sexta-feira, 2 de maio de 2014

20140502 Juventude inquieta

Juventude inquieta



J. Herculano Pires
O Infinito e o Finito
(Lições de Espiritismo / Crônicas)


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Juventude inquieta


Nenhum espírita consciente, realmente conhecedor dos princípios doutrinários, pode se conformar com a “corrupção do século”, como dizia o apóstolo Tiago. Todo espírita convicto anseia pelo estabelecimento do Reino de Deus na Terra.


Mas, pelo fato mesmo de ser convicto, sabe que esse reino não virá por sinais exteriores.


As injustiças do mundo têm suas raízes no coração do homem, pois é o homem quem faz o mundo. A política mundana, em todos os seus aspectos, é dominada pela astúcia, a sagacidade e a violência dos instintos animais do homem.


O Espiritismo luta contra esses instintos, conservados pelo egoísmo.


A ação espírita só pode ser política no bom sentido da palavra: ação pessoal para melhorar-se cada um no seu coração, e ação social para consertar os erros do mundo através do amor e da caridade.


Não se pode construir com ódio, violência e astúcia um mundo de justiça e pureza. Os materiais de construção são outros: o amor, a mansidão e a verdade.


Assim, a batalha do Espiritismo é de construção e jamais de destruição.

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Muito provavelmente um texto escrito com endereço certo: os militantes do MUE (Movimento Universitário Espírita), de cunho marxista.


A rigor um belo pensamento se abstrairmos o CatoEspiritismo nele presente.


O Movimentoi Espírita Brasileiro sempre teve um teor conservador, reacionário politicamente, e sempre combateu de forma enérgica o pensamento marxista dentro de suas fileiras.


Lufadas de pensamento mais arejado nos chegaram da Argentina, com os trabalhos de Humberto Mariotti e Manuel S. Portero. O que foi um processo de verdadeira libertação.


Ler "O Homem e a Sociedade numa Nova Civilização" de Mariotti desatou meu peito, pois me via entre pessoas cujo pensamento sempre foi, e continua sendo de direita. Liberal burguês.


Lia Marx e Lenin em castelhano, pois era o que nos chegava durante a Ditadura Militar, e me sentia um traidor dos espíritas.


Mariotti foi um achado.


Na noite em que encontrei o livro, ao fazer o registro na biblioteca ainda ouvi:

_ Vai ler esse livro? Para que barbudinho?


Dei de ombros e sorri. Percebendo que pouco a pouco, essa figura que eu admirava ia se esfacelando diante dos meus olhos. 


São pessoas boas, mas com formação intelectual totalmente diversa da minha. Com estruturas autoritárias, se acreditando os únicos sabedores do espiritismo, donos da verdade, algo insuportável.


Donde meu afastamento de todas elas.


Paulo Cesar Fernandes

02 05 2014

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