quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Reflexão 04 10 2012 - Servicinhos

Fonte: Emmanuel - Vinha de Luz - Servicinhos

"Antes sede uns para com os outros benignos."
Carta de Paulo aos Efésios. 4:32


Grande massa de aprendizes queixa-se, por vezes, da ausência de grandes oportunidades nos serviços do mundo.
Aqui, é alguém desgostoso por não haver obtido um cargo de alta relevância; além, é um irmão inquieto porque ainda não conseguiu situar o nome na grande imprensa.
A maioria anda esquecida do valor dos pequenos trabalhos que se traduzem, habitualmente, num gesto de boas maneiras, num sorriso fraterno e consolador... Um copo de água pura, o silêncio ante o mal que não comporta esclarecimentos imediatos, ...

Não te mortifiques pela obtenção do ensejo de aparecer nos cartazes enormes do mundo.
Sê benevolente para com aqueles que te rodeiam.
Não menosprezes os servicinhos úteis.
Neles repousa o bem-estar do caminho diário para quantos se congregam na experiência humana.

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O Bem que façamos aos nossos semelhante é uma forma magnânima de viver.
Estou lendo toda noite, um pouco do livro "Nicarágua: Combate e profecia" de Dom Pedro Casaldáliga, que foi bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso.

Um bispo altamente comprometido com as lutas populares, a tal ponto que mais de uma vez o tentaram matar.
Numa delas mataram um padre que estava ao seu lado.
Após lamentar pela perda do companheiro,  sarcasticamente propugnou:
_ "Eles erraram de padre."


Foi à Nicaragua, assim que soube que um bispo de lá, Miguel D'Escoto, fazia greve de fome contra as agressões
norteamericanas, feitas através de Honduras. Uniu-se a D'Escoto no projeto de fazer claro ao povo da Nicaragua que ser sandinista não era pecado. Como apregoavam os padre reacionários do país.

Andando por todos os rincões do país, era um servidor do povo. Ora uma celebração mesmo, mantendo em alta a moral daquele povo com tantos filhos perdidos a cada dia. Ora uma oração pela alma do filho de alguma mãe desesperada.

Conhecendo comunidades cristãs de todos os pontos do pais e reafirmando que o sandinismo estava com Cristo, pois estava com a Justiça.

Quantos corações acalmou Pedro?
Milhares. Em pequenos atos esse espanhol da catalunha dizia seu fervor em Jesus, na fé cristã e seu fervor
revolucionário.

E poemas muitos poemas. Revolucionário e poeta é esse meu bispo amigo.
Ateu que sou, tenho tido meu ateísmo solapado, enfraquecido, pela praxis revolucionária de Pedro.
Emocionalmente abalado estou. Pois o amor verte de suas palavras e seus atos, mesmo sob as condições
mais desfavoráveis da Nicaragua Revolucionária, converte a todos os viventes.

É impossível descrer da força do Bem, da comunhão sincera entre as pessoas. A comunhão entre as pessoas é algo muito forte entre os centroamericanos. Um povo fortemente amoroso.

E se eles podem ser assim, por que motivo eu não posso aprender a amar as pessoas como fazem os nicaraguenses, os salvadorenhos por exemplo?
Eu aposto no tempo. O tempo me fará uma alma amorosa e capaz de acolher a todos os que habitam ao meu redor. Evidentemente tendo a familia em primeiro plano, mas receber de coração aberto às demais pessoas.

Servir. Como propoe Paulo e como serve Pedro Casaldaliga.

Pois creio ser a vida mais plena quando vivida na mais sincera comunhão de corações. Independentemente das concepções filosófico-religiosas de cada  pessoa. Uma coisa me parece certa:

"O Amor reina soberano, mesmo sobre nós, ainda em processo de sua aprendizagem."

Paulo Cesar Fernandes

04/10/2012

Um poema de Pedro já publicado aqui:

CENTROAMERICA NUESTRA

Como un volcán en ti,
la paz de la Justicia.
Bandera de los Pobres,
como un viento de luchas,
la Libertad, en ti.

¡Centroamérica nuestra!,
toda en dolor de parto,
futura como el Reino,
diaria como el llanto.

Maíz de tierra y sangre, madura, la Esperanza.
Amor en cada piedra, tatuada de Historia.
Tortilla compartida, la Pascua verdadera.

¡Eje del Mundo Nuevo,
Centroamérica nuestra!

Calladla, eruditos, fariseos.
Dejadla en paz, los grandes, invasores.
Veladla, de rodillas, los pequeños.
(Dios la tenga en sus manos, día y noche,
como un pájaro en vuelo).

Que nadie aborte el sueño que late en la montaña.
Que nadie apague el fuego que dora de Promesa
las tiendas del exilio.

Que nadie vista el día
desnudamente nuestro
nace de la noche en Centroamérica.

D. Pedro Casaldaliga

 

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