segunda-feira, 11 de novembro de 2013

20131111 José Herculano Pires_Pedagogia Espírita

José Herculano Pires

Pedagogia Espírita


O mistério do ser


A educação depende do conhecimento menor ou maior que o educador possua de si mesmo. Porque conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo do conhecimento do ser humano. A Humanidade é uma só. O ser humano, em todas as épocas e em toda parte, foi sempre o mesmo.Sua constituição física, sua estrutura psicológica, sua consciência são iguais em todos os seres humanos.


Essa igualdade fundamental e essencial é o que caracteriza o homem. As diferenças temperamentais, culturais, de tipologia psicológica, de raça ou nacionalidade, de cor ou tamanho são apenas acidentais. Por isso mesmo a Educação é universal e seus objetivos são os mesmos em todas as épocas e em todas as latitudes da Terra.



Essa padronização, que devia simplificar a educação, na verdade a complica, porque por baixo do aspecto padronizador surgem as diferenciações individuais e grupais.


Cada indivíduo é único, diferente de todos os demais, mesmo nos grupos afins. O tipo psicológico de cada ser humano é único e irredutível à massa. O mistério do ser, que aturde os educadores, chama-se personalidade. Cada ser humano é uma pessoa. E o é desde o nascimento, pois já nasce formada com sua complicada estrutura que vai apenas desenvolver-se no crescimento e na relação social. É difícil para o educador dominar todas essas variações e orientá-las.



Educar, como se vê, é decifrar o enigma do ser em geral e de cada ser em particular, de cada educando. René Hubert, pedagogo francês contemporâneo, define a Educação como um ato de amor, pelo qual uma consciência formada procura elevar ao seu nível uma consciência em formação.



A Educação se apresenta, assim, como Ciência, Filosofia, Arte e Religião. É Ciência quando investiga as leis da complexa estrutura humana. E Filosofia quando, de posse dessas leis, procura interpretar o homem. E Arte quando o educador se debruça sobre o educando para tentar orientá-lo no desenvolvimento de seus poderes internos vitais e espirituais. E Religião porque busca a salvação do ser humano no torvelinho de todas as ameaças, tentações e perigos do mundo. O verdadeiro educador é o que
pratica a Religião verdadeira do amor ao próximo, naquilo que podemos chamar o Culto do Ser no templo do seu próprio ser.



Não se trata de uma imagem mística da Educação, mas de uma tentativa de vê-la, compreendê-la e aplicá-la em todas as suas dimensões. O ato de educar é essencialmente religioso. Não é apenas um ato de amor individual, do mestre para o discípulo, mas também um ato de integração e salvação. A Educação não procura
integrar o ser em desenvolvimento numa dada situação social ou cultural, mas na condição humana, salvando-o dos condicionamen-tos animais da espécie, elevando-o ao plano superior do espírito.



É fácil compreendermos como está longe de tudo isso o profissionalismo educacional do nosso tempo. Tinham razão os filósofos gregos quando condenaram o profissionalismo dos sofistas. Não se tratava apenas de uma diferenciação de classes sociais, mas da luta contra o abastardamento da Educação pelos que negavam a existência da verdade a troco de interesses imediatistas.



Como ajustar os fins superiores da Educação às exigências de uma civilização baseada no lucro? A falta de uma solução para esse ajustamento é a origem da crise universal da Educação em nosso tempo. Não obstante, a solução poderia ser encontrada na aplicação de processos vocacionais. Nenhum tipo de educação coletiva pode
ser eficiente se não estiver em condições de observar e orientar as tendências vocacionais.



O desenvolvimento da Era Cósmica, apenas iniciada com ,as conquistas atuais da Astronáutica, traz novos e graves problemas ao campo educacional. Toda a Terra está sendo afetada pela nova concepção do homem e da sua posição no Cosmos. O aceleramento do processo tecnológico está levando o homem a conhecer melhor a sua própria condição humana. O ceticismo dos últimos tempos vai cedendo lugar a um despertar de novas e grandiosas esperanças.


A Educação da Era Cósmica começa a nascer e os educadores começam a perceber que precisa renovar os processos educacionais.



Educar e amar

O mundo das crianças é diferente do mundo dos adultos.

É um mundo de sonhos e de aspirações nobres. Um mundo amoroso, cheio de ternura e ansiando por compreensão. Kardec escreveu que as crianças são espíritos que se apresentam no mundo com as vestes da inocência. Espíritos maduros que se fazem pequeninos e tenros para poderem entrar no Reino do Céu. Voltam à fonte da vida, renovam-se nas águas lustrais da esperança, recomeçam a existência com grandes planos de trabalho delineados no íntimo. São frágeis e parecem puros porque precisam atrair o amor da gente grande. Carecem de amor e imploram carinho.



As pesquisas pedagógicas entre as tribos selvagens revelam que as crianças tribais, ao contrário do que supunham alguns teóricos, não são tratadas com brutalidade mas com reserva e carinho. Para o selvagem a criança é como um estrangeiro que chega à tribo, mas um estrangeiro que pode ser amigo. Antes de integrá-la na vida social eles a mantêm em observação, procurando atraí-la com amor.


Depois dos rituais de integração, os adolescentes çontinuam a ser encarados com ternura e tratados com carinho.



A finalidade dessas pesquisas é favorecer a descoberta da verdadeira natureza da educação. Nos povos civilizados a educação aparece muito complexa, revestida de numerosos artificios técnicos e teóricos, perturbada por sofismas e sujeita a interesses múltiplos. Nos povos selvagens ela pode ser observada na fonte, está ainda pura e nua como a verdade. E o que as pesquisas revelam é que a educação, na sua verdadeira essência, é um ato de amor pelo qual as consciências maduras agem sobre as imaturas para elevá-las ao seu nível.



Educar é amar, porque a mecânica da educação é a ajuda, o amparo, o estímulo. A vara, o ponteiro, a palmatória, as descomposturas e os gritos pertencem à domesticação e não à educação. A violência contra a criança é um estímulo negativo que desperta as suas reações inferiores, acorda a fera do passado na criaturinha vestida de inocência que Deus nos enviou. Só o amor educa, só a ternura faz as almas crescerem no bem.


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Lembrete aos educadores de todo mundo. Educar é amar.


Sem o coração não há uma verdadeira Educação.
Preparar uma aula. Dar uma aula não é educar.


O Pedagogo transcende todo tarefismo. Homens como Professor Paulo Freire, Professor Altivo Ferreira e Professor José Herculano Pires são elementos modelares nas atividades a que se propunham.


Minha pequena homenagem a esses verdadeiros professores e pedagogos com os quais tive a alegria de partilhar momentos e assistir palestras.



Paulo Cesar Fernandes

11 11 2013

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