sexta-feira, 24 de outubro de 2014

20141024 Vida

Vida


Como fazer da vida um suave cantar?


Essa questão atinge uma parcela ínfima da população mundial.

Levando em conta o fato da maioria estar mergulhada na busca da
sobrevivência por um lado; e na luta contra seus concorrentes por outro lado.


Quem se permite uma questão como esta?


Aquele destituído de ilusões, ou quem optou por uma vida nos trilhos de Pepe Mujica. Uma vida despojada de esquisitices de
toda ordem. De alguma forma franciscana.


No rádio ouvi outro dia. Sócrates passava todos os dias no "Shopping" de sua cidade, e ficava admirando as coisas. Dia após
dia o mesmo estafermo presente na localidade. Até que um dia um dos vendedores se encheu de coragem perguntando:

_ Filósofo, me desculpe perguntar. Mas por que motivo vem todos os dias e se vai sem nada comprar?

_ Pelo simples prazer de saber quantas coisas são totalmente desnecessárias ao meu viver.

E se foi no seu sereno andar.


Lembro dos tempos de juventude quando discutíamos os limites do necessário e do supérfluo pautados no Livro dos Espíritos de
Allan Kardec. Quanto debate, quanta discussão, quanto tempo inútil.


Hoje me parece clara a inexistência de parâmetros exteriores a nós no tocante a essa questão.


Não me venham estabelecer regras, da mesma forma a ninguém estabeleço.


Se aposto e advogo pela Liberdade Total do espírito, não posso estabelecer limitantes. E em área alguma.


Me reservo sim o direito a algumas coisas: estar junto ou distante de determinadas pessoas; determinados lugares; determinadas comemorações; determinadas leituras; etc.


Sou o grande cocheiro de minha humilde carruagem, e a levo pelos caminhos e desvios propostos por meus mais puros instintos e
pela racionalidade diretriz.


Não há bom ou mau caminho. O que estamos no momento é sempre o melhor. E só devemos mudar caso nos advenha a dor, ou outra sorte de sofrimento. Se os ventos estão favoráveis, nada deve mudar nossos rumos.


As religiões e as instituições foram a maior desgraça para a humanidade. Todas tolhendo a liberdade do homem. Fazendo o homem pensar segundo padrões muito distantes da sua mais profunda forma de sentir.


Romper com tudo isso é o imperativo do atual momento pela qual atravessa a humanidade.


Por abaixo os padrões exteriores, o Ser fazer de seu pensar e de seu sentir o único parâmetro válido para sua vida (encarnação) e para sua existência.


Qual a implicação disto?


Os bem formados seguirão os rumos de sempre, tomando seus antepassados por parâmetros; assim como fazem os Povos Originários de nosso continente.


Os demais seguirão se agarrando em tábuas e mais tábuas de salvação sem nunca se firmar em alguma doutrina ou filosofia.
Errarão no tempo e no espaço por encarnações diversas até se encontrarem diante de si mesmo, já em processo de autoafirmação.


Sabendo-se viajor de muitas jornadas, capaz de estabelecer uma rota inicial, consciente da possibilidade de modificações. Mas uma rota autonomamente definida. Sem pastor, padre, espírito guia, e nada dessas coisas. Tomando sua estruturada racionalidade por roteiro e norma. E nada mais.


Essa é a Liberdade do espírito. E ninguém dele a tira. É conquista. É vitória. É avanço sem retrocesso possível.


Mas tem uma coisa: maturidade e independência tem um preço alto, muito alto. É bom saber disso.



Paulo Cesar Fernandes

24/10/2014