quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Senda única

Há um caminho que não seja o amor na busca serena da felicidade?


Não falo aqui no circuito fechado de um casal e pleno deleite de presença, como diz o poeta “na base do só vou se você for”, apesar de reconhecer o valor desses tempos deliciosos.

A questão mira/visa essa coisa transbordante de vários corações; admirados por todos, cujo único prazer é o sair de si em direção ao semelhante. Quantas vezes o encontro desejado não é uma trombada; um atropelo; deixando atônito o coração aberto do que ama verdadeiramente, e mais que tudo, sem fronteiras de qualquer espécie: racial; econômico-social; religião; nacionalidade; opção sexual; etc.

Amar é arrojar-se de pára-quedas de braços abertos abraçando o mundo.

Quanto me/nos falta para a trilha simples do amor sem quesitos, o amor “apesar de...” essa coisa negada invariavelmente por quase todos nós?

Não seria esse estado de coisas o verdadeiro aprisionamento?

Um obstáculo real à felicidade por todos tão almejada?

Como ser feliz cultivando o desamor, a animosidade ou o ódio?

A felicidade, segundo penso, pressupõe num corpo limpo, uma alma clara, de pensamentos edificantes e atitudes embora pequenas, significativas no processo existencial de nosso semelhante mais que no nosso.

É possível pensar em nossos semelhantes próximos ou distantes com um coração de acolhimento.

Pense este o que pensar, venha de onde vier; se tiver a paz no coração, a sinceridade e a sede de justiça propalada por Jesus, estará dentro de nosso universo de relações; se somará ao nosso caminho, nossa senda extensa rumo à felicidade. Mas uma senda que, uma vez transposta, não admite via de retorno em nosso íntimo.

Podemos sim resgatar algum retardatário que se demorou na estrada; tal qual fomos nós mesmos resgatados por tantas vezes.

Mas a existência espiritual não nos cobra pressa, a rigor não nos cobra nada. Cada qual caminha segundo seu ritmo.

A Liberdade Plena é parceira do Livre Arbítrio nesse aspecto. Somos capazes de estacionar sem qualquer perda; e, mais tarde, já reanimados, seguir adiante no projeto de felicidade a serviço dos nossos semelhantes.

Se aqui na Terra o tempo nos escraviza, na trajetória existencial do espírito a dimensão espaço/temporal perde o senso.

Somos viajantes do espaço sideral, bem como do espaço mental construído por nós em pensamentos e atos.

Como plantados estão nossos pés nesta Terra acolhedora, é no tempo que esta disponibiliza, quando faremos florescer nossas obras, no sentido desse amor mais amplo inicialmente tratado. Que projetado no tempo da Terra, ou no tempo existencial do espírito, se converterá no sentimento de plenitude e ajuste à Lei Natural nos trazendo esse elemento a qual chamamos Felicidade.



Paulo Cesar Fernandes

30/12/2011