sábado, 8 de fevereiro de 2014

20140208 O testemunho do inseto

O testemunho do inseto





Do Inconsciente ao Consciente
 
Por Doutor Gustave Geley




Capítulo V

O testemunho do inseto

É suficiente considerar com atenção o inseto para compreender o nada das teorias antigas ou modernas sobre a criação das espécies ou sobre sua evolução.

À concepção de transformações perpétuas por variações lentas e infinitas, o testemunho do inseto opõe seu aparecimento desde as primeiras idades da vida terrestre e, em todos os casos, a estabilidade essencial de suas espécies, uma vez aparecidas.

À concepção de revolução pelos fatores clássicos de seleção e de adaptação, o testemunho do inseto opõe o abismo que o separa de sua larva, abismo no qual se perdem sem recorrer às teorias darwinianas ou lamarckianas. Ele opõe igualmente o espetáculo, por elas inexplicável, de seus instintos primários, desconcertantes e
maravilhosos.

Á concepção da evolução pelo jogo de agentes exteriores, o testemunho do inseto opõe suas transformações formidáveis, mas por assim dizer espontâneas, em uma crisálida fechada, subtraída, em uma larga medida, à ação desses agentes exteriores.

Á concepção da evolução contínua e ininterrupta por “assimilação funcional”, o testemunho do inseto opõe suas transformações e suas metamorfoses, suas alterações progressivas ou regressivas durante sua vida como larva. Ele opõe, sobretudo, em sua crisálida, o inacreditável fenômeno da histólise, reduzindo a maior parte de seus órgãos em uma papa amorfa antes das transformações iminentes.

Esse testemunho estupefante, nos ensinando que nem as formidáveis modificações de larvas nem a misteriosa histólise em nada comprometem a morfologia futura do inseto perfeito, reverte todas nossas concepções sobre a edificação do organismo como sobre as transformações das espécies. O inseto nos oferece assim, em toda sua biologia, como o símbolo do que isso é na realidade, veremos, a evolução: ele nos prova que a causa essencial desse último não deve ser procurada nem na influência do meio ambiente nem nas reações, com respeito ao meio ambiente, da matéria orgânica; mas que ela reside em um dinamismo independente dessa matéria orgânica, superior e diretor.


Um testemunho análogo ao do inseto é o de certas espécies de moluscos ou de crustáceos. Os animais dessas espécies sofrem, sabemos, antes de chegar ao estado de adulto, modificações extraordinárias, por adaptações muito diversas. E, entretanto, o desenvolvimento futuro desses animais prossegue, a despeito de suas metamorfoses, como assegurado por um princípio diretor, inalterado e imanente.

Ele nos mostra a evolução se efetuando sobretudo por um impulso interior, bem distinto da influência do ambiente, por um esforço primordial certo, mas ainda misterioso, e para o naturalismo clássico, absolutamente inexplicável.

Isso não é tudo: o testemunho incomparável do inseto, ao mesmo tempo que coloca em xeque as teorias naturalistas contemporâneas, contradiz igualmente a antiga concepção da criação providencial.

Com efeito, a característica principal do inseto, do ponto de vista psicológico, é possuir o instinto quase puro, quase sem traço de inteligência. Ora, achamos que esse instinto, puro e que permanece puro durante os séculos dos séculos, é marcado por uma ferocidade refinada, formidável, sem equivalente no resto da animalidade e ao mesmo tempo, entretanto, perfeitamente inocente.

Essa ferocidade seria por isso, se houvesse um criador responsável, a obra pura, a obra imaculada desse criador, cuja criação apareceria então como o espelho.

Vê-se que vale a pena considerar o inseto e levar em conta seu testemunho. Se esse testemunho não tivesse sido negligenciado, ele teria evitado à filosofia muitos erros. Infelizmente, como diz Schopenhauer: “Não se compreende a linguagem da natureza, porque ela é muito simples!”


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Me parece complicado a insistência em Geley em derrubar o Lamarckismo e o Darwinismo, se o próprio Kardec, após a apresentação de "A Origem das Espécies" por Sir Charles Darwin e Alfrewd Russel Wallace na mesma data e reunião da Sociedade Real de Ciência da Inglaterra; o próprio Kardec cuidou de alterar a edição seguinte de "O Livro dos Espíritos" incluindo o tema "Os tres reinos" tratando do assunto.


Longe de mim querer tirar valor de quem quer que seja, muito menos de Gustave Geley, nome que me foi ensinado ser um dos contribuidores à obra de Kardec.


Seguirei na leitura de cada tarde e veremos nós se, até o fim do livro, ele traz alguma contribuição verdadeira ou significativa ao espiritismo.


Prosseguimos no trabalho.



Paulo Cesar Fernandes

08 01 2014

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