quinta-feira, 4 de setembro de 2014

20140904 Para o momento de hoje

JOSÉ HERCULANO PIRES
 
REVISÃO DO CRISTIANISMO

Para
HUMBERTO MARIOTTI
que me estendeu a mão da solidariedade, por cima da fronteira argentina,
em todos os momentos de luta, na defesa da Verdade Cristã.


Louis FOURCADE,
que da França me enviou o apoio de seu livro Un Monde S'ecroule,
Une Philosophie s'elève, um point d'optique da situação mundial contemporânea.


ANDREW PUHARICHE e S. J. HADAD,
que me deram espontâneo apoio na divulgação de meus trabalhos nos Estados Unidos sobre questões paranormais nesta fase de transição.
Omito os títulos e posições universitárias dos ilustres amigos para centralizar individualmente a minha gratidão.



V - O CULTO CRISTÃO



A revisão do Cristianismo é hoje uma exigência da própria sobrevivência humana. Embriagado pelas conquistas materiais, o homem se deixa arrastar pelas coisas, coisificando-se a si mesmo. As idéias materialistas o levam a considerar a existência terrena como um jogo de forças cegas em que só vale o mais forte. E como a força também não está mais no homem, transferiu-se para as máquinas e seus combustíveis, para as armas e seus explosivos, o próprio homem se transfere, já não apenas animicamente, mas de corpo inteiro, para o mundo das máquinas. Mecaniza-se. A visão cristã do mundo mudou-se em visão diabólica. Transformando Jesus de Nazaré em mito, o homem se transformou em robô. A ingenuidade da pragmática norte-americana ainda envia cosmonautas à Lua. Os soviéticos, apegados à praxis marxista, preferem enviar tratores de controle remoto, que lhe trazem as pedras lunares com menos complicações e menos perigo. O espírito de aventura dos norte-americanos não resiste ao desafio do Cosmos. O espírito prático dos russos, num processo de industrialização mais recente, não resiste ao fascínio da mecânica. Mas se os americanos continuam apegados às suas seitas cristãs e os russos ao materialismo marxista, no fundo se encontram e se conjugam na mesma alienação do homem à máquina.



Tagore assinalou a transformação da antropofagia selvagem à civilizada, mostrando que os homens atuais se entredevoram na selva selvaggia dos lucros e dos juros. Crianças esquálidas, nos arredores de metrópoles suntuosas, tiveram seu sangue sugado pelos vampiros insaciáveis do lucro. Os campos de trabalhos forçados da URSS são máquinas de vampirização montadas pelo Estado. O misticismo russo também se transferiu para o fanatismo político estatal. Na própria índia mística, os gurus montaram suas indústrias de espiritualidade enlatada. Santiniketan, a Universidade espiritual de Tagore, é hoje um centro de política universitária voraz, como disse o Dr. Barnejee. A política espiritual de Gandhi, o Mahatma cedeu lugar à política da violência, dirigida por uma mulher. O processo de inversão dos polos projeta-se em todo o mundo. A China entregou-se ao materialismo e à massificação cultural, eliminando os últimos resquícios das tradições espirituais. Na Africa negra tudo foi mais fácil. Bastou o afastamento dos brancos para que os negros revelassem o que aprenderam com eles para multiplicar sua auto-destruição. E Israel, que rejeitou o Cristo desde o princípio, conseguiu reorganizar-se na base das tradições da raça, mas agora em ritmo de 007, violando todos os princípios do Direito Internacional para mostrar a dureza interior dos sabras, esses frutos do cactus do deserto, prontos a revelar suas habilidades mecânicas.



A coincidência de todas essas modificações no mundo é significativa, como se diz na linguagem parapsicológica. O panorama mundial reflete a inversão de valores produzida pela deformação milenar do culto cristão. Porque a verdade é que o Cristianismo envolveu todo o mundo, pelo seu poder de expansão e contaminação, no fluxo de transformações deflagrado pelas palavras do Cristo. O mundo cristão desequilibrado, com sua polaridade invertida, desequilibrou todo o planeta. Ou reequilibramos esse mundo, restabelecendo a verdade cristã, ou pereceremos com ele.


