sexta-feira, 4 de outubro de 2013

20131004 Antevisão do Professor

Antevisão do Professor


Me alegra ler o "Curso Dinâmico de Espiritismo - O grande desconhecido" do Professor José Herculano Pires. Sua forma de escrever clara e direta, sem dúvida descerra véus sobre o espiritismo, realmente um desconhecido. Eu mesmo acreditava conhecer espiritismo, por ter passado pela Infância Espírita, pela Mocidade Espírita e por um Centro Espírita que primava pelo estudo.


Ledo engano. Acreditava eu vir o conhecimento por si só, de uma trajetória de contato com a teoria espírita tão somente.


Cheguei aos 60 anos e me veio a certeza de um vazio teórico, e com método venho tentando suprir minhas deficiências. Foi difícil, pois o orgulho é uma venda forte a tisnar nossa visão. Seguimos anos a fio agasalhando a crença do saber. Mas a cada contato com um livro interessante, com um novo autor, com uma outra forma de
pensar a sociedade e a própria vida percebemos quanto nos falta.


Este é um dos momentos. O texto "Função do Egoísmo no Desenvolvimento Humano" de Herculano é visionário na sua posição quanto à Ecologia e muito mais.


Transcrevo o texto na sua totalidade na perspectiva de sua utilidade a mais pessoas, da mesma forma que me foi útil.

+
"Função do Egoísmo no Desenvolvimento Humano"


Fonte: PENSE - Pensamento Social Espírita


Tudo tem a sua utilidade na Natureza. O Universo é teleológico, finalista, busca sempre e em tudo uma finalidade. Os filósofos antifinalistas apoiam suas teorias no erro humano, de todos os tempos, que interpreta a Natureza como criada especialmente para o homem. Esse erro surgiu nas selvas, permaneceu nas civilizações primitivas e projetou-se nas civilizações posteriores. Os próprios deuses e demônios de toda a Antiguidade foram postos ao serviço do homem, que embora os reverenciando, pretendiam utilizá-los como seus auxiliares.


O Universo tem, naturalmente, uma finalidade única e superior, em que todas as finalidades se conjugam num resultado único. Mas esse resultado escapa às nossas possibilidades de pesquisa, de compreensão e mesmo de imaginação. A mais inútil das coisas e os mais prejudiciais dos seres são necessários. E ser necessário é ser
indispensável, é pertencer a um elo da cadeia inimaginável que Kardec nos apresenta nesta frase tantas vezes repetida n’O Livro dos Espíritos: Tudo se encadeia no Universo.


Os problemas ecológicos da atualidade, surgidos com o desenvolvimento tecnológico, deram ênfase à importância da Ecologia, ciência das relações entre sujeito e meio e mesmo entre objeto e meio. O meio físico em que vivemos, com seus elementos naturais configurando determinada situação mesológica humana, é formado por uma infinidade de substituições necessárias à vida vegetal e animal. A ignorância do homem a respeito, tentando aniquilar elementos nocivos do meio, provoca o desencadeamento de desequilíbrios perigosos e até mesmo fatais. Minerais, vegetais e animais considerados perniciosos, quando retirados do meio, revelam a sua função necessária e têm de ser repostos ou substituídos por outros que os compensem. Esse delicado equilíbrio das coisas mínimas apresenta-se também nas coisas máximas, como no jogo de forças que sustentam o equilíbrio planetário e o próprio equilíbrio das galáxias no espaço sideral.


O mesmo acontece na nossa estrutura corporal, com seus vários aspectos físicos, psíquicos e espirituais. Por isso o Espiritismo é contrário a todas as práticas de mortificação, extinção, asfixia ou desenvolvimento de funções, instintos, percepções e poderes inferiores ou superiores na criatura humana. Esta deve ser respeitada em sua integridade, com seus defeitos, deformações, deficiências e assim por diante, cabendo-nos apenas o direito, que é também dever, de auxiliar as criaturas no seu processo natural de aperfeiçoamento e reajustamento, nos rumos naturais da transcendência.


Nem mesmo a mediunidade deve ser desenvolvida por supostas técnicas provindas de tradições místicas ou de invenção de pretensos mestres espirituais. O Espiritismo se opõe a todas essas tentativas imaginosas, que podem levar, como tem levado, muitas pessoas a desequilíbrios graves.



