quarta-feira, 15 de maio de 2013

20130515 Diferentes campos

"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos."
Paulo li TIMÓTEO, 2:6



Interessante ver essa observação de Paulo.


Traz ele o valor dos frutos do trabalho, para o trabalhador. Antecipa em milênios as anotações de Marx quanto ao valor do trabalho e da destinação da riqueza dele advinda. Paulo de Tarso sempre com a palavra justa em sua exortação aos companheiros.


E todos os pensadores e artistas, com uma visão social mais justa e ampla são unânimes em se colocar em defesa de quem trabalha. Trago aqui um trecho de música de Marcos e Paulo Sérgio Valle, dois irmão da época da Bossa Nova que muito contribuiram para minha formação musical e ideológica:


"Quem trabalha é que tem
Direito de viver
Pois a terra é de ninguém."



Noutro momento temos:

"Pelos campos a fome, em grandes plantações..." disse Geraldo Vandré.


Os conflitos agrários são históricos no Brasil. Na década de 60 tais conflitos, principalmente no nordeste do país, tinham uma força muito grande. As Ligas Camponesas forjavam consciências, e davam ao resto do país uma persperctiva de uma possível revolução agrária. E João Goulart daria força a esse movimento, caso não ocorresse o Golpe Militar de 1964, ceifando a vida de centenas ou milhares de pessoas. Trinta anos da mais torpe ditadura, dela nasceu a impunidade imperante no Brasil para os que cometem delitos contra o erário público.


O campo segue sendo fonte de inesgotáveis conflitos. Quem bem sabe disso é Don Pedro Casaldáliga, que foi Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia. E ponto focal de várias tentativas de assassinato, das quais sempre se livrou. E nunca deixou de denunciar tuda injustiça e assassinato de seu conhecimento.


Certa ocasião mataram o sacerdote ao seu lado. E quando perguntado pela imprensa apenas disse: "Erraram de padre."  Mas...


O que é a terra? Quem é seu verdadeiro dono? A quem serve um latifúndio improdutivo como tantos Brasil afora?


Reflita sobre isso. Vamos a outros questionamentos.


Mas o que é o campo afinal?


Pode ser a terra na qual colocamos as sementes, e do qual tiramos nosso sustento. Mas pode ser igualmente, a somatória de almas ao nosso redor, muitas sedentas de palavras consoladoras, afeto e alento.


Temos aí um outro campo de trabalho. Nossas mãos e nosso coração estarão lançando sementes imateriais, bem como imateriais serão os frutos de gratidão e amizade advindas desse tipo de semeadura.


Um valor amoedado é bom possamos dispor. Mas um pouco de paciência, uma palavra de sincero carinho, um tanto mais do coração vai tocar muito fundo aquele destinatário de nossas benesses.


_ Eu não posso.

_ Logo eu, que não sou ninguém...

_ Ainda não estou apto a isso...


É tudo fuga. Frases de quem não quer. Todos podemos sim. Talvez sejamos pequenos, limitados, com dificuldades diversas.


Mas nunca deixaremos de ser isso, se não nos pusermos em marcha na direção de nossos semelhantes. E ninguém espera de nós ações mirabolantes. Apenas um sorriso. Um pensamento de compreensão. Um sentimento de carinho. Amor em pequenas doses.


Apenas com sementes de sincero amor nas mãos, colheremos frutos de carinho, amizade e verdadeira gratidão. É isso!


Paulo Cesar Fernandes

15  05  2013

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