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Fiz questão de deixar a dedicatória do livro para ver como os grandes se reconhecem e se valorizam.


Muito antes de Zygmunt Bauman já Herculano Pires mostrava os caminhos ou descaminhos de nossa sociedade.


Atentar ao pensamento de Herculano é um dever. O que não significa ter plena concordância. Temos direito de discordar, bem como discordamos de tantos outros autores.


Mas discordar não significa invalidar a obra. Uma ou outra ideia de Jaci Regis eu me contraponho, mas seria pequeno demais não reconhecer o seu valor. O valor de toda sua obra.


O mesmo ocorre com Herculano. E mesmo Kardec. Quem concorda com tudo o que le é o "aceitador padrão". Não se dá ao trabalho de pensar um pouco mais no texto lido. E nas repercussões das ideias do autor.

Para ler e não pensar é melhor nem ler.


Paulo Cesar Fernandes

04/09/2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

20140901 Razão e fé

Razão e fé


Uma vez mais venho dispor sobre a incompatibilidade entre esses dois elementos.


Mas, se no primeiro momento negava às pessoas o direito de se sentirem acolhidas em alguma fé; hoje isto me parece de alguma forma atroz para com tais pessoas.


Quem sou eu para definir projetos e caminhos das pessoas?


Se descarto a fé e as crenças de toda sorte para minha jornada intelectual, não posso fazer disso uma regra geral.


Afinal cada um de nós tem sua forma de caminhar. Bem como na rua. Uns, mais joviais, caminham numa velocidade maior; outros, cuja idade ou a despreocupação contempla, tem a possibilidade de fazer sua caminhada mais atenta a tudo ao seu redor.


Não quero dizer com isso que inevitavelmente todos chegarão ao "primado da razão". Não mesmo. Digo apenas da liberdade necessária para cada pessoa escolher a sua forma de sentir a vida. Pois a vida deve ser sentida. E não vivida de roldão.


Alguns se inspiram mais pela trajetória do raciocínio se desenvolvendo e desenrolando numa dialética própria. Outros, por sua vez, já sentem seu coração mais agasalhado na aceitação de postulados recebidos, e estes lhes bastam; venham estes de onde vierem: do pastor da sua igreja; do dono de seu Centro Espírita; do seu guia espiritual; seu guru; etc.


São almas abertas ao acolhimento de ideias fornecidas, e sem preocupações maiores em lhes opor questionamentos.


E não podemos as condenar. É a sua maneira de andar na vida. Aceitável e digna de todo respeito.



Quem disse ser a correta a Civilização Ocidental?


Quem disse do saber dos Povos Originários como um saber sem valia no mundo atual?


Se tomamos a Europa como centro da Civilização, precisamos ler muito mais sobre a história dos povos colonizados pelos europeus.
Saber dos sofrimentos do povo árabe; dos povos latinoamericanos.




Você acha uma aberração o nascimento do "Califado"? Suas atrocidades?



Vá estudar a história da Argélia, colonizada pela "civilizada" França. Tome consciência de quantos massacres, tão grotescos ou mais que os apresentados pela mídia atual.


Vá estudar as atrocidades dos turcos com os armênios.


Em nome de uma religião e de uma fé se perpetram atrocidades.


"Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda transportareis montanhas." disse Jesus de Nazaré.


A fé proposta pelo nazareno é uma fé pautada no amor, e não no ódio. É a contraposição de tudo ocorrido no nosso continente latino onde uma cruz foi imposta a civilizações milenares.

Pautada no amor ao semelhante a verdadeira fé ajuda a edificar o ser humano e nunca destrui-lo.


Somos seres em construção, e temos muitos caminhos para essa necessária autoconstrução. Alguns optarão pela fé; outros pela razão; outros ainda pelo questionamento e pela dúvida; mas todos levarão a cabo uma trajetória.


Todos terão oportunidades várias de escrever e reescrever suas histórias.


O instrumental dado pela certeza nas vidas sucessivas (reencarnação) e na imortalidade do Ser é generoso e nos enche de esperanças.


E estes dois princípios não são artigo de fé, mas elementos comprovados por fatos, em diversos momentos da humanidade e em diversos contextos civilizatórios.


Paulo Cesar Fernandes

01/09/2014