quinta-feira, 30 de maio de 2013

20130530 Jesus é verbo


Ele salvou a muitos e a si mesmo não pôde salvar-se.
Observação de Mateus 27:42



Uma ótica estreita, delimitada entre o berço e o túmulo, traz essa afirmação de Mateus. Basta nos afastarmos no tempo e teremos uma outra visão/compreensão de todo o processo.


1) Para nós espiritas, esse não é o momento mais importante da passagem de Jesus pela Terra. Foi muito usado pela Igreja Católica no domínio dos homens de todos os tempos, inclusive hoje, em missas de padres conservadores, o madeiro é sempre lembrado, para o rebanho não se rebelar diante das injustiças do mundo.


Afinal, o martírio maior foi vivido por Jesus para salvar a humanidade. Esse argumento eu ouvi na Igreja do Embaré, enquanto esperava uma amiga. Bom lembrar de quanto reacionária é a Igreja politicamente. Desde os padres com inserção nos Meios de Comunicação de Massas ao Papa.


Nomes como Helder Camara; Tomás Balduíno e Pedro Casaldáliga são desviantes dessa massa perversa. Homens capazes de afrontar a morte pelo "povo de Deus", como eles mesmos denominam. São outra coisa dentro dessa instituição. Não falam no madeiro em suas celebrações, contrariamente realçam o Jesus vivo em cada um de seus seguidores. Lembrar aqui o amparo dado pelos Beneditinos, durante a Ditadura Militar, para conduzir ao exterior os militantes perseguidos. Frei Betto entre eles.


2) Tendo em vista a imortalidade, Jesus de Nazaré apenas se viu compelido a sair do corpo. Um corpo mutilado pela ignorância popular. Presente na época de Jesus, e em todas as eras da humanidade. A ignorância é sempre mais numerosa que a sensatez. Bom senso e condescendência é privilégio de poucas pessoas, em
qualquer tempo histórico.


3) Salvação é outra falácia, necessária de ser extirpada do movimento espirita de uma vez por todas. A incultura é promotora dessa visão da necessidade de salvadores. Salvadores da almas. Salvadores de pátrias. Salvadores de equipes de futebol.


Apenas podemos salvar aquilo em processo de perdição, de
decomposição ou de degradação, como é o caso de alguns pontos do planeta Terra, aos quais os ambientalistas deitam seu foco.


Nós, espíritos, não temos nada disso. Sempre vivenciamos experiências, libertamente escolhidas. Se as escolhas trouxerem a dor, reordenaremos nosso modo de agir, aprendendo algo. E na dinâmica dialética da existência vamos progredindo. Sempre lembrando, contar com o aliado tempo jogando ao nosso lado, bem como das oportunidades oferecidas pelas múltiplas encarnações.


Nessa dinâmica existencial. Estamos cada um de nós no momento mais propício, no lugar mais acertado. Com o caminho pleno de possibilidades. Contamos para isso não com o Jesus do madeiro, da cruz. Nada disso. Mas com o Jesus vivo, caminhando por sua Galiléia e lançando sementes de verdades cabíveis em todos os
tempos, e germináveis em todos os corações a elas devotados.



"Jesus não é substantivo, Jesus é verbo." diz Ricardo Arjona. Um cantautor nascido na Guatemala e cuja carreira veio a deslanchar no México.


É isso. Jesus não é o homem apenas. Mas as ações brotantes da sua mensagem, pulsando no coração do Homem de Bem.


Paulo Cesar Fernandes

30  05  2013

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