terça-feira, 16 de julho de 2013

20130716 Aproximação

"...que vosso amor cresça cada vez mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento."
Paulo aos Filipenses 1:9




Houve tempo, dentro do movimento espírita, em que o amor era supervalorizado. Visando com isso, reduzir o valor da cultura e do conhecimento em geral. Isso tudo deu espaço ao crescimento e valorização da ignorância, como se isso fosse a simplicidade.


Simplicidade é outra coisa bem diferente, é uma outra busca.


Todo mundo admirava os grandes oradores, mesmo lhe entendendo pouco da mensagem. Penso eu, em alguns recantos mais afastados esse tipo de coisa ainda ocorre.


E, de uma forma ou de outra, o espiritismo segue servindo às criaturas dos mais diversos niveis culturais. E a cada qual segundo as suas possibilidades.


Não tem certo e não tem errado.


Tem o patamar de cada um de nós, na ampla gama de possibilidades. E a afinidade de pensamentos e atos formando grupos e instituições. É natural que isso ocorra. O movimento espirita não é algo destacado da sociedade. É um microcosmo dessa sociedade. Com erros e acertos. Com homens intransigentes. Com homens transigentes demais. Honestos. Desonestos. Falsos e sinceros. Nada diferente.


_ Mas então o espiritismo não serviu para nada? - perguntaria um homem mais afoito.


Serviu e serve muito. Cada um de nós, dele tira a seiva necessaria a sua alimentação interior segundo suas necessidades. Cada qual faz o uso de seus preceitos segundo seu patamar de evolução. Evolução intelectual e evolução ética.


Nunca confundir o espiritismo com o movimento espírita. São águas de rios diferentes.


O espiritismo é uma somatória de conceitos, nascidos num determinado tempo e traduzindo fielmente o espírito desse tempo. Dentro dele muito há do Catolicismo, do Cristianismo de forma geral. O avanço do conhecimento atual porém, nos permite uma nova leitura de seus conceitos. Repensando-os. Recolocando-os em novos patamares de realidade. Uma nova realidade nascida nos tempos de posmodernidade, ou seja lá como venhamos a chamar o tempo atual.


Outra coisa bem distinta é o movimento espírita. Feito de homens: alguns bons, outros ruins, refletindo a ampla gama do mundo em que vivemos.


Quem chega ao movimento espirita esperando encontrar serafins quebra a cara.


Somos de carne e osso. Erramos. Acertamos. Temos ideias e ideologias muito diversas, e por isso brigamos, nos debatemos, temos diferenças. Algumas vezes de tal forma profundas que a distância é o melhor remédio. "Dois bicudos não se beijam." diz a máxima popular. E nas casas espiritas isso é normal e corriqueiro.


Quantos Centros Espíritas nasceram a partir de dissidências dentro de um outro centro? Inúmeros.


Importa sermos, mesmo dentro das divergências, das idéias completamente diferentes, seres capazes de respeitar o oponente. Pois somos todos seres em busca de um melhor caminho. Erramos aqui e acolá. Mas faz parte do jogo. Por sinal, essa é uma faceta bonita da existência: a possibilidade de errar, perceber o erro, corrigir, rearranjar, reordenar.


E dentro de tudo isso aprender a amar. Amar de verdade. Simplesmente.


Se, como diz o historiador Leandro Karnal, no Brasil escondemos o ódio que carregamos. Para nós espíritas, ser sinceros conosco mesmo, admitir nossos ódios, e arrancá-los do coração. Pois sabemos todos o quanto isso nos faz mal, quanto atrasa nossa caminhada. Impedindo voos mais amplos.


Amor ao conhecimento e amor às pesoas são qualidades a serem cultivadas, nesse nosso processo de aproximação com a Felicidade.


Paulo Cesar Fernandes

16 07 2013

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