Caminho
É curto? É longo?
Que me permitiria?
A morte é sempre uma surpresa. Bate repentina, ou num longo processo de preparação, tornando o desvínculo algo mais leve, algo sutil; um desvanecer da fumaça do meu cachimbo no quintal de casa. Ao final nada resta da fumaça, sequer seu aroma.
Assim são os vínculos entre corpo e alma, quando esta se projeta na abstrata senda da espiritualidade.
O pensamento, o Ser, se concentra em elementos distantes/inimigos da materialidade. Dessa forma, os únicos inimigos do Ser são os Entes, as Coisas; estas podem o prender e escravizar ao passado.
Alguns, a meio caminho, mergulham na simplicidade, matando em si a mediocridade da materialidade; da busca do Poder; do dinheiro sem trabalho e sem esforço; da consagração intelectual sem o correspondente debruçar-se na escolhida área do saber.
Quantas pesadas pedras precisam sair de nossas costas para termos leveza em nossa vida?
Que implica isso na nossa economia existencial?
Por certo a busca da abstração e da liberdade numa contraposição às ilusões.
Sabemos todos. As ilusões não são próprias da maturidade.
Demarcam o processo de desenvolvimento do psiquismo infantil até certa época; quando o senso de realidade se forma e se afirma, proporcionando ao Ser um lento desenvolvimento da Razão, ou da reflexão profunda, forma predominante na vida adulta e
equilibrada.
Diante disto tudo, temos a qualquer instante, o chamado da magra e pálida morte. Não é uma miragem, uma fatalidade ou algo fora das Leis Naturais.
Morrer é tão natural como nascer, despertar para a vida corpórea.
Morrer é despertar para a vida incorpórea. Nada mudando na trajetória intelecto-moral empreendida nos anos últimos de vida.
Pois nada muda em nossa essência.
Seguirei com meus amigos, assim espero, no processo de estudo e busca da simplicidade, desenvolvido nos últimos anos. Um proposital distanciamento de muitas coisas não mais válidas para o presente momento vivencial.
Nada contra nada; e nada contra ninguém. Bem ao contrário, muita gratidão pelo passado, pelas pessoas boas e sinceras componentes desse passado.
Uma amiga. Toda manhã abria as janelas do quarto e dizia:
"Bom dia vida!" Num ato de positividade incapaz de ser compreendido por mim à época.
Hoje me creio capaz de dizer:
"Bom dia vida, iniciamos mais uma etapa de reflexões."
Das reflexões me alimento. São como o arroz, batatas, saladas. Duas dimensões diferentes da mesma energia componente da vida.
Uma vida intencionalmente franciscana.
Afinal vivemos sempre diante de dualidades históricas:
BEM x MAL
VIDA x MORTE
AMOR x ÓDIO
VINGANÇA x PERDÃO
EROS x THANATOS
FAUSTO x SIMPLICIDADE
Antes de tudo somos levados a fazer nossas escolhas. Queiramos ou não.
É uma inevitabilidade da vida, bem como da existência.
Paulo Cesar Fernandes
02 02 2014
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