sábado, 9 de maio de 2015

20150509 Algo de Carl Gustav Jung

Algo de Carl Gustav Jung


Trazido de "Um mito moderno sobre as coisas vistas no céu".




O livro todo trata dos OVNI (objetos voadores não identificados) e dos impactos destes objetos; quer reais, quer apenas no psiquismo das pessoas. Muitas vezes de apresentando através de sonhos com 
objetos de forma circular ou em forma de charuto. Nas décadas de 60 e 70 era uma questão em voga e Jung não fugiu ao tema. 

Todo este livro e toda a obra de Jung nos remete à espiritualidade na forma como a tenho proposto: abstração da materialidade.

_ Velho, ei velho! Deixa o Jung falar de uma vez.

_ OK. São dois itens apenas. Vamos a eles:

===

676 A advertência de "permanecer embaixo" provocou, na nossa época, uma variedade de preocupações teológicas. 

Teme-se, pois, que a psicologia, que aqui entra em questão, provoque um afrouxamento da postura ética. 

Porém a psicologia nos proporciona, em primeiro lugar, um conhecimento claro, não só do mal, como também do bem. Desta forma, o perigo de se entregar ao mal é menor do que quando se está inconsciente dele. 

Para conhecