sábado, 18 de maio de 2013

20130518 Em nosso favor

"...mas nada é puro para os contaminados e infiéis."
Paulo a TITO  1: 15



Em geral, nossa análise das pessoas e situações se estrutura a partir de tudo aquilo que temos dentro de nós. De todas as nossas vivências, e dos sentimentos cultivados por nós.


Por vezes são respostas dadas às investidas da vida, através dos mais diferentes instrumentos. Pessoas de nossa confiança mudam de atitude conosco. Agressões de desconhecidos. Pancadas que não imaginávamos receber. Tudo isso pode ir talhando um sentir algo mórbido e agressivo. Estamos sempre na defensiva.


Mas tudo se resume na maneira e na importância dada a tudo isso.


Em geral tomamos tudo como agressão pessoal.


Tolice! Nascida do puro orgulho. De nos darmos importância acima do real.


Temos sim, temos todos nossa importância. Nossas qualidades. Claro, todos nós.


Caso agressões e incompreensões nos queiram tolher os caminhos, mudemos de rota. Afinal são múltiplas as possibilidades de serviço a clamar por nossa ajuda.


Glebas múltiplas de terra nessecitam de mãos cheias de sementes a fazer nelas a justa semeadura.


Corações sedentos de sinceridade esperam por nossa colaboração. E não precisamos ter nenhuma formação de Pós Doutorado em coisa nenhuma. As pessoas de maior relevância aos necessitados ao seu redor, nada tinham de especial. Um coração sensível à dor lhes bastava como roteiro de ação.


Todo espírito presente na Terra tem potencialidades incapazes de ser vistas ao olharmos sua aparência. Para o bem ou para o mal. O tempo será o grande colaborador para a análise das criaturas. Todo pré-julgamento, sem tempo hábil, pode ser pré-conceituoso. Os atos das criaturas nos vão desnudando sua realidade espiritual.


Isso vale para nossa análise dos outros, e para o processo inverso. Quando somos o objeto de análise.


E os atos, só os podemos analisar no transcurso do tempo. Dessa forma, vejamos o mundo sem pressa. Olhemos as pessoas com um ar benevolente. Pode ser difícil no início, mas o tempo nos ensinará. E, nesse mister, sempre contaremos com amigos espirituais, capazes de nos afastar de tudo aquilo nefasto para nossa trajetória.


Uma ótica positiva e benevolenbte, mas nunca uma visão inocente e ingênua da vida. A maldade existe e se espraia por todos os recantos da Terra. Inclusive em ambientes onde não poderiam estar. Mas estão.


"É preciso estar atento e forte." dizia uma canção da época da Tropicália. Concordo!


Nossa maior tarefa é resguardar nossa integralidade, nosso clima mental e nossa trajetória espiritual.


Só podemos ajudar se estivermos em boas condições.

Fortes. Coração voltado para o Bem Maior.

E tudo o mais, a vida nos trará em sua benevolência constante.

Pois a Vida é! E é sempre em nosso favor.



Paulo Cesar Fernandes

18  05  2013

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mundo Alas Brasil

Nos acostumamos ao mal. O encontramos na nossa rua, bairro ou pais.


O Bem, porém, quando o vemos, e nos chega através da arte, esse nos faz chorar de verdade, sem o menor medo ou vergonha. Um pranto de alegria e plenitude. Exemplos e exemplos de pessoas de coração cheio de amor. Amor voltado ao semelhante.


É uma virada de 180 graus em nossos sentimentos, nossa maneira de ver a vida, de ver as pessoas nascidas com alguma dificuldade. Mas pessoas carregando dentro de si os mesmos sonhos, a mesma sensibilidade, os mesmos desejos de todos nós.


Não assisti ainda a todos os videos baixados do Canal Encuentro, do Governo da Argentina. Meu canal preferido desde 2010. Me dá mais trabalho assistir aos seus programas. Mas que é o trabalho diante do prazer?


Estou falando de "Mundo Alas" (Mundo Asas) agora.


Nesse programa em diversos episódios cada jovem se torna como se fosse um filho nosso, precioso ao nosso coração.


Me coloca diante da necessidade de fazer algo. Tomar uma tarefa, trabalhando pelos meus irmão do Brasil. É pouco?


Pouco, melhor que nada.


Baixa os videos e entenderás meus sentimentos.


Se a emoção chamar teu pranto, deixa o rio cair por tua face sem medo ou vergonha.


Isso apenas fará mais bela a tua alma.

Mundo Alas - Link:
http://www.encuentro.gov.ar/sitios/encuentro/Programas/detallePrograma?rec_id=101505



Paulo Cesar Fernandes

17 05 2013

20130517 É só querer

"E ele, dando-lhe a mão, a levantou,. ,"
ATOS, 9:41




Uma vez mais nos vemos diante do chamado ao agir em direção de nossos semelhantes.


Podemos ter uma série de conhecimentos, conhecimentos importantes de uma série de áreas do saber.


Mas de que valem se a ninguém servem?


A Vida no sentido mais amplo é serviço. Os espíritos amigos de Chico Xavier são pródigos em exemplos de itens da natureza servindo aos homens, e sem pedir nada em troca. Serve a fonte. Serve a árvore. Servem as aves. Os roedores da floresta. Todos ajudando na renovação da vida.


Renovamos a vida todos os dias para nós, para nossos familiares e amigos mais próximos.


Por que motivo não abrimos esse leque de receptores?


Pedro resgatou a irmã Dorcas para a vida. Podemos todos resgatar alguém de alguma forma.


Somos agentes da Lei Natural, e capazes de criar o Bem por todos os caminhos onde passemos.


É só querer!


Paulo Cesar Fernandes

17  05  2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

20130516 Transexistencial

"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada."
Jesus anotação de LUCAS 10:42



Mas afinal, quais as coisas que não mais nos serão tiradas?


Os patrimônios do espírito. As construções imorredouras feitas por cada um de nós na sua jornada terrena e além desta.


O tempo nos é dado para irmos amealhando pequenos tesouros imateriais, e forjando uma nova estrutura espiritual.


Nessa jornada, topamos com nossos antigos vícios; nos esforçamos e vamos lutando contra eles.


Topamos ainda com desafios inicialmente tidos por insuperáveis. Mas, pouco a pouco nos acostumamos com a nova realidade, e de posse da situação, através de nossa racionalidade, vamos vencendo e superando a dificuldade. Na verdade, superando a nossa incapacidade em lidar com o novo, com aquilo não previsto.


Dificuldades sempre existirão. Mas as superações serão sempre possíveis, pois somos espíritos inacabados, em constante processo de construção.


A dificuldade ou desafio de hoje é um grande auxiliar, pois nos fortalece para as novas investidas da vida.


A vida pode até nos agredir, e agride de multiplas formas. Mas se estivermos firmes, em nossos projetos e objetivos nada nos abalará. Se tivermos feito uma escolha existencial segura e elevada no relativo à ética, estaremos fortes espiritualmente. Teremos já, amealhado a boa parte, referida por Jesus de Nazaré no trecho em
questão.


Fracos e falíveis? Todos podemos ser em determinados momentos e em determinadas situações. Mas sempre podemos fazer valer a boa parte existente em nós, e virar a mesa noutro sentido, noutra direção.


Afinal de contas somos os donos e senhores do nosso destino. Autônomos e Livres!


Insisto sempre nisso pois é de decisões conscientes e livres constituída nossa existência espiritual. Essa somatória de tempo que abarca várias encarnações. Várias oportunidades de erros e acertos. Desarranjos e rearranjos. Somos um eterno devir.


Um devir feito de constantes escolhas, livremente feitas. Sem padre, pastor, dono de Centro Espírita nem ninguém.


A existência é a coisa mais solitária que conheço. Liberta. Porém solitária.


Nas milhares e milhares de decisões a serem tomadas, podemos nos aconselhar com amigos, familiares mais sensatos. Enfim, temos
muitas possibilidades de ajuda. Mas quem puxa o gatilho da decisão é o espírito imortal. Do mais profundo de sua consciência e de seus sentimentos.


Vamos ou não fazer a melhor escolha?


Isso vai depender do projeto como espíritos imortais.


Lembrar apenas: somos seres inacabados, agregando experiências; rumo a sabedoria.


Sabedoria capaz de abarcar conhecimentos científicos e filosóficos muito amplos, uma ética intocável e uma perspectiva transexistencial.


Paulo Cesar Fernandes

16  05  2013

quarta-feira, 15 de maio de 2013

20130515 Diferentes campos

"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos."
Paulo li TIMÓTEO, 2:6



Interessante ver essa observação de Paulo.


Traz ele o valor dos frutos do trabalho, para o trabalhador. Antecipa em milênios as anotações de Marx quanto ao valor do trabalho e da destinação da riqueza dele advinda. Paulo de Tarso sempre com a palavra justa em sua exortação aos companheiros.


E todos os pensadores e artistas, com uma visão social mais justa e ampla são unânimes em se colocar em defesa de quem trabalha. Trago aqui um trecho de música de Marcos e Paulo Sérgio Valle, dois irmão da época da Bossa Nova que muito contribuiram para minha formação musical e ideológica:


"Quem trabalha é que tem
Direito de viver
Pois a terra é de ninguém."



Noutro momento temos:

"Pelos campos a fome, em grandes plantações..." disse Geraldo Vandré.


Os conflitos agrários são históricos no Brasil. Na década de 60 tais conflitos, principalmente no nordeste do país, tinham uma força muito grande. As Ligas Camponesas forjavam consciências, e davam ao resto do país uma persperctiva de uma possível revolução agrária. E João Goulart daria força a esse movimento, caso não ocorresse o Golpe Militar de 1964, ceifando a vida de centenas ou milhares de pessoas. Trinta anos da mais torpe ditadura, dela nasceu a impunidade imperante no Brasil para os que cometem delitos contra o erário público.


O campo segue sendo fonte de inesgotáveis conflitos. Quem bem sabe disso é Don Pedro Casaldáliga, que foi Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia. E ponto focal de várias tentativas de assassinato, das quais sempre se livrou. E nunca deixou de denunciar tuda injustiça e assassinato de seu conhecimento.


Certa ocasião mataram o sacerdote ao seu lado. E quando perguntado pela imprensa apenas disse: "Erraram de padre."  Mas...


O que é a terra? Quem é seu verdadeiro dono? A quem serve um latifúndio improdutivo como tantos Brasil afora?


Reflita sobre isso. Vamos a outros questionamentos.


Mas o que é o campo afinal?


Pode ser a terra na qual colocamos as sementes, e do qual tiramos nosso sustento. Mas pode ser igualmente, a somatória de almas ao nosso redor, muitas sedentas de palavras consoladoras, afeto e alento.


Temos aí um outro campo de trabalho. Nossas mãos e nosso coração estarão lançando sementes imateriais, bem como imateriais serão os frutos de gratidão e amizade advindas desse tipo de semeadura.


Um valor amoedado é bom possamos dispor. Mas um pouco de paciência, uma palavra de sincero carinho, um tanto mais do coração vai tocar muito fundo aquele destinatário de nossas benesses.


_ Eu não posso.

_ Logo eu, que não sou ninguém...

_ Ainda não estou apto a isso...


É tudo fuga. Frases de quem não quer. Todos podemos sim. Talvez sejamos pequenos, limitados, com dificuldades diversas.


Mas nunca deixaremos de ser isso, se não nos pusermos em marcha na direção de nossos semelhantes. E ninguém espera de nós ações mirabolantes. Apenas um sorriso. Um pensamento de compreensão. Um sentimento de carinho. Amor em pequenas doses.


Apenas com sementes de sincero amor nas mãos, colheremos frutos de carinho, amizade e verdadeira gratidão. É isso!


Paulo Cesar Fernandes

15  05  2013

Deolindo Amorim_Atualização de Cultura

Reafirmando o último post e seguindo a sugestão de Ricardo Nunes, compartilho um artigo de 1965 já preconizando minhas ideias. É duro nunca ser inovador. Enfim...

Mais duro ainda é passar todo esse tempo, e o movimento espirita seguir na mesmice. Mas as palavras de Deolindo são bem mais interessantes, vamos a elas:
____

    Não é de hoje que nos preocupamos com este assunto no movimento espírita. Ainda há pouco tempo, em palestra proferida na “Mocidade Espírita do Estado de São Paulo”, cujo ambiente nos causou a melhor impressão possível, fizemos ver (e não dissemos com isto nenhuma novidade, bem o sabemos) que o Espiritismo é uma doutrina bastante arejada para nos fazer compreender certos fenômenos da nossa época.
 



Todavia, e nunca é demais insistir neste ponto, é indispensável que os responsáveis pela divulgação e apresentação da Doutrina procurem se atualizar, principalmente em relação às mais frisantes exigências do momento. A cultura desatualizada, ainda que tenha grande lastro de erudição, corre o risco de ficar estagnada diante de fatos novos. Muita gente pensa que a condição de espírita nos afasta do mundo ou nos põe completamente à margem das aquisições científicas e das descobertas do pensamento. Pensar assim é colocar-se em contraposição ao próprio espírito progressivo da Doutrina.
 

Se o Espiritismo não teme as descobertas da Ciência, como disse Allan Kardec, certamente os seus adeptos mais esclarecidos, os seus propagadores mais convictos devem acompanhar as atividades culturais, notadamente nos campos que ofereçam mais elementos de confronto com o Espiritismo. Não se deve, pois, abandonar a curiosidade intelectual, que é uma necessidade do espírito, é um meio de se ficar em dia, tanto quanto possível, com a evolução geral dos conhecimentos e das ideias.
 

Já se vê, portanto, que o Espiritismo, já pela sua estrutura, já pelas suas consequências, não pode ser limitado por uma concepção qualquer, como se realmente temesse os desafios da Ciência e do raciocínio claro. O Espiritismo é uma doutrina de natureza transitiva, porque procura comunicação com o mundo exterior a fim de interpretar os fenômenos da vida e da cultura em todos os seus aspectos. Não é, nem poderia ser uma doutrina hermética, nem muito menos devocional.
 

Todas as revoluções científicas, na Biologia como na Psicologia, na Astronomia como na Física, e assim por diante, interessam ao Espiritismo, uma vez que a sua doutrina estuda “um dos elementos constitutivos do Universo” e, por isso mesmo, “toca forçosamente na maior parte das ciências”. Quem o afirma é ainda Allan Kardec (“A Gênese”, cap. I, item 18). Estamos vendo, assim, que o Codificador encara o Espiritismo através de uma perspectiva universalista, sempre com o sentido de conjunto, pois a Verdade não é exclusivista nem se configura por inteiro dentro de um compartimento ou de um sistema de ideias. A Verdade manifesta-se em várias direções do espírito, e de vários modos, através de uma rede infindável de experiências e contribuições.
 

O Espiritismo tem, portanto, uma visão global do conhecimento. Dentro dessa concepção, que transcende a toda e qualquer posição unilateral, podemos muito bem considerar certos fenômenos à luz da Doutrina Espírita, ainda que esses fenômenos ocorram em searas estranhas. Não nos esqueçamos de que o Espiritismo tem relação com diversas ciências.
 

Se, por exemplo, surge um conceito novo de matéria, devido a uma pesquisa especial ou revolucionária, podemos e devemos testar esse conceito com o Espiritismo e verificar, depois disso, se há realmente alguma novidade ou se advém daí algum enriquecimento para a Doutrina. Há ocasiões em que certas novidades são apenas rótulos, mas também há ocasiões em que se colhe alguma coisa interessante para aumentar o cabedal que a doutrina já consagrou no tempo e no espaço; o que não está certo, o que não é atitude espírita é ignorar um fenômeno ou não tomar conhecimento de uma descoberta científica, seja lá onde for, venha por quem vier, desde que nesse fenômeno ou nessa descoberta haja um aspecto positivo, haja um ponto de interesse para o Espiritismo. Até mesmo no campo do materialismo — e nisto se vê a liberalidade e amplitude do Espiritismo — se aparecer uma verdade ou se alguém revelar um fato novo, essa verdade ou esse fato deve merecer a nossa atenção.
 

O Espiritismo não pode ignorar a desintegração atômica, como não pode ficar indiferente às viagens interplanetárias nem deve permanecer alheio às investigações da Parapsicologia ou de qualquer outra escola que estude o psiquismo humano, apesar das divergências de interpretação.
 

Cabe ao Espiritismo, nesta mesma ordem de ideias, mostrar os exageros e os equívocos da Psicanálise, mas não deve tomar atitude hostil ou repelir a investigação psicanalítica, a não ser quando essa investigação se desgarra do verdadeiro espírito científico, Enveredando pela desonestidade ou pelos recursos interesseiros. Fora disto, no terreno elevado ou imparcial da perquirição científica, o Espiritismo não pretende condenar coisa alguma, porque lhe cumpre observar e analisar sempre. Este, na realidade, é o espírito da Doutrina. Cabe, agora, aos seus adeptos a parte de execução, que é nada mais nada menos, a afirmação desse espírito em seus comportamentos perante as solicitações da cultura e as circunstâncias da vida.
 

Se aparece uma teoria nova, por mais discrepante que ela se nos afigure, o que devemos fazer é examiná-la, criticá-la se for necessário, mas nunca devemos chegar ao extremo das reprovações inquisitoriais, pois o Espiritismo também não receia a luz de nenhuma teoria ou ideia renovadora. Em nenhum caso, fosse qual fosse o pretexto, seria admissível o imprimatur no meio espírita.
 

O campo das ideias deve ser livre, tanto quanto é livre o campo da crítica e da discordância. Não importa que uma obra venha do Alto ou tenha origem terrena, pois todas as ideias, qualquer que seja a fonte ou o veículo, podem ser criticadas ou rejeitadas. Fora disto, não compreendemos o comportamento espírita.
 

Se assim procedemos, ou devemos proceder, em consonância com o caráter da Doutrina, é claro que temos condições para resistir a quaisquer teorias ou mensagens fantasiosas, evitando o perigo de se incorporar à Doutrina, como se com ela estivesse de completo acordo, o fruto de simples suposições particulares, tanto faz de espírito desencarnado como encarnado.
 

Justamente por isso é que nos preocupamos, há muito, com a atualização da cultura no meio espírita, a fim de evitar que certas terminologias impressionantes ou certas ideias fascinantes sejam aceitas em nosso meio como revelações incontestáveis ou como realizações científicas.
 

Duas necessidades, portanto, se impõem cada vez mais em nosso movimento: estudo sério da obra de Allan Kardec e atualização dos conhecimentos gerais, para que se compreenda bem a solidez do Espiritismo em face das revoluções científicas de nossa época. O Espiritismo, com isto, se tornará ainda mais respeitado e nunca deixará de ser, ao mesmo tempo, uma fonte de consolações e esperanças.



Fonte: Anuário Espírita 1965, pág. 53, ano II, nº 2 – órgão de divulgação do Instituto de Difusão Espírita, Araras-SP.

Deolindo Amorim nasceu na Bahia em 1906 e desencarnou no Rio de Janeiro, em 1984. É considerado, ao lado de Carlos Imbassahy e Herculano Pires, um dos maiores pensadores espíritas das Américas. De estilo professoral, extremamente didático e elegante, Deolindo foi um dos maiores divulgadores do espiritismo como cultura e voltado para a análise de questões da atualidade. Fundou o Instituto de Cultura Espírita do Brasil (Iceb), foi um dos idealizadores da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (Abrajee) e graças ao seu empenho, em conjunto com a Liga Espírita do Brasil, realizou-se no Rio de Janeiro, em 1949, o II Congresso Espírita Pan-Americano.
Obras: Espiritismo e Criminologia; O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas; Africanismo e Espiritismo; O Espiritismo e os Problemas Humanos; Ideias e Reminiscências Espíritas; Allan Kardec, o Homem e o Meio, dentre outras.

 

terça-feira, 14 de maio de 2013

20130514 Estudar

Muitas vezes tenho concitado os companheiros espíritas ao estudo.


E tenho propugnado o estudo não somente das obras espíritas; mas um estudo mais amplo, abarcando todas as áreas do conhecimento.


Pensava eu, nas minhas limitações, em abrir aos companheiros espíritas um universo mais amplo de compreensão da vida e de cultura mesmo. É certo, para mim, o fato de uma cultura mais ampla, nos ajudar a melhor compreender o espiritismo, e as ideias de Kardec, tal qual ele as formulou.


E mesmo tecer observações acerca do contexto histórico-cultural em que tais ideias foram elaboradas.


Não me havia passado pela cabeça, nem por um momento, a possibilidade do conhecimento ser um facilitador do processo mediúnico. Mesmo quando coordenava um curso de mediunidade.


Nesta leitura gradual e diária de Kardec em "O Livro dos Médiuns" me deparo com uma orientação de Erasto e Timóteo que me abalou de felicidade. Um médium culto é um facilitador do processo mediúnico.


Vejamos isso:

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Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XIX - Papel dos médiuns nas comunicações espíritas


225. A dissertação que se segue, dada espontaneamente por um Espírito superior, que se revelou mediante comunicações de ordem elevadíssima, resume, de modo claro e completo, a questão do papel do médium:

"Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer mecânicos ou semimecânicos, quer simplesmente intuitivos, não variam essencialmente os nossos processos de comunicação com eles. De fato, nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesma forma que com os Espíritos propriamente
ditos, tão só pela irradiação do nosso pensamento."


"Os nossos pensamentos não precisam da vestidura da palavra, para serem compreendidos pelos Espíritos e todos os Espíritos percebem os pensamentos que lhes desejamos transmitir, sendo suficiente que lhes dirijamos esses pensamentos e isto em razão de suas faculdades intelectuais. Quer dizer que tal pensamento tais ou
quais Espíritos o podem compreender, em virtude do adiantamento deles, ao passo que, para tais outros, por não despertarem nenhuma lembrança, nenhum conhecimento que lhes dormitem no fundo do coração, ou do cérebro, esses mesmos pensamentos não lhes são perceptíveis. Neste caso, o Espírito encarnado, que nos serve de médium, é mais apto a exprimir o nosso pensamento a outros encarnados, se bem não o compreenda, do que um Espírito desencarnado, mas pouco adiantado, se fôssemos forçado a servir-nos dele, porquanto o ser terreno põe seu corpo, como instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode fazer."


"Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque com ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais fácil do que com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de algumas explicações claras e precisas."


"Com um médium, cuja inteligência atual, ou anterior, se ache desenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente de Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma do Espírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium os elementos próprios a dar ao nosso pensamento a vestidura da palavra que lhe corresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou inteiramente mecânico. Essa a razão por que, seja qual for a diversidade dos Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal.


Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem o assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bem o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa o médium de exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades e propriedades inerentes à sua individualidade. E
exatamente como quando observais panoramas diversos, com lentes matizadas, verdes, brancas, ou azuis; embora os panoramas, ou objetos observados, sejam inteiramente opostos e independentes,. em absoluto, uns dos outros, não deixam por isso de afetar uma tonalidade que provém das cores das lentes. Ou, melhor: comparemos os médiuns a esses bocais cheios de líquidos coloridos e transparentes, que se vêem nos mostruários dos laboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como luzes que clareiam certos panoramas morais, filosóficos e internos, através dos médiuns, azuis, verdes, ou vermelhos, de tal sorte que os nossos raios luminosos, obrigados a passar através de vidros mais ou menos bem facetados, mais ou menos transparentes, isto é, de médiuns mais ou menos inteligentes, só chegam aos objetos que desejamos iluminar, tomando a coloração, ou, melhor, a forma de dizer própria e particular desses médiuns. Enfim, para terminar com uma última comparação: nós os Espíritos somos quais compositores de música, que hão composto, ou querem improvisar uma ária e que só têm à mão ou um piano, um violino, uma flauta, um fagote ou uma gaita de dez centavos. E incontestável que, com o piano, o violino, ou a flauta, executaremos a nossa composição de modo muito compreensível para os ouvintes. Se bem sejam muito diferentes uns dos outros os sons produzidos pelo piano, pelo fagote ou pela clarineta, nem por isso ela deixará de ser idêntica em qualquer desses instrumentos, abstração feita dos matizes do som. Mas, se só tivermos à nossa disposição uma gaita de dez centavos, ai está para nós a dificuldade."

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Acho importante compartilhar essas idéias com as pessoas capazes de as compreender, refletir e alterar as diretrizes de sua entidade de trabalho. Centro Espírita, Núcleo de Amigos Espíritas ou seja lá a forma usada para atuar mediunicamente.


Paulo Cesar Fernandes

14  05  2013

domingo, 12 de maio de 2013

20130512 Novos ventos

“Em seus caminhos há destruição e miséria”.
Paulo aos ROMANOS 3:16



Grande verdade. No caminho de todos nós encontramos a destruição e a miséria. Basta olhar o planeta em que vivemos. E ver o egoísmo nas guerras fraticidas. Os homens cada dia mais voltados para interesses de menor valor. Materialistas. Egoístas. Soberbos. Competitivos. Frutos do seu tempo. Frutos do capitalismo
internacional, que os escraviza e mata aos poucos.


Nossa mirada não pode ser inocente, tola e pueril. Temos a obrigação de olhar o mundo tal qual é. Certos de suas mazelas e desequilíbrios; mas convictos da possibilidade de uma nuvem de benevolência e justiça poder varrer a nossa Terra a qualquer momento. Trazendo-lhe a necessária renovação.


Mas não basta esperar. Somos os "empurradores desse mundo".


Através de nossos atos, pensamentos e ideais poderemos nos tornar agentes de transformação. Não há transformação sem ação. Pensamentos e atos são propulsores do futuro.


Basta! Bradamos muitas vezes. Clamando por um mundo sem egoísmo, sem vaidade, sem torpezas de qualquer espécie.


Mas todos os nossos atos são coerentes com nossos sonhos?


Abre um jornal. No papel, ou na tela do teu computador, e verás o mundo tal qual é. O painel é de miséria e destruição no caminho de todos nós. Mas em todos os tempos a Terra viveu dificuldades. E em todos os tempos os homens disseram "como agora nunca".


E pararam nisso. Ou, os que verdadeiramente caminharam nos rumos da transformação, acabaram sendo eliminados pelos interessados em manter tudo tal qual estava.


Muitos povos lamentam seus mártires. E são milhares de milhares os mártires do mundo. Nos cinco continentes. Seria deprimente enumerá-los. Mártires do passado e mártires da atualidade.


Hoje porém. No reino da palavra. No universo da Razão. Na interconectividade. Navegamos mais facilmente para possibilidades esperançosas.


Assim como num instante se pode fazer eclodir um ídolo vazio; podemos, muitos de nós, fazer eclodir um novo mundo. Um mundo onde a brutalidade e a violência não mais tenham espaço. Um mundo onde valores éticos sejam normas naturais de conduta.


Sonho? Ilusão? Nada disso!


Possibilidade!


Advinda de nossas mãos, essas mesmas mãos capazes de escrever de forma indignada, de agredir ainda. Mas mãos dulcificadas por uma outra racionalidade.


Imaterial! Longeva! Afirmativa da Era de Justiça e Paz.


Muitos queremos o Bem. Falamos no Bem. Pensamos no Bem. Poucos vivemos no Bem.


Nada de radicalidade. De falsas atitudes, de santificação inverídica. Nada do passado.


Rasgar o passado. Rasgar o presente.


Permitir o fluxo dos novos ventos. Dos novos pensamentos. Dos novos sentimentos. Dos novos atos em última instância.


Há um prenúncio desse futuro. Mas para ve-lo necessitamos ter aberta e ampliada a percepção do coração.


Este mundo apenas o vislumbra quem se vale da ótica do amor. A ótica da espiritualidade.


Paulo Cesar Fernandes

12  05  2013