sábado, 10 de novembro de 2012

19860731 - Humberto

Pensador espirita argentino, Humberto Mariotti foi o primeiro que, despojado do ranço de religiosidade característica do movimento espirita de sua época, fez incursões na área da filosofia social ou Sociologia.


Herculano Pires, escritor e polemista brilhante, passou ao largo das inquietações sociais requisitadas pela minha juventude. No Brasil ditatorial os espiritas calaram, e calaram feio. Grande maioria aderindo à "ordem estabelecida".


Qual orador, qual jornal espirita falou de Wladimir Herzog?


Reacionário que sempre foi o movimento espírita reprimiu o MUE (Movimento Universitário Espirita) de cunho socialista.


Não, "espiritismo e politica não se misturam" ouvia eu em todos os recantos do movimento espirita. Me era revoltante.


Mas voltando a Mariotti. Poucas pessoas como ele tiveram tal percepção das realidades econômicas, conseguindo relacioná-las sem sectarismo com as questões do espirito, foco de interesse dos espíritas.


Leon Denis, em sua obra "Socialismo e Espiritismo" não teve a grandeza do ilustre argentino, pois acabou se deixando levar por uma análise apaixonada, carente de fundamento e reacionária.


A postura intelectual madura e serena de Mariotti traz aos marxistas ortodoxos a idéia que o livro seria um ataque ao legado de Marx; por outro lado, os antagonistas das concepções de Marx, vem no mesmo livro, uma obra de apologia ao marxismo.


A atualidade da obra reside em trazer ao seio do movimwentro espirita, um tema polêmico, capaz de didivir o mundo em duas partes distintas: apoiadores e negadores de Marx.


Kardec disse, numa de suas obras que o mundo se dividiria entre os materialistas e espiritualistas. Nada porém, dividiu tanto o mundo como as teorias do pensador alemão.

 (Para Marx o mundo se dividia em classes sociais. Os donos dos bens de produção contra os donos de sua força de trabalho. Concepção nascida da Dialética do Amo e do Escravo de Hegel. A dialética de Hegel foi um grande achado para Marx.
Obs. de 10/11/2012 quando digitei o texto.)


Atual ainda é Mariotti, e sabe lá por quanto tempo. É leitura obrigatória a quem busque através da ótica espirita desvendar o mundo atual.


Paulo Cesar Fernandes

31  07  1986


Nota:

O Departamento de Mocidades da União das Sociedades Espíritas (DM-USE) nos tempos militares tinha um idoso militar, ou de mentalidade militar a geri-lo. O grande medo do movimento espirita era o retorno do pessoal do MUE. Mesmo em Santos os caciques do movimento espirita deploravam o MUE. Já sem interesse na militância dentro do movimento espirita. Nossa Mocidade nunca teve acesso aos documentos do MUE. Hoje eu penso que os donos do centro na época eliminavam caso chegasse algum documento desse pessoal.

Adalberto em visita a Santos

Em visita a Santos Adalberto Paranhos veio ter na mocidade em que eu participava. Tivemos uma noite de discussão que foi ao inicio da madrugada. Embora concordasse com ele em muitos aspectos, sua ortodoxia me aborreceu demais. Quem mais debateu com ele foi o Carlos. Eu fazia intervenções esporádicas. Ao fim da discussão um questionamento ficou presente: Por que tanto medo as pessoas tinham de um pensador tão igual a nós? Tão humanista.

Renovação no DM da USE

Foi necessária a união da cidade de São Paulo, da Baixada Santista , Osasco numa costura libertadora para termos um jovem no comando do Departamento de Mocidade, nosso departamento afinal.. Esse senhor foi um grande atraso no desenvolvimento mental dos jovens espíritas daquela época.
A cidade de São Paulo tinha algumas Uniões distritais avançadas. Osasco era um ponto avançado, Lins me parece avancava, e a Baixada Santista compunha esse núcleo renovador.

 

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Este documento:

No momento de escritura deste texto ainda vigia a Guerra Fria, claro a se processar sempre nos países periféricos, na época América Central, tal como hoje ocorre no Oriente Médio. Sempre sem deixar em paz nossa HispanoAmerica.
Era possivel, à época pensar a divisão entre espiritualistas e materialistas como uma divisão distinta e diferenciada da divisão de classes proposta por Marx.
Hoje, na Modernidade Avancada, todas as divisões se apresentam, e plenas de veracidade. A Globalização deu status de realidade a todas as classificações possíveis. E isso me parece um elemento positivo de nosso tempo. A abertura à multiplicidade.

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