terça-feira, 12 de novembro de 2013

20131112 Abstração como Espiritualidade

Abstração como Espiritualidade


Esta é uma questão já de algum tempo clara para mim. A espiritualidade nada tem a ver com religiões, ou com espiritismo.


Toda atividade que nos permita abstrair da materialidade para a qual nossa sociedade nos empurra é do âmbito da
espiritualidade. Inclusive as ciências exatas. A arte e tantas outras.


Um trecho do livro de Herculano Pires vem ao encontro de minhas proposições, para minha alegria:




Temos primeiramente a capacidade de formulação de conceitos abstratos, que é o resultado de uma longa evolução da “rés cogitans”, da coisa pensante cartesiana. A História da Matemática nos ajuda a compreender esse processo, mostrando-nos o desenvolvimento da capacidade de contar, na vida primitiva.

O pensamento do homem selvagem revela a sua natureza concreta na incapacidade para contar além do número dos dedos das mãos ou dos pés, nas tribos mais atrasadas. Somente nas tribos mais evoluídas o homem se torna capaz de utilizar-se de números abstratos.


A abstração mental é, portanto, uma conquista da evolução. E a História da Filosofia nos mostra que, apesar do enorme desenvolvimento intelectual dos gregos, foi Sócrates quem descobriu o conceito e revelou a sua importância. Depois de haver conquistado o conceito, ou seja, a capacidade de conceituar, de formular a concepção dos objetos materiais, o homem se torna capaz de ajuizar, de comparar, medir e julgar as coisas.


Somente nesse momento ele se torna apto a formular juízos éticos e morais, a elaborar regras para a sua conduta moral e a esboçar um panorama ético das relações humanas e divinas. É evidente que uma função não decorre imediatamente da outra. A capacidade de abstração evolui lentamente para a de julgamento das coisas, e só numa fase adiantada da evolução intelectual atinge a de formulação de juízos éticos e morais. É o que nos mostra, por exemplo, a evolução do pensamento grego, ao passar dos antigos fisiólogos para os sofistas, e destes para os filósofos da linha socrática.

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Evidentemente, há necessidade de uma visão abrangente da obra do Professor, o que não invalida o uso desse pequeno trecho em apoio à tese por mim defendida.


Quando nosso tempo estiver, em sua grande parte, ocupado pela espiritualidade por mim proposta, não nos tornaremos
místicos, religiosos, nem algum tipo de ET. Apenas teremos escolhido, no universo de possibilidades, as atividades que
melhor se coadunem com o projeto de vida pretendido.


Leremos de todas as coisas; desenharemos; pintaremos (o sete, o oito e muito mais...); tomaremos disciplinas várias para nossa diversão; desbravaremos o universo de novas culturas, através do aprendizado de novas línguas, pelo simples prazer do conhecimento, sem uma utilidade financeira próxima ou remota; enfim, estaremos mais abertos a tudo de novo ofertado no âmbito do conhecimento.


Afinal o espirito foi criado para alçar grandes voos. Vislumbrar paisagens intrigantes e renovadoras.


Ciscar no chão da materialidade jamais nos trará a Felicidade tão sonhada por todo o que pensa existencialmente.


A nossa vida inicia no berço e termina no túmulo.


A nossa existência, por outro lado, iniciou em nossa criação e tem pela frente o infinito.


Paulo Cesar Fernandes

12  11  2013

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