domingo, 20 de outubro de 2013

20131020 O texto e seu objetivo

O texto e seu objetivo


Vinha trabalhando em minhas meditações com o livro de Carlos Imbassahy, "O Espiritismo à luz dos fatos". Um livro de 1935 cuja principal preocupação é a comprovação da veracidade dos fatos espíritas.


Parei de ler pois esse tempo passou, estamos agora num outro momento.


O tempo de implementação da "Era do Espírito" tão propagada pelo Professor Herculano Pires. Um novo momento histórico que não virá da religiosidade, de práticas irracionais e ilógicas. Não virá da acomodação do homem ao estreito limite da materialidade vigente em nosso mundo.


Quando Alain Renaut, professor de filosofia na Sorbonne (Paris IV) e especialista em Kant e Fichte nos fala do indivíduo em seu livro "O indivíduo: reflexão acerca do Sujeito"; esse sujeito por ele referido é o Espírito do espiritismo; ou o Ser de Martin Heidegger; enfim o homem hoje defrontado com seu tempo e com sua realidade existencial.


A velocidade da nossa vida, indicada por Paul Virílio, acaba focando nosso Ser nas eleições mais profundas da sua personalidade. E para muitas pessoas as desviando de seus possíveis projetos de espiritualidade.


Para atender às necessidades do homem de nosso tempo é necessário tenhamos em mente o mundo em que vivemos, quais as suas características, e quais coisas esse mundo pede ao homem da atualidade.


Falar em espiritismo sem ter essa mirada, esse foco no homem atual, será perda de tempo e energias. Se o espiritismo tem algo a oferecer ao mundo é essa oposição ao materialismo vigente, expresso no consumo irracional; na busca de notoriedade sem o correspondente esforço pelo próprio aprimoramento; despreocupação na busca de valores maiores.


A vida na materialidade estiola as energias do Ser.


Hoje. Este se ilude com a técnica, com as ofertas das facilidades modernas. Não pretendo com isso que voltemos às árvores, mas estejamos atentos às ilusões. Pouco a pouco vai nosso contemporâneo olhando mais e mais para o chão e menos para seus semelhantes. Menos para a lua, para as estrelas, para a natureza de uma forma geral. Atentar não apenas para preservar a natureza, mas para se sentir e perceber elemento componente dessa mesma natureza.


Quanto mais o homem se afasta da natureza mais se sente angustiado, distante de si mesmo, mais sente falta do útero materno, e esse útero é a natureza em sua plenitude. Pois o homem é um animal. E ao abdicar dessa sua animalidade se faz infeliz.


A Razão pura e simples, a razão seca da modernidade de Descartes não atendeu ao homem; talvez a Razão Sensível possa contribuir de alguma maneira numa nova forma de ver a vida e mesmo de viver.


A razão somada à sensibilidade poderá agregar ao espírito as diversas manifestações artísticas, os avanços da ciência, e todos os ramos do conhecimento.


A esse amplo conglomerado de coisas abstratas tenho denominado Espiritualidade. Sempre ressaltando nada ter a ver com religiões ou espiritismo. É apenas a eleição da abstração como um elemento adicional em nossa vida.


Nosso homem atual, não tem consciência de sua infelicidade mas é infeliz. E não tem consciência de nada, pois a materialidade o absorve todo. Seu foco é todo material.


Mesmo quando vai ao culto, à sua igreja, ao seu centro espírita; visa apenas a solução imediata das questões da materialidade.


A Era do Espírito pede espíritos abertos à imaterialidade, mas com os pés bem firmes na areia de nossa Terra. Capaz de alçar voo como o Condor, mas ter fortes vínculos com seu corpo, com seu povo e sua gente. Uma Era sem gurus, sem profetas, sem donos de verdades ou de pessoas.


A principal característica da Era do Espírito será a capacidade do homem voar cada vez mais alto, e com as próprias asas a vislumbrar paisagens de  beleza espiritual incapazes de ser sonhadas por todos os que se voltam para o chão, ciscando na materialidade.


Nascemos para ser felizes. Para ganhar os ares. Para crescer e ajudar a crescer nossos semelhantes.


Pois seremos mais felizes na complementaridade dos corações.


Paulo Cesar Fernandes

20 10 2013

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