O egoísmo, a vaidade, o orgulho, a pretensão, a ambição representam elementos negativos da constituição do ser humano, que devem ser eliminados. Mas essa eliminação não se dá pelos métodos antigos das corporações religiosas, até hoje empregados, apesar dos terríveis malefícios causados. Kardec e os Espíritos Superiores, em suas comunicações, consideraram o egoísmo como verdadeira praga que impediu o desenvolvimento real do Cristianismo na Terra. Mas jamais aconselharam métodos artificiais para o combate ao egoísmo. As penitências, os cilícios, o isolamento, as autoflagelações de toda espécie tornaram mais negra a Idade Média e ainda hoje se escondem nas furnas da ignorância religiosa que só serviram para desequilibrar milhões de criaturas que constituem o triste e pesado legado da Antiguidade para
nosso tempo. São Tomaz de Aquino advertiu: “Mães, vossos filhos são cavalos”, e a educação das crianças transformou-se em domesticação, processo esmagador da sensibilidade infantil e das esperanças da adolescência. Gerações recalcadas saíram das estrebarias escolares em que os mestres domavam crianças e jovens a pancadas e castigos brutais, para moldá-los segundo os modelos estabelecidos à formação de multidões padronizadas. Todos nós carregamos ainda as marcas profundas e dolorosas, deformantes, do relacionamento humano na Terra.


Com a caridade os homens vão aprendendo a sair do egoísmo para o altruísmo, a não pensar apenas nos seus problemas particulares, a não dividir o seu tempo e bem-estar apenas com os familiares, mas levar um pouco de si mesmos e dos seus recursos para a família maior que sofre lá fora. É essa a finalidade do princípio cristão da caridade no Espiritismo. Por isso a caridade espírita não pode cercar-se de barreiras e dificuldades, de exigências e desconfianças. Deve ser ampla e generosa, acessível a todos, evitando constranger ou humilhar os que a recebem.



O ego é como uma flor que primeiro se fecha no botão para depois desabrochar na corola e por fim doar-se nos frutos.


Tentemos visualizar o processo de formação do ego, para compreendermos a função do egoísmo. A dialética espírita nos ensina que o espírito (não individualizado, mas como o elemento espiritual catalisador, capaz de atrair e aglutinar a matéria esparsa no espaço) liga-se à matéria para lhe dar forma, estrutura. Podemos seguir esse processo no caso humano, em que o ego aparece como um pivô da personalidade em formação, desde a infância. A criança é egocêntrica, é um pivô em torno do qual giram as atenções e as afeições da família. Ela se torna, naturalmente, no centro do mundo. Porque esse é o meio de consolidação da sua individualidade. Tudo quanto ela atrai e absorve do ambiente, do exemplo familial, das relações progressivas na escola e nos brinquedos, é automaticamente centralizado no ego, que é o seu
ponto interior de segurança ante a dispersividade do mundo. O botão fechado centraliza as suas energias, preparando o momento de abrir-se na corola colorida e perfumada. Essa a primeira função do ego, e essa função não é egoísta, mas centralizadora por necessidade de estruturação interna. Quando essa estruturação se define como tal, a criança se abre timidamente para oferecer ao mundo a sua contribuição inicial de beleza e ternura. É um novo ser que surge no mundo, vestido com a roupagem da inocência, como diz Kardec, e ao mesmo tempo trazendo a incógnita de um passado que se revelava pouco a pouco no esquema de um destino com ideias e hábitos negativos que nos foram impostos à força de milênios de brutalidade civilizadora.



