quinta-feira, 23 de maio de 2013

20130523 Pelos atos, pelas obras

“Assim também a fé., se não tiver as obras, é morta em si mesma.”
TIAGO  2:17



Assim é! A fé em si mesma nada tem de útil. É um único vazio, uma inutilidade a iludir os incautos. Eu combato a fé.


No desvão da fé as pessoas deixam de se valer da Razão, o único caminho capaz de levar o homem a novos patamares de percepção da vida e de seus semelhantes. A razão somada ao amor faz surgir coisas como os "Médicos sem Fronteiras", cuja razão vislumbrou uma situação calamitosa e injusta, e o amor mobilizou esses espíritos no sentido do amparo ao semelhante.


Não somos médicos, enfermeiros, mas somos algo nesta vida. Temos a capacidade de pensar, de raciocinar claramente, e um coração capaz de sentir as desgraças apresentadas por este mundo. Fruto sempre o Orgulho e Egoísmo como bem disseram os espíritos a Kardec, no momento em que foram questionados sobre os
maiores males enfrentados pela humanidade. A resposta veio sem hesitação.


Triste nos é perceber a continuidade das mesmas chagas dominando os corações. A humanidade é sempre a mesma. Mudam as formas e meios de expressão dos seus defeitos. Não quero com isso afirmar a ausência de progressos, e progressos significativos nas décadas passadas. A brutalidade do início do século passado foi
se atenuando na grande massa da população. Temos ainda seres na primitividade, mas na sua grande maioria apenas fruto das condições sociais injustas nas quais estão inseridos.


A revolta antes canalizada nas lutas sociais através de sindicatos e partidos políticos esvaneceu.


A força do individualismo imposto pelo capitalismo na atualidade trouxe o "salve-se quem puder" social. E cada qual lutará com as armas ao seu dispor. Dentro das organizações, a competitividade mais absurda, despojada de qualquer valor ético. E nas camadas mais despossuídas das populações, a busca de qualquer caminho,
desde que seja rápido, para alcançar os objetivos colimados.


"Não dá mais Paulo, eu vou partir prás cabeças." me disse muitos anos atrás um amigo, quando eu militava em bairros populares. Significava ele, partiria para o crime. Não sei se minhas alegações sobre sua esposa e seus filhos tiveram efeito, eles desapareceram do bairro. A falta de trabalho, a baixa remuneração quando o
encontrava, e os problemas pessoais desse amigo o empurravam por um caminho. Equivocado. Mas o único que via de dentro de sua situação.


Mas é bom lembrar ser a pobreza um elemento sempre presente na história da humanidade, e nem por isso todas as pessoas se puseram a assaltar e a roubar. Mesmo hoje a dignidade é presente na grande maioria dos lares.


A violência presente em nosso mundo, nasce da desestruturação psíquica provocada por uma sociedade injusta e vil. Problema já levantado após a Segunda Guerra por Erich Fromm, em seu livro "Psicanálise da Sociedade Contempórânea", onde aponta o
crescimento da violência sob o capitalismo.


Hoje. Além da violência natural do capitalismo, temos o "advento" das drogas. Sejam elas sintéticas ou não, são uma desgraça a se abater sobre o mundo ocidental. Geratriz de violência e desespero entre os lares do mundo.


Um quadro desses não permite espaço para a fé. Requer mentes e braços dispostos ao trabalho regenerativo de todos os envolvidos em qualquer tipo de desvio de conduta. Ações firmes, porém acolhedoras. Capazes de dar ao espírito em desequilíbrio a segurança na benevolência daquele que o atende.


E mais.Tarefas de grande envergadura como esta, não são tarefas para governos tão somente. São tarefas para todo um povo. Toda uma nação.


Além disso, não é via legal a solução de problemas em expansão. Mas via envolvimento social. Retomada de valores éticos, fundamentalmente dentro do âmbito familiar. E onde se desagregou a família, oportunizar aos frangalhos restantes um clima aconchegante, capaz de assegurar-lhes uma diretriz.


O tempo da fé morreu!


Vivemos o tempo das obras, dos atos, das ações afirmativas da vida e da cidadania. Sempre tendo como valor maior a Justiça e o amor aos semelhantes.


"Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver Amor, nada serei."


Paulo de Tarso aos CORÍNTIOS, 1:13


Paulo Cesar Fernandes

23 05 2013

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