quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

20140205 Le Dantec

Do Inconsciente ao Consciente
Por Doutor Gustave Geley


Título Original em Francês
Gustave Geley - De I’Inconscient au Conscient
Librairie Félix Alcan 108, Boulevard Saint-Germain Paris (1919)
Tradutor - Abílio Ferreira Filho


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Capítulo III

Os fatores clássicos são incapazes de explicar as transformações bruscas criativas de novas espécies



O lamarckismo, como o darwinismo impõem a concepção de modificações lentas, mínimas, inumeráveis para a gênese progressiva das espécies.

Essa concepção, aceita como um dogma, parecia acima de toda controvérsia.

Quando, recentemente, de Vries fez conhecer suas observações sobre o que ele chama de mutações, isto é, os aparecimentos
bruscos de novas espécies vegetais, sem formas de passagem com as espécies ancestrais, isso fez por toda parte, entres as pessoas
interessadas na filosofia naturalista, a confusão e a aflição.

Assistiu-se, durante alguns anos, a um espetáculo extraordinário: os fatos de mutações trouxeram ao transformismo a única prova
que lhe faltava, a da verificação experimental.

Entretanto, vêem-se transformistas se esforçar para diminuir tanto quanto possível a importância dos fatos novos e o alcance da
nova teoria; e, ao contrário, adversários ingênuos adotá-lo com entusiasmo, imaginando-se uns e outros que o sucumbir das
doutrinas clássicas levariam ao sucumbir mesmo da idéia evolucionista!


Le Dantec, em seu livro a crise do transformismo, se exprime assim: “uma nova teoria, baseada em experiências controladas, nasceu há alguns anos e faz numerosos adeptos no mundo das ciências naturais. Ora, essa teoria, dita das mutações ou das variações bruscas, é a negação do lamarckismo: eu diria quase que é negação mesmo do transformismo.” Com efeito, acrescenta ele: “para a filosofia, o transformismo é o sistema que explica o aparecimento progressivo e espontâneo de mecanismos, vivos
maravilhosamente coordenados, como o do homem e dos animais superiores.”


Veremos mais adiante que o aparecimento espontâneo de seres vivos é uma impossibilidade filosófica. Quanto ao aparecimento
progressivo desses seres, ele não é negado pela teoria das mutações.


É somente o mecanismo hipotético, a gênese suposta das transformações progressivas que se acha em oposição formal com os fatos novos.


Le Dantec e os naturalistas de sua escola, que identificam o transformismo com os fatores clássicos, são em certa medida lógicos quando eles se esforçam em restringir o mais possível o domínio das mutações. Mas a idéia evolucionista pura não tem que temer as novas descobertas, bem ao contrário, como eu me esforçarei em mostrar mais tarde.


Aliás, Le Dantec permanece bem perto de sua opinião quando ele afirma que as mutações não afetam senão caracteres secundários,
em geral caracteres ornamentais e “deixam intactos o patrimônio hereditário.”

Desde as experiências de de Vries, numerosas observações novas foram atualizadas e a importância capital das mutações não é mais
negada nem negável.

A única questão que permanece posta é a de saber se as mutações constituem, na evolução, a regra ou uma exceção. De Vries
admite nitidamente que as transformações bruscas são a regra para os animais como para os vegetais; e de Vries poderia bem ter
razão.

Se examinarmos com efeito de perto toda história das transformações na escala evolutiva, perceberemos que a teoria das mutações encontra em toda parte uma deslumbrante confirmação.

Verdades, que saltam aos olhos, mas que não se queria ver ou que se escamoteava inconscientemente, são postas à plena luz por um
exame atento.

Essas verdades tinham sido proclamadas, entretanto, por grandes naturalistas, tais como Geoffroy Saint-Hilaire; mas elas não tinham
triunfado e a tese das transformações lentas não encontra mais, até os trabalhos de de Vries, quem a contradissesse.

Baseando-se na teoria das mutações, Cope retomou o estudo das formas fósseis, especialmente as formas fósseis dos batráquios e
mamíferos da América e não teve dificuldade em mostrar a probabilidade de suas variações progressivas por saltos.

É fácil aliás, de acordo com os documentos paleontológicos que constituem “os arquivos da criação, constatar o aparecimento,
sempre brusco na aparência, das principais grandes espécies”.