Por isso o nosso tempo, em que tomamos consciência do absurdo desse massacre universal realizado em nome de Deus, mostra-se dominado por inquietações e desesperos, revolta e loucura, psicopatias e obsessões que levam a espécie humana a todos os desvarios e ao suicídio individual e coletivo. Temos de examinar essa situação à luz do Evangelho desfigurado e mal interpretado, muitas vezes contraditado frontalmente pelas teologias do absurdo. E temos de confrontar esse mundo-hospício, em que a loucura mansa dos clérigos e dos fascinados pela mentira consciente ou inconsciente é a mais perigosa de todas, gerando a hipocrisia das vozes impostadas e do comportamento social simulado. A simulação na luta pela vida, estudada por Igenieros num livro assustador, é o sintoma mais evidente das condições patológicas do homem atual, que se tornou num ego atrofiado, por isso mesmo vazio e faminto, que tudo quer exclusivamente para si mesmo. E isso a tal ponto que a palavra caridade, definida pelo Apóstolo Paulo numa síntese insuperável e adotada por Kardec como o fundamento da evolução humana, transformou-se na linguagem
atual num sinônimo de hipocrisia. No próprio meio espírita encontramos os desavisados que condenam essa palavra, sem lhe aprofundarem o sentido. E há os que
pretendem disciplinar a caridade, fiscalizar o seu aproveitamento pelos beneficiados e obrigá-los a determinadas exigências para socorrê-los. Há também os que alegam a
inutilidade dessa forma de ajuda. Esses não pensam no bem que uma palavra amiga e confortadora, uma visita de solidariedade, um socorro de emergência a quem está
desprovido de roupas para enfrentar o inverno ou de remédio para uma chaga, podem representar. A caridade espírita não é esmola, é doação de amor, solidariedade
humana que vale não só pelo amparo material, mas acima de tudo pelo conforto da relação humana. Sua prática não tem por finalidade sanar os males sociais com remendos eventuais, mas mudar as formas egoístas da relação humana na Terra, ampliando-a e aprofundando-a nas dimensões superiores do altruísmo. Nesse estranho panorama de castas privilegiadas, povo necessitado e multidões miseráveis, o Espiritismo considera a mecânica da caridade como o instrumento ideal para abrir corações, despertar consciências e alentar esperanças.




As ideologias políticas apresentam fórmulas de efeitos superficiais e na reforma muitas vezes penosa de estruturas, mas o Espiritismo restabelece a técnica simples do Cristo, que toca o íntimo das criaturas para atingir as causas profundas dos desajustes. Em cada reencarnação o ser repete ao mesmo tempo a filogênese material
e espiritual do homem, no desenvolvimento do embrião e na abertura progressiva do egoísmo no meio social. Vejamos os vetores desse processo duplo nas linhas da
transcendência:




a) Na magia do amor, reminiscência das atrações misteriosas na selva, o par humano se liga sob a impulsão dos instintos reprodutores e os genes se fundem no ventre materno produzindo o embrião, síntese das formas animais superadas pela espécie. A recapitulação genésica reintegra o espírito na linha filogenética e restabelece o pivô do ego em seu poder centralizador. Na gestação, o paralelismo psicofísico reordena as forças da evolução nos rumos da ascensão. A forma humana resulta das formas anteriores na sublimação do caos instintivo e sua hereditariedade psicobiologia. O espírito ligado ao caos exerce as funções discriminadoras na conformação do novo ser, disciplinando as energias consciências que marcam as conquistas do passado e as autopunições de erros e crimes anteriores. A Providência Divina envolve o novo ser em sua bênção com aparência da inocência, que lhe permitirá atrair a afeição dos familiares no restabelecimento de afetividades perturbadas ou aprofundamento das afeições sobreviventes. O novo cérebro está virgem como a tabula rasa dos empiristas ingleses, pronto a gravar um novo rol de lembranças na nova memória em
organização. No arquivo do inconsciente (nessa consciência subliminar de Myers) as heranças válidas permanecem ocultas, mas prontas a emergir na consciência de relação pelo mecanismo das associações de ideias e sentimentos.



b) Vencida a etapa uterina e a primeira infância, o ser se mostra pronto a enfrentar as vicissitudes de uma nova existência. Recobrou sua vida terrena nas entranhas da mãe, sob as influências psicofisiológicas do organismo gerador de seu novo corpo. Revela anomalias ou perfeição física e mental, segundo o seu passado. É de novo o centro do mundo e traz em si mesmo os fatores de seu desenvolvimento e amadurecimento. No lar esses fatores se manifestam desde logo, mas vão sofrer as influências modificadoras da família e da escola, para o seu ajuste necessário às novas condições de vida. O instinto de imitação lhe favorece a adaptação ao novo mundo. O ego centralizado volta a abrir-se nessas relações primárias, através do desenvolvimento da afetividade em termos eletivos. Suas preferências são ainda impulsivas, provocadas por fatores ambientais e circunstanciais, mas pouco a pouco se define a linha preferencial da razão em desenvolvimento, revelando as afinidades ocultas. O ser toma pé na realidade e manifesta as suas tendências vocacionais. É o momento de reintegração nos esquemas frustrados do passado ou de renovação do esquema em face das novas exigências da realidade nova.



