terça-feira, 24 de junho de 2014

20140624 Eletricidade espiritual

Eletricidade espiritual
 
 
Revista Espírita
 
Agosto de 1860



A Eletricidade espiritual
(Méd., Sr. Didier filho.)


O homem é um ser bem singular e bem fraco ao mesmo tempo; singular neste sentido, que no meio dos fenômenos que o cercam, não segue menos o seu curso comum, espiritualmente se entende; fraco neste sentido, que depois de ver, depois de ser tocado, sorri, porque o seu vizinho sorriu, e não pensa mais nisso; e notai que falo aqui não de seres vulgares, sem reflexão, sem aquisição; não, falo de pessoas inteligentes, na maioria, esclarecidas. De onde vem esse fenômeno? Porque eu nele refletindo, é um momento moral.


Pois bem! O Espírito começou a agir sobre a matéria, pelo magnetismo e a eletricidade; entrou em seguida no coração mesmo do homem, e o homem disso não percebeu! Estranha cegueira!


Cegueira, não produzida por uma causa estranha, mas voluntária, saída do Espírito; o Espiritismo veio em seguida; deu uma comoção
ao mundo e o homem publicou livros muito sábios, em dizendo: é uma causa natural, é muito simplesmente eletricidade, uma lei física, etc.: e o homem ficou satisfeito; mas, ficai disto certos, o homem terá muitos livros ainda a escrever, antes de poder compreender o que há de escrito no livro da Natureza: o livro de Deus. A eletricidade, essa nuança entre o tempo e o que não é mais o tempo, entre o finito e o infinito, o homem ainda não pode defini-la; por quê? Sabei-o: não podereis defini-la senão pelo magnetismo, essa manifestação material do Espírito; não conheceis ainda senão a eletricidade material; mais tarde, conhecereis também a eletricidade espiritual, que não é outra senão o reino eterno da idéia.

LAMENNAIS.



Desenvolvimentos sobre a comunicação precedente


1a Teríeis a bondade de nos dar alguns desenvolvimentos sobre certas passagens do vosso último ditado, que nos parecem um pouco obscuras?

R. O que puder fazer neste tempo, eu o farei.



2a Dissestes: a eletricidade, essa nuança entre o tempo e o que não é mais o tempo, entre o finito e o infinito', esta frase não nos parece muito clara; quereis ter a bondade de desenvolvê-la?

R. Eu a explico deste modo, o mais simples que posso achar. Para vós o tempo não é, não é isso? Para nós, ele não é mais; a eletricidade, eu a defino assim: essa nuança entre o tempo e o que não é mais o tempo, porque essa parte do tempo da qual era necessário outrora vos servir para vos falar de um canto do mundo ao outro, essa porção de tempo, digo eu, não existe mais; mais tarde virá esta eletricidade que não será outra senão o pensamento do homem, atravessando o espaço; não é, com efeito, a imagem, a mais impressionante, entre o finito e o infinito, entre o pequeno meio e o grande meio? Quero dizer, em uma palavra, que a
eletricidade suprime o tempo.



3a Mais longe dissestes: não conheceis ainda senão a eletricidade material; mais tarde, conhecereis também a eletricidade espiritual; entendeis com isso os meios de comunicação de homem a homem, por via medianímica?

R. Sim, como progressos médios; virá outra coisa mais tarde; dai aspirações aos homens: ele adivinha primeiro, e vê em seguida.

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Algumas perguntas saltam desse texto: Pense comigo meu amigo e leitor:


Estaria o espírito se referindo ao universo tecnológico que hoje vivemos?


Seria esse espírito tão avançado para ter a capacidade de tal previsão?


Pensando mais fundo é possível a premonição a um nível desses?


Minha visão e conhecimentos de física não me permitem a negativa ou a afirmativa. Como será isso?


Quantas coisas ainda se afiguram para mim como verdadeiros enigmas, dado meu desconhecimento de umas tantas coisas.

Enfim...


Como é bom ir fazendo a leitura da Revista Espírita. Amanhã inicio Setembro de 1860.


E assim vou conhecendo o velho e bom Kardec. É uma forma de conviver com ele e sua forma de pensar.


Paulo Cesar Fernandes

24 06  2014

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