É significativo o fato de Francisco de Assis, segundo
consta, teria sido três vezes chamado por Jesus a reconstruir sua igreja.
Não compreendeu de inicio, até um dia cuja mente mais lúcida lhe deu a perceber a significação da reconstrução interior da Igreja, pedida por Jesus.
Muitos franciscanos do mundo atual ainda pensam a
reconstrução partindo da materialidade. À medida, porém da absorção da mensagem
franciscana na sua essencialidade isto cai por terra. Lhe restando a
reconstrução mais árdua: a individualidade.
Na exterioridade tudo é muito simples; mas fazer coo
Francisco e tomar para si a mensagem do Nazareno, e vivê-la, é algo muito mais
complexo, quase impraticável.
Impossível, se o tentarmos sem deixar a materialidade dos
nossos atuais tempos. Mas, ao tomarmos para nós novos parâmetros para nossa
vida fica algo mais possível. Afinal, temos diante de nós toda a eternidade,
sendo o tempo o nosso grande aliado.
Dessa maneira a tarefa se torna plausível, executável.
Velhos hábitos caem.
Ilusões se desfazem no ar.
Nova vida tem início. Não necessariamente eclesiástica, mas
militante. Individual e interiormente militante.
Mais difícil que a Teoria da Relatividade de Eistein? Talvez
seja.
A Einstein não foi imposta a solidão. E o primeiro obstáculo
daquele convertido a uma vida simples, verdadeiramente franciscana é a solidão.
O abandono dos mais próximos.
Um vazio imenso ao seu redor.
Os próprios familiares de Francisco de Assis não lhe deram
apoio. Apenas Clara, na sua singeleza e bondade compreendeu o coração de
Francisco, devotando incondicional apoio. Mas tão logo se viu só, foram surgindo
os adeptos da mesma caminhada, e foram crescendo dentro das linhas do
Cristianismo Primitivo. Poucos porém firmes em seus propósitos.
Afinal convenhamos. O despojamento total não é muito
atrativo em nenhum momento da História dos Povos. Muito menos nos dias de hoje
pautados pelo materialismo, pelo poder, pelo sucesso nos Meios de Comunicação e
pela sensualidade, como as coisas mais importantes da vida. Basta ver os olhos
das pessoas diante das vitrines onde se apresentam as Novas Tecnologias.
Muitos podem pensar ser o desinteresse por todas essas
coisas, nada mais nada menos que uma patologia. Em mim, tem muito a ver com
minha trajetória ideológica.
Mas a paz, advinda dessa despojada postura, me esclarece ser
apenas um outro caminho; nem melhor e nem pior que o anterior; tão somente
diferente.
Diferente e respeitável pela naturalidade de sua chegada em
minha existência. Fatos se foram somando e me demovendo de posturas fixas e até
ortodoxas no campo das ideias de espiritualidade. Via tão somente um caminho.
E, na verdade são tantos e tantos os caminhos do homem a si mesmo.
Hoje dois únicos aspectos mobilizam minha análise. Seja com
respeito aos meus atos, como aos atos dos meus semelhantes:
1. A
sinceridade neles contida;
2. Seu
potencial de contribuição ao Bem Geral; Bem Maior; isto é: o Bem de Toda a
Humanidade.
Mesmo um pequeno ato tem um potencial amplo, e não
conseguimos saber sua extensão, e isto não nos devem preocupar. Se nossa
sensibilidade nos aponta a oportunidade de fazer o Bem sigamos para a ação. Sempre
equilibrando Razão e Sentimento.
Se o mundo hoje já conta com grande contingente de espíritos
voltados para o Mal. Nem que seja por brincadeira, birra, ou para ser do
contra, vamos nos voltar para a Militância no Bem.
Isto. Desconsiderando por completo as opiniões alheias
acerca de nossa opção de vida.
Quem se pauta pela Lógica Capitalista jamais entenderá a
Razão e a Lógica Socialista Radical.
Assim. Servir é a palavra. Mas não um servir religioso,
piegas, e humilhante ao que recebe os benefícios. Nada disso. Um serviço de
linearidade. Onde o que serve e o servido se olham nos olhos num completo
sentido de igualdade. Em nenhum momento a humilhação se faz presente. Um
encontro entre iguais.
Servir é para espíritos fortalecidos em si mesmo. Capazes de
enfrentar suas limitações, toda a sociedade, e por fim a morte se for preciso.
Paulo Cesar Fernandes
12 08 2013