentro dessa mutabilidade, seja o casal perene, seja eventual, pode estar dentro de um mesmo diapasão, ou em profundo desacordo.
Isso pode, em teoria apenas, explicar o motivo de determinadas relações serem tão insatisfatórias.
E outras, por benevolência da vida, serem tudo aquilo desejado e muito mais. Tocando as fibras mais profundas de nossa sensibilidade. E nos dando a sensação da beleza estar presente em todas as coisas ao nosso redor.

De Zygmunt  Bauman "Amor Líquido" trago um trecho onde este busca  meu  outro referencial, Erich Fromm:

Como que antecipando o padrão que iria prevalecer em nossa época, Erich Fromm tentou explicar a atração do "sexo em si" (do sexo "pelo sexo", praticado separadamente de suas funções ortodoxas), referindo-se à sua qualidade como uma (enganosa) resposta ao desejo, demasiadamente humano, de "fusão total" por meio de uma "ilusão de união".


União — porque é exatamente o que homens e mulheres procuram ardentemente em seu desespero para escapar da solidão que já sofrem ou temem estar por vir. Ilusão — porque a união alcançada no breve instante do clímax orgástico "deixa os estranhos tão distantes um do outro como estavam antes", de modo que "eles sentem seu estranhamento de maneira ainda mais acentuada". Nesse papel, o orgasmo sexual "assume uma função que o torna não muito diferente do alcoolismo e do vício em drogas". Tal como estes, ele é intenso — mas "transitório e periódico".


A união é ilusória e, no final, a experiência tende a ser frustrante, diz Fromm, por ser separada do amor (ou seja, permitam-me explicar, do tipo de relacionamento Fürsein; de um compromisso intencionalmente duradouro e indefinido com o bem-estar do parceiro). Na visão de Fromm, o sexo só pode ser um instrumento de fusão genuína — em vez de uma efêmera, dúbia e, em última instância, autodestrutiva impressão de fusão — graças a sua conjunção com o amor. Qualquer que seja a capacidade geradora de fusão que o sexo possa ter, ela vem de sua "camaradagem" com o amor.



Finalizo.
A sexualidade é uma área corpórea-espiritual, negar uma das partes desse binômio, ou valorizar mais a uma que a outra é um equivoco.

Afinal:
"Não existe pecado do lado de baixo do equador
Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho
Um riacho de amor..."

Chico Buarque de Hollanda "Não existe pecado ao sul do equador"


Paulo Cesar Fernandes

29/07/2012