c) A crise da adolescência vai revelar em breve a posição ôntica precisa ou indecisa do novo ser, herdeiro de si mesmo e das contribuições paternas e maternas, familiais e sociais, excitadas pelo meio cultural e reorientadas pela influência espiritual das entidades espirituais que protegem e o assistem constantemente. Está completa a tarefa da ressurreição na carne. Daí por diante, o novo destino do ser na transcendência dependerá de sua própria consciência. Ele está preparado e aparelhado para enfrentar
os problemas da juventude e suas graves opções, da madureza e seus desafios, da velhice e sua recapitulação de toda a odisseia existencial que deve tê-lo elevado acima do passado no processo irreversível da transcendência. O egoísmo do adulto será a marca de um distúrbio psíquico: o infantilismo. O altruísmo será o troféu conquistado da sua vitória na escalada evolutiva. Seu regresso à vida espiritual o colocará em face de sua verdadeira situação. Será certamente um vitorioso em muitos aspectos de sua personalidade, mas o fracasso na transcendência do egoísmo lhe mostrará que todas as conquistas secundárias não podem compensá-lo. Terá de voltar à existência terrena em reencarnações de abnegação forçada, não compulsórias, mas de sua própria escolha, para conseguir a superação difícil do apego a si mesmo.



Por sua própria natureza de elemento centralizador da estrutura ôntica, responsável pela sua unidade, o ego é a grande barreira contra a qual se quebram os impulsos da transcendência. Seu solipsismo tautológico o transforma numa viragem do espírito, imantando-o a si mesmo. A parábola do moço rico, no Evangelho, dá-nos o mais claro exemplo do apego ao mundo gerado pelo egoísmo nos Espíritos que se deixam fascinar pelas ilusões materiais . O ego gera as falsas ideias de superestimação individual,
de segregação do indivíduo e sua grei, considerando os demais como estranhos e impuros. Age como um centro hipnótico absorvente, impedindo o ser de abrir-se no altruísmo, fechando-lhe o entendimento para tudo o que não se refira aos seus interesses individuais. A vaidade, a arrogância, a prepotência, a insolência, a brutalidade se formam no cortejo de estupidez das pessoas egoístas e dos Espíritos egoístas.



Por isso, o Espiritismo proclama a caridade como a virtude libertadora, fora da qual não há salvação para o homem do mundo. A mecânica da caridade pode ser desencadeada, no homem do mundo, por situações aflitivas; de saúde ou de problemas familiais ou financeiros, levando-o a dar, não raro por vaidade, a primeira moeda a um mendigo. Essa doação insignificante abre uma pequena brecha no egoísmo. A seguir virão outras doações mais generosas, até que a fortaleza do ego se abale e o ser orgulhoso possa perceber a sua própria imagem refletida no espelho doloroso de um rosto de pedinte esfomeado.



O Espiritismo nos ensina a dar, além da moeda, o nosso amor a toda a Humanidade, sem discriminações raciais, religiosas, políticas e de espécie alguma. A estrutura social da civilização perfeita não surgirá das mãos dos opressores que tudo prometem, mas das mãos humildes da viúva que depositou a sua moeda pequenina e única no cofre em que os ricos despejaram tesouros para comprar o Céu.

+

Eu lia e imaginava o Professor em suas aulas na Universidade de São Paulo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas passando conceitos de Filosofia a seus alunos e tendo em cada aluno um espírito a ser formado pelo educador consciente.


Somos todos de uma certa forma filhotes desses grandes professores do viver, mas do viver numa perspectiva de espiritualidade e progresso.


Somos corpo sim, e dele tiramos o prazer sim. Mas temos momentos de alçar voo, ganhar os ares da produtividade proposta pelo Erich Fromm ao longo de toda a sua obra.



Paulo Cesar Fernandes

04 10 2013

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

20130930 Teorias não são verdades

Teorias não são verdades


Por que motivo faço com tranquilidade tal afirmação?


Por ter aprendido com um professor, que teorias são tão somente teorias, enquanto não lhe venham elementos comprobatórios mais concretos.


Me refiro ao Professor Rivail, cuja obra venho estudando com mais empenho, secundado este estudo por um dos seus maiores defensores que o Brasil teve: o Professor José Herculano Pires.


Estou certo, muitos outros homens de valor, de minha cidade de Santos e de fora dela deram contribuições significativas na compreensão desta vasta obra. Mas, desde a juventude, a forma de expressão de Herculano me calou mais fundo que os demais. Mesmo os seguidores mais próximos de Kardec como Leon Denis e Ernesto Bozzano.


Humberto Mariotti com seu "O homem e a sociedade numa nova civilização" representou a libertação do medo de ser o comunista, socialista, marxista que sempre fui. O verdadeiro titulo dessa obra era "Parapsicologia y Materialismo Histórico", mas no período da Ditadura Militar que infelicitou o Brasil a Edicel Editora se viu obrigada a mudar o título para ter sua liberação pela censura.


Manuel S Portero e Mariotti são dois grandes de nosso pais irmão.


Proposituras e não aventuras


Por vezes ouso propor algumas ideias. Todas nascidas do pensamento lógico de alguém incapaz de ver a realidade sem a imortalidade do espírito; incapaz de ver o espiritismo de uma forma não libertadora do espirito, esse espírito foco maior de toda sua teoria.


Se o espiritismo não for competente para libertar os espíritos de todas as amarras a ele atadas historicamente, não terá cumprido sua maior tarefa. Espírito liberto inclusive para ler as obras se despojando da letra que mata, impregnando-se da seiva das ideias, pois apenas elas nos vivificam a capacidade de pensar.


Como criaturas pensantes é imperioso caminhar com liberdade total. Sem mestres, gurus ou guias, capazes de embotar nosso pensamento, substituindo-o pelo seu. Esses são falsos messias ou falsos profetas. Buscam mais o brilho pessoal ao pensamento cristalino e franco, pleno de sinceridade. Pobres dos seguidores dos profetas do personalismo e da vaidade.


Não nascemos para viver com antolhos, como vivem os cavalos. Somos mais parecidos às águias cujo olhar é capaz de divisar a lucidez da racionalidade e pautar seu voo nesse céu sempre azul.


Se Herculano Pires propagava em suas obras viver no Limiar da Era do Espírito. Essa Era do Espírito já há de estar entre nós, abrindo portas e janelas para a entrada de ventos renovadores de todas as nossas estruturas mentais. As velhas estruturas autoritárias e inamovíveis não mais servem aos tempos ágeis e dinâmicos da atualidade.


Queiramos ou não, somos seres de um outro tempo. E nossa tarefa é tomar todas as contribuições desses baluartes do passado, aproveitar o cabível em nosso tempo, e partir para novas elaborações capazes de dizer o nosso tempo e a nossa sociedade na métrica da Era do Espírito presente entre nós indubitavelmente.



Paulo Cesar Fernandes


30  09  2013

domingo, 29 de setembro de 2013

20130928 Ventos de Vigo na Galícia

Ventos de Vigo na Galícia


Link de um show, motor de inspiração: Carlos Nuñez


http://www.youtube.com/watch?v=ORkpeey_Gsw


E me vejo apartado de toda a racionalidade. Mergulho na profundidade de uma mística experiência: contato com minha materna avó. Uma palavra mágica trouxe o fio da meada: Vigo.


Cidade donde se largaram de Espanha, deixando passado e Galícia para os escaninhos da memória.


Nunca he sentido abuelita tan cerca. Seus ralos cabelos como a tocar minha face, qual tantas vezes ocorreu em vida. É algo sem explicação pois a emoção abarca a todo y nos hace volver en el tiempo.


Como hoje nunca.


Diferença profunda entre a lembrança de nossa visitante e a possível presença, com toda sua carga de emoção e saudades.
Quantas pequenas palavras na Pasteur 98. Quantos acordes de violão, na sala da frente da Pasteur 67. Momentos de serenidade.


Um show em Vigo de Carlos Nuñez, promotor de tudo isso. Uma música celta segundo os apresentadores. Um som célere e belo, bem ao gosto da abuelita, quando de braços alçados ainda bem lhe dava um jeito de bailar.


Quando vejo argentinos bailar a chacarera não é outra imagem a se estampar em minha mente; abuelita bailando na sala e dizendo que a todos les gustavan tenerla como pareja en las fiestas.


Somos temporais em nossa vida na terra, mas espíritos eternos, carregados de nossas mais queridas lembranças.


Imenso público aplaudia em Vigo. Mas não se aproximavam da emoção que me ia dentro, calor na alma viajora.


A música é sem dúvida um dos meus eixos de vida.


Voltarei a ela em nova etapa de minha existência, ampla e produtiva há de ser.


Grato a Carlos Nuñez por tudo proporcionado. Sucesso, saúde e paz.


Paulo Cesar Fernandes

28 09 2013