Cérebro Eletrônico
Gilberto
Gil e Maria Gadu
O cérebro
eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo
Faz quase tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo
O cérebro
eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
Só eu posso pensar
Se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar
Quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões
De carne e osso
Eu falo e ouço. Hum
Se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar
Quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões
De carne e osso
Eu falo e ouço. Hum
Eu penso e posso
Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
No meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo
Sou muito vivo e sei
Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
No meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo
Sou muito vivo e sei
Que a morte é nosso impulso primitivo
e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro
Aqui nesta música Gil expressa a eterna luta entre o
pensamento positivo representado pelo cérebro eletrônico, computador,
tecnologia e as dimensões metafísicas do Ser.
Mais que nunca a tecnologia nos deslumbra a todos, a cada
dia um novo brinquedinho nos pode chegar às mãos trazendo maravilhas. Sou
absolutamente favorável a tudo isso. Tá na mão? Por que não usar?
Mas me somo ao Pepe Mujica, quando diz para chegar a ter um
desses brinquedinhos não nos vejamos obrigados a trabalhar horas a fio cada dia
nos fazendo escravos dos objetos. Em última instância nos objetificando também,
fazendo-nos coisa; no trabalho exaustivo e exasperante.
Somos feitos para a Vida e para o Prazer de viver.
_ Mas isto não é vida!
Quem de nós não ouviu ou disse tal expressão?
Num momento de muito trabalho e grande responsabilidade não
me sobrava tempo para nada. Eu era um escravo, remunerado adequadamente, mas
escravo.
É contra isso o alerta de Gilberto Gil nessa música, e
de Deolindo Amorim em seu livro “O Espiritismo e os problemas humanos” no item A máquina e a fé.
Embora eu possa não concordar com sua defesa da religião, ou
das religiões todas, pois não as vejo como molas propulsoras do progresso da
humanidade, pelo contrário. Desprezo os termos religião e fé.
Porém vejo a necessidade da metafísica em nossa vivência. Necessidade da abstração da
materialidade, como elemento de encontro com o mais profundo em nós, nossa
individualidade.
Esse mergulho nem sempre nos é agradável, mas sempre
revelador; descortinando ambos os lados de nossa equação vivencial: o lado
positivo, que nos é fácil perceber e receber; e o lado negativo de nós mesmos,
esse de dura confrontação.
Mas não há vida sincera se nos escondermos desse espelho de
descobertas. E quem sabe não nos vejamos, e não sejamos efetivamente tão feios
como nos imaginamos. Pois fomos todos criados sob a égide da perfeição como
modelo. Isto visava nos dominar e nos manter aprisionados a todas essas
instituições formadoras de nossa personalidade.
Descartemos toda essa inutilidade de nossa vida. Nascemos
para voar. E tudo que nos impossibilite o voo deve ser descartado.
E podemos nos valer dos brinquedinhos tecnológicos em nosso
voo. Por que não?
Importa saber: quem está no comando de quem?
Posso me valer de tudo, estando cônscio de minha integridade
e valor pessoal.
Não mais tomo outrem por referência. Aprendo em cada
oportunidade, não perco uma. Mas tenho meu rumo referenciado em mim. Se
necessário, peço opinião de quem saiba capaz de ajudar.
O tempo dos líderes se perdeu nalgum ponto do passado. É uma
era finda.
Cada um de nós deve se fazer capaz de ser referência para si
mesmo. Buscar o conhecimento.
Vivemos tempos de Autonomia e Liberdade.
Tempos de Felicidade para o espírito livre.
Paulo Cesar Fernandes
06 07 2014
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