sábado, 9 de junho de 2012

Valor ético-existencial

Espiritualidade elemento que nos afasta da materialidade obsessiva e nos dispoe em equilibrio com a matéria, dela tirando o que nos seja necessário ao espirito imortal.



Nada tem a ver com espiritismo ou qualquer forma de religiosidade.


É uma forma do homem, enquanto espirito encarnado, valorizar o que realmente deve ser valorizado, rompendo com as lutas pueris pelo poder, pelo destaque sem mérito, ou sem trabalho.


Espiritualidade é um valor ético-existencial capaz de levar o homem a uma paz e uma serenidade não frequentemente encontrada na sociedade de consumidores na qual vivemos.


Pautada na busca de valores imperecíveis, e na sinceridade de propósitos, a vida vai paulatinamente ganhando novos significados, dentre eles a simplicidade, tão cara a Francisco de Assis, o amigo maior dos animais e das plantas.


Pode não ser tudo, mas é um bom roteiro de jornada terrena. Bem que é!!!


Paulo Cesar Fernandes

09/06/2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Jorge Hessen

A PROPOSIÇÃO DA CIÊNCIA ESPÍRITA É DESCORTINAR A REALIDADE
DO ESPÍRITO IMORTAL

A Ciência, propriamente dita, é uma conquista recente; não ultrapassa a três séculos, embora seus primeiros ensaios tenham começado na Grécia dos áureos séculos VI, V, IV a.C. Temo-la representada por Arquimedes, em cujas pesquisas deram base para a mecânica, por Pitágoras de Samos, por Tales de Mileto, por Euclides de Alexandria, no desenvolvimento da matemática e da
estruturação numérica.


Um milênio após essas apoteóticas realizações gregas, ocorreu, na Europa, a desagregação do Império romano, no século V, e a liderança cristã surgiu como elo de agregação dos “bárbaros invasores” e se transformou em Igreja soberana absoluta dos destinos “espirituais” no Ocidente.


No século XIII, Tomás de Aquino se destacou, propondo a síntese do cristianismo vigente com a visão aristotélica do mundo. Em suas duas Summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de então. No século XIV, a Igreja romana, sob os guantes tomasistas, entronizou uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundiram numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo ao Criador. A tese de Aquino afirmava que não podia
haver contradição entre fé e razão e estabeleceu o pensamento filosóficoteológico manifesto na truculenta filosofia do “Roma locuta causa finita”.


A partir dos séculos XV e XVI, o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo). Os pensadores criticaram e questionaram a autoridade dessa autoritária Igreja romana. Nessa conjuntura a apropriação do conhecimento partia da realidade observada pela experimentação, pela constatação, e, por fim, pela teoria, decorrendo uma ligação entre ciência e técnica. No século XVII, a primeira grande teoria de que se tem notícia na moderna ciência versou sobre a gravitação universal elaborada por Newton,
desmembrada das leis dos movimentos planetários de Kepler e na Lei de Galileu sobre a queda dos corpos.


No século XIX Marx Plank propôs a teoria do Quantum. No século XX, Albert Einstein resignificou a teoria da relatividade e outros pressupostos das teses newtonianas sobre a gravitação universal, chegando a conclusões inusitadas na abordagem sobre as realidades do micro ou do macrocosmo, sobretudo no que reporta a tempo e espaço na dimensão material. Até então, a física tradicional era considerada a chave das respostas da vida no mundo palpável, estribada no determinismo mecanicista. Todavia, na década de 1920, as pesquisas de Brooglie, no universo da física quântica, redirecionaram o pensamento científico na formulação heisenberguiana do “princípio da indeterminação ou da incerteza” e com ele irrompeu-se um “irracionalismo” na ciência redimensionando a distância do homem das realidades naturais da
vida.


Em meio a essas trajetórias históricas, surge, no cenário terrestre, no século XIX, a personalidade luminosa de Allan Kardec, que, inspirado pelos Benfeitores do Além, sentenciou: Fé verdadeira é a que enfrenta frente a frente a razão em qualquer época da humanidade , esclarecendo os enigmas que desafiavam as inteligências daqueles mesmos que confiavam nos determinismos tecnicistas do nec plus ultra acadêmico.


A proposição da Ciência Espírita é descortinar a realidade do Espírito imortal, fundamentada em realces científicos acerca dos fenômenos mediúnicos coletados na metodologia doutrinária. A proficuidade desse saber está na razão direta do seu bom emprego por parte daqueles que dele tomam ciência.


Desse modo, é preciso que nos apropriemos de tal forma do saber contidos nas obras básicas da Doutrina dos Espíritos que, por via de consequência, nos façamos senhores de nós mesmos, ou seja, emancipados intelectualmente da cegueira espiritual do materialismo, tanto quanto das superstições.


O mestre de Lyon ainda afirmou em outras palavras que o Espiritismo independe de qualquer crença científica ou religiosa e não propõe que fora do Espiritismo não há salvação; tanto quanto não pretende explicar toda verdade, razão pela qual não propôs – “fora da verdade não há salvação”. Os preceitos kardecianos consubstanciam-se no manancial mais expressivo das verdades
eternas. A missão da Doutrina Espírita perpassa o processo de reerguimento do edifício desmoronado da crença cristã.

Jorge Hessen

Mestre Herculano fala sobre Jesus

A Desfiguração do Cristo


José Herculano Pires

O interesse em desfigurar o Cristo vem dos planos inferiores do mundo espiritual e se manifesta de várias formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades
mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.


A gigantesca luta empreendida pelo apóstolo Paulo, após a sua conversão, para preservar a pureza dos ensinos de Jesus e da sua excelsa figura, em meio aos próprios apóstolos do Mestre, revela de maneira eloqüente, a dificuldade dos homens para compreenderem a Verdade Cristã.


Os gnósticos-docetas do primeiro século sustentavam que Jesus não tinha realidade física, que o seu corpo era apenas aparente. Sua posição contrariava as teses da encarnação do Cristo, apresentando-o como uma espécie de Deus mitológico, sob a
influência das idéias helenísticas. O Docetismo exerceu grande influência em Alexandria, propagando-se a Éfeso, onde o apóstolo João instalara a sua Escola Cristã. João refutou a tese doceta como herética, pois além de não corresponder à realidade histórica,
transformava o Cristo num falsário.


A fábula dos docetas ( como o apóstolo Paulo a classificou) apresentava-se como uma das mais estranhas desfigurações do Cristo, fornecendo elementos ricos e valiosos aos mitólogos para negarem a existência real e histórica de Jesus de Nazaré.


Essa teoria absurda reapareceu na França, através de uma obra confusa e carregada de pesado misticismo ridicularizante. Um advogado de Bordeaux, Jean Baptiste Roustaing, elaborou essa obra através de comunicações mediúnicas atribuídas a Moisés, os
Apóstolos e os Evangelistas. Um grupo místico do Rio de janeiro adotou com entusiasmo essa obra, conseguindo apossar-se da Federação Espírita Brasileira, e até hoje a propaga e sustenta, contra a maioria das instituições espíritas do Brasil e do mundo. É inacreditável o fanatismo dos roustainguistas, o que se justifica pela sua mentalidade anti-racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional, apegada
aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional do Cristianismo e do Espiritismo. Esses defensores do absurdo chegam a citar a obra mistificadora Os quatro evangelhos, como uma das dez mais importantes da literatura
mundial, e Roustaing, como uma das maiores figuras da Humanidade. Kardec condenou essa obra, o que provocou um revide de Roustaing.


Hoje só existe um símbolo para o Cristo: o da Ressurreição. Provada cientificamente a existência do corpo espiritual, provada a continuidade da vida triunfante após a morte, provada a herança de Deus na imensidade do Cosmos povoado de mundos, provada a ineficácia das instituições religiosas e seus métodos para levar os homens a Deus, pois que a maioria se afastou de Deus e o considera como superstição estúpida, só a figura do Cristo Ressuscitado, triunfando sobre a veleidade do poderes terrenos e confirmando em si mesmo a verdade dos seus ensinos, poderá libertar as consciências do apego às coisas perecíveis, dando-lhes a confiança no poder superior do espírito. Se somos espíritos não
apenas um corpo material, e se temos a certeza de que o Cristo continua vivo e a nos inspirar em nossas lutas no caminho do bem, por que cultivamos a morte e até mesmo as imagens de um cadáver que não foi encontrado no túmulo?


A desfiguração do Cristo atingiu o máximo nessas imagens frias que dormem o ano inteiro nas criptas das Igrejas, à espera do seu enterro anual, com luto, choro e velas acesas. O sadismo humano se revela num automatismo consciencial que o perpetua nas gerações sucessivas. Chegou o momento de compreendermos que o Cristo está diante de nós, na plenitude de sua vida 
e seu poder, procurando despertar-nos do pesadelo da morte.

Harmonia - Revista Espírita nº 64 - Fevereiro/2000


• Livro: Revisão do Cristianismo – José Herculano Pires – Editora Paidéia.