quarta-feira, 30 de abril de 2014

20140202 Caminho

Caminho


É curto? É longo?

Que me permitiria?


A morte é sempre uma surpresa. Bate repentina, ou num longo processo de preparação, tornando o desvínculo algo mais leve, algo sutil; um desvanecer da fumaça do meu cachimbo no quintal de casa. Ao final nada resta da fumaça, sequer seu aroma.


Assim são os vínculos entre corpo e alma, quando esta se projeta na abstrata senda da espiritualidade.


O pensamento, o Ser, se concentra em elementos distantes/inimigos da materialidade. Dessa forma, os únicos inimigos do Ser são os Entes, as Coisas; estas podem o prender e escravizar ao passado.


Alguns, a meio caminho, mergulham na simplicidade, matando em si a mediocridade da materialidade; da busca do Poder; do dinheiro sem trabalho e sem esforço; da consagração intelectual sem o correspondente debruçar-se na escolhida área do saber.


Quantas pesadas pedras precisam sair de nossas costas para termos leveza em nossa vida?


Que implica isso na nossa economia existencial?


Por certo a busca da abstração e  da liberdade numa contraposição às ilusões.


Sabemos todos. As ilusões não são próprias da maturidade.


Demarcam o processo de desenvolvimento do psiquismo infantil até certa época; quando o senso de realidade se forma e se afirma, proporcionando ao Ser um lento desenvolvimento da Razão, ou da reflexão profunda, forma predominante na vida adulta e
equilibrada.


Diante disto tudo, temos a qualquer instante, o chamado da magra e pálida morte. Não é uma miragem, uma fatalidade ou algo fora das Leis Naturais.


Morrer é tão natural como nascer, despertar para a vida corpórea.


Morrer é despertar para a vida incorpórea. Nada mudando na trajetória intelecto-moral empreendida nos anos últimos de vida.


Pois nada muda em nossa essência.


Seguirei com meus amigos, assim espero, no processo de estudo e busca da simplicidade, desenvolvido nos últimos anos. Um proposital distanciamento de muitas coisas não mais válidas para o presente momento vivencial.


Nada contra nada; e nada contra ninguém. Bem ao contrário, muita gratidão pelo passado, pelas pessoas boas e sinceras componentes desse passado.


Uma amiga. Toda manhã abria as janelas do quarto e dizia:
"Bom dia vida!" Num ato de positividade incapaz de ser compreendido por mim à época.


Hoje me creio capaz de dizer:
"Bom dia vida, iniciamos mais uma etapa de reflexões."


Das reflexões me alimento. São como o arroz, batatas, saladas. Duas dimensões diferentes da mesma energia componente da vida.


Uma vida intencionalmente franciscana.


Afinal vivemos sempre diante de dualidades históricas:


BEM   x   MAL
 
 
VIDA   x   MORTE
 
 
AMOR   x   ÓDIO
 
 
VINGANÇA   x   PERDÃO
 
 
EROS   x   THANATOS
 
 
FAUSTO   x   SIMPLICIDADE


Antes de tudo somos levados a fazer nossas escolhas. Queiramos ou não.


É uma inevitabilidade da vida, bem como da existência.


Paulo Cesar Fernandes

02  02  2014

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