Batráquios, répteis, pássaros, mamíferos aparecem bruscamente nos terrenos geológicos. Assim que eles surgem, parecem adquirir
muito rápido os caracteres completos que guardarão em seguida integralmente, sem mais sofrer modificação essencial, tanto que
suas espécies subsistirão.

Sem dúvida, a paleontologia nos oferece formas de transição. Mas essas formas são raras e, constatação mais grave, elas parecem
antes espécies intermediárias que formas de passagem.

Tomemos por exemplo, o arqueópteryx, a mais notável dessas espécies intermediárias. Vemos um pássaro-réptil, um animal tendo
ao mesmo tempo do réptil e do pássaro. Mas sua espécie é bem determinada e bem especializada.

O arqueópteryx tem a constituição do réptil; mas ele tem também asas, asas bem desenvolvidas; asas que permitem o vôo, asas de
pássaro.

Jamais se encontraram répteis munidos de asas embrionárias ou em estado de esboço, no começo de seu desenvolvimento.

O que é verdadeiro para o arqueópteryx é igualmente para todas as formas intermediárias conhecidas: são formas bem determinadas,
com caracteres especiais muito nítidos, que permitem o uso dos órgãos característicos das espécies.

Apesar da paleontologia nos apresentar muitos órgãos rudimentares, resíduos de órgãos degenerados e inúteis, ela não nos oferece jamais órgãos esboçados e ainda inutilizáveis.

Parece então que as transformações bruscas sejam a regra na evolução.

Ora, é evidente que nem a seleção natural nem a influência do meio podem explicar esses aparecimentos bruscos de espécies novas.

É o que reconhece Le Dantec quando exclama: “uma mutação que se produz sob meus olhos, é uma fechadura cuja chave eu não
tenho!”

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Trago aqui tal e qual escreve Geley.

Postula ele que há saltos entre alguns exemplares das espécies. Ao mesmo tempo Kardec advoga que "na Natureza nada dá saltos".

E realmente é o que vemos ocorrer diáriamente.

As provas paloeontológicas que Geley vai buscar em Le Dantec podem estar equivocadas. E mesmo Le Dantec que eu não conheço,
pode ter um conceito distorcido de todo o processo da própria paleontologia.

A meu juizo seria necessária uma investigação das vertentes mais recentes da paleontologia para poder afirmar as pesquisas de Le
Dantec; ou definitivamente derrotá-las. Verdadeiramente eu não me proponho a isso neste momento, quando meu foco de preocupação é o indivíduo na atualidade. Partindo de Alexis Tocqueville e chegando a Alain Renaut. Mas essa é uma outra coisa para um outro momento.

Apenas trouxe este texto pelo incômodo causado por ele. Nós que sempre tivemos Gustave Geley como um referencial de um golpe
nos depararmos com coisas assim tão estranhas ao preconizado pela ciência atual, no mínimo nos deixa com as barbas de molho.

Apenas isso e nada mais.


Paulo Cesar Fernandes

05 02 2014

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Notas adicionais:


Félix Le Dantec
Da Wikipedia, l'enciclopedia libera.


Felix Le Dantec (Plougastel-Daoulas, 16 gennaio 1869 – Parigi, 7 giugno 1917) è stato un biologo e filosofo materialista francese.

«Le teorie dualistiche sono vecchie come il mondo; il monismo è al contrario molto recente ed è stato attaccato dalla nascita per
ragioni che attengono alla pigrizia intellettuale tanto quanto l'abuso della logica sentimentale. Sostengo che il monismo è recente,
sebbene gli avversari lo confondano volentieri in una stessa riprovazione con i materialismo degli antichi, e, in realtà, il monismo d'alcuni monisti attuali non si lascia facilmente separare dal materialismo, di cui ha ripreso le affermazioni metafisiche, inaccessibili all'esperienza».

È con queste parole che Felix Le Dantec apre il § 30, il secondo della Terza Parte del suo L'atheisme, intitolata L'ateismo scientifico o monismo, nella quale egli, dopo le analisi svolte nelle prime due Parti, passa ad enunciare la sua proposta filosofica.


Biografia

Figlio di un medico, il giovane Felix nasce nel 1869 in una paesino della Bretagna. Studia a Brest, quindi a Parigi, al liceo Janson de
Sailly, e a 16 anni entra alla École Normale Supérieur laureandosi poi in medicina.

Insegna per un certo tempo a Brest, quindi emigra in Brasile dove fonda un Institut Pasteur locale.

Rientrato in Francia, insegna dapprima a Lione poi a Parigi dove viene creata per lui una cattedra di embriologia generale,
raggiungendo fama e successo con i suoi libri di carattere scientifico e filosofico.

Muore nel giugno del 1917 al colmo della fama di docente, scrittore e pubblicista brillante.

Poco dopo il suo allievo Jacques Moreau ne celebra la figura di scienziato e filosofo, illustrandone le tesi con il saggio L'œuvre de
Félix Le Dantec, La méthode scientifique, les lois biologiques, les horizons phlilosophiques (edito da Larousse).


Pensiero

Ateismo radicale

Un ateismo radicale quello di Le Dantec, che egli ricava da Claude-Adrien Helvétius, d'Holbach e Laplace (ma senza mai citarli) nei
suoi fondamenti deterministici e monistici.

Un ateismo che, per altro,trova le sue basi nell'anticlericalismo della cultura postitivistica francese dell'800, che cerca di colpire la
credenza in Dio nel suo fondamento irrazionalistico, come avevano già fatto gli Illuministi.

Le Dantec è anche biologo di un certo rilievo, con spiccate simpatie verso l'evoluzionismo di Lamarck e non per quello di Darwin (in
quanto considerato troppo indeterministica)

Oggi quasi unicamente ricordato per il citato saggio L'atheisme, già in Le conflit, Entretiens philosphiques (del 1901) aveva posto le
premesse per il suo ateismo monistico e deterministico su base biologica.

La filosofia atea di Le Dantec è l'espressione di un materialismo monistico e deterministico assoluto, che affonda le sue radici nel
materialismo meccanicistico del Settecento.


Prima parte

Tutta la parte prima de L'atheisme è dedicata alla confutazione della credenza in Dio, considerata il retaggio di stratificazioni culturali superstiziose, così concludendo:

« Ecco ancora un'opinione d'ateo, sapere che il pensiero scaturisce da un meccanismo determinato; non credo alla libertà, e ciò è
fondamentale in me; come potrei dunque farmi comprendere da un credente dotato di libertà assoluta per il fatto stesso d'essere
credente? »

La negazione del libero arbitrio e il necessitarismo assoluto su base biologica sono il risultato della ritraduzione dello stesso
atteggiamento che già fu di D'Holbach, ma con una serie di considerazioni relative alle nozioni sul vivente proprie della fine del XIX secolo.

Egli ribadisce: « La presenza di atei dimostra semplicemente che le prove dell'esistenza di Dio non valgono nulla. Sono valide per
quelli che credono, e che, di conseguenza, non ne hanno bisogno, ma senza effetto per coloro che non credono; è addirittura molto
imprudente fornire prove, poiché un ateo, ritenendole insufficienti, si sentirà, proprio per questo, maggiormente autorizzato a
proclamarsi ateo.»

Negato ogni valore alle prove dell'esistenza di Dio sia su base morale, storica e fisico-cosmologica Le Dantec passa a confutare il
concetto di "caso", considerato irreale ed inesistente, ribadendo il dominio assoluto della necessità nei termini già posti anche da
Laplace, negando ogni finalismo provvidenzialistico.


Favorevole al lamarckismo e diffidente verso il darwinismo egli scrive:

«Arrivo in fine al Dio Caso dei darwinisti. Basta riflettere un attimo per vedere che la selezione naturale agisce come il tubo di acido
malico dell'esperienza di Pfeffer, con questa differenza che è una proprietà della vita stessa che è la causa della selezione degli esseri
viventi. Questa proprietà, questa legge, è la legge della continuità necessaria delle stirpi o eliminazione definitiva di quelli che sono
morti senza posterità: bisogna d'altra parte, checché ne pensino i neodarwinisti, aggiungere a questa legge quella dell'ereditarietà dei
caratteri acquisiti per spiegare la formazione delle specie.»


Seconda parte

La seconda parte (Conseguenze umane dell'ateismo) dell'opera affronta la posizione di Voltaire e il suo anti-ateismo contestandone le tesi, vedendo in vece in Maupertuis e Diderot i precursori di un evoluzionismo che però egli, come si è visto, indirizza (contro
Darwin) in deterministico e dove l'ereditarietà è sovrana. Scrive infatti:

«Oggi, dotati per via ereditaria di una coscienza morale di cui non conosciamo esattamente l'origine, concepiamo agevolmente una
società senza Dio; ma siamo lontani dal concludere che, prima dell'esistenza della coscienza morale, si sarebbe potuta formare una
società senza sfruttare l'idea religiosa.»

