quarta-feira, 18 de setembro de 2013

20130918 Liberdade e transcendência

José Herculano Pires
 
Curso Dinâmico de Espiritismo
O Grande Desconhecido

in
Sexo e Genética no Espiritismo
 
 
O Espiritismo não criou igrejas, não precisa de templos suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados. Não tem rituais, não dispensa bênçãos, não promete lugar celeste a ninguém, não confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não disputa regalias oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o caminho da autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não compreendermos isso e nisso não nos integrarmos estaremos sendo pedras de tropeço para os que desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro. E esse por dentro não quer dizer reforma, mas desenvolvimento das potencialidades do espírito.


A teoria da reforma intima é um engodo que levou muitos companheiros aproveitáveis à vaidade adulteradora. Não há reforma para o que não se estraga. O espírito é o mesmo em todos e só necessita de uma coisa: desenvolvimento. Enquanto não desenvolver a sua capacidade de compreender, analisar, julgar, discernir e respeitar a verdade não terá condições para modificar-se por dentro. Mesmo porque essa modificação só pode ocorrer pelo esforço pessoal de cada um. A expressão reforma intima é inadequada, pois implica a idéia de substituição de coisas, conserto, modificação em disposições internas, como numa casa ou numa loja. As disposições internas do espírito correspondem ao seu grau de evolução, como nos mostra a Escala Espírita de Kardec.


O espírito é vida e não arranjo. Seu desenvolvimento depende de experiências, estudos, reflexão – tudo isso com mente aberta para a realidade e não fechada em esquemas artificiais. Ninguém se reforma nem pode reformar os outros. Mas todos podem superar as suas condições atuais, romper os limites em que a mente se fechou
e transcender-se. Os modelos de figurino espiritual são inócuos e até mesmo prejudiciais.


A responsabilidade espírita é individual, cada qual responde por si mesmo e não pode prender-se a supostos mestres espirituais. Um espírita que se sujeita às lições de um mestre pessoal não é espírita, é um beato seguindo Antônio Conselheiro.


O despertar da consciência na experiência é o seu caminho único de progresso. Ele não confia em palavras, mas nos fatos. Não busca a ilusão de uma salvação confessional, mas aprofunda-se no conhecimento doutrinário para saber por si mesmo onde pisa e para onde vai...


Os que precisam de mestres não confiam em si mesmos, fazem-se ovelhas de um rebanho. No Espiritismo não há rebanhos nem pastores: há trabalho a fazer, afinidades a estabelecer entre companheiros em pé de igualdade, toda uma batalha a vencer; há os pesados resíduos teológicos, supersticiosos e obscurantistas que esmagam a ingenuidade das massas.


O Espiritismo é uma tomada de consciência da responsabilidade do homem na existência, da sua liberdade e da sua transcendência. Os espíritas que ainda se alimentam de leite – como escreveu Paulo – precisam tratar de crescer e alimentarse de coisas sólidas, consistentes.


***

Este pequeno trecho foi por mim selecionado por estar plenamente de acordo com a minha forma de pensar.


Não precisamos de modelos. Forjamos nossos modelos a partir das lutas da própria vida; ou, olhando mais abrangentemente, de nossa existência enquanto espíritos em múltiplas oportunidades forjados.


É o tempo que nos entalha pouco a pouco, partindo de nossa firme decisão de desenvolvimento.


Todo o resto não passa de ilusão inconsistente. Louros virtuais, incapazes de agregarmos em nossa bagagem.


É primorosa a síntese de Herculano:


"O Espiritismo é uma tomada de consciência da responsabilidade do homem na existência, da sua liberdade e da sua transcendência."


Paulo Cesar Fernandes

18 09 2013


Nota: Chamo de existência a trajetória toda do espírito, e vida o período de uma encarnação. Tal distinção me permite afirmar sermos seres existentes, bem como afirmar ser o espiritismo uma concepção existencialista do Ser.

Como propõe Martin Heidegger o Ser é jogado no mundo.

E o espírito, ao ser criado 'simples e ignorante' é lançado nas primais oportunidades de sua existência, em momentos de aprendizado das sensações no contato com a matéria, isto na sua longa fase de ProtoEspírito. Fase com seu término apenas ao adentrar o Reino Hominal, e mais ainda com o desenvolvimento de seu senso ético.

É isso.