Vedendo nella paura l'origine della fede religiosa, a conclusione del capitolo IV, egli scrive:

«Sbarazzato dal terrore vano per quanto riguarda l'avvenire, l'ateo logico deve attingere dalla sua coscienza morale un'immensa pietà
per quelli dei suoi simili che tremano incessantemente davanti alla scadenza prossima. L'ateo logico non può avere né ambizioni, né
odio, né fine remoto; la vita perde per lui molto del suo valore, poiché non crede al merito, ma non teme la morte;»

L'insegnamento delle scienze naturali costituisce per Le Dantec il miglior mezzo per sviluppare anche la cultura filosofica:

«Studiare scientificamente la vita, è fare filosofia; è fare la sola filosofia che merita questo nome; e se si comincia con l'apprendere
una filosofia già pronta, per occuparsi in seguito di Scienze naturali, se si comincia col definire sulla buona fede di autori preferiti, tutto ciò che è relativo alla vita, si mette il carro davanti ai buoi, pratica condannata dalla saggezza popolare.»

Per quanto assertore della validità della concezione evoluzionistica Le Dantec non perdona a Darwin il fatto di ammettere mutazioni
genetiche casuali e non necessitate, ribadendo:

« E non sarà senza interesse dimostrare che Darwin, il fondatore o almeno il restauratore ed il volgarizzatore dell'evoluzionismo, ha
adottato, tra i primi, il metodo difettoso che avrebbe impedito a questa dottrina di dare tutti i suoi frutti.»

Allo scienziato inglese viene con ciò rimproverato l'errore di non inserire il suo concetto in un rigore scientifico che ammetta la
conoscibilità rigorosamente deduttiva e non probabilistica dei fatti biologici.


Terza parte

La Parte Terza de L'atheisme è quella in cui viene teorizzato l'ateismo scientifico su base monistica e necessitaristica.

Ciò significa anche che per Le Dantec le parti hanno senso soltanto in quanto riferite a un tutto costituente la Natura nel suo insieme.

Ma ciò che più gli preme è in ogni caso negare ogni dualismo materia-spirito.

La sua concezione privilegia quindi una materialistica e scientifica logica pura da contrapporre alla logica di sentimento, responsabile
di una non-scienza che spinge immancabilmente verso la religione.
Nel § 33 viene così espressa l'essenza dell'ateismo scientifico:

« La scienza umana è basata sulla constatazione, vecchia come la vita, del determinismo universale; è grazie a questo, che l'uomo può
prospettare di scoprire le leggi dei fenomeni naturali, vale a dire di fissare delle formule che, nelle stesse condizioni, si verifichino
sempre in tutti i fenomeni misurabili.».

L'inevitabile conclusione è: «Le cose sono come sono e non altrimenti.» confermando un radicalismo proprio di un positivismo
ottocentesco che vedeva nella necessità il principio dell'essere.

Per l'ambiente culturale e sociale italiano il Félix Le Dantec pensatore è stato trascurato dalla storiografia filosofica. Una
riproposizione del suo pensiero e una nuova esegesi dei suoi testi sarebbero utili alla sua conoscenza, fatti salvi tutti i limiti di un
radicalismo monistico-necessitaristico oggi non più compatibile con la biologia più avanzata. La quale, non solo conferma Darwin,
ma evidenzia elementi indeterministici che il Positivismo considerava inammissibili.


Opere scientifiche

La matière vivante 1895
Le déterminisme biologique et la personnalité consciente. 1897
L'individualité et l'erreur individualiste 1897
Les lois naturelles 1901
Les limites du connaissable 1902
L'unité dans l'être vivant 1902
Traité de biologie. 1903
La lutte universelle 1906
Introduction à la pathologie générale 1906
De l'homme à la science 1907
Théorie nouvelle de la vie De l'homme à la science 1908
Science et conscience 1916
L'égoïsme, seule base de toute société 1911
La science et la vie 1912



Opere filosofiche


L'athéisme 1907
Eléments de philosophie biologique 1911
Contre la métaphisique 1912
Savoir, Considérations sur la méthode scientifique 1914
Science et conscience, Philosophie du XX siècle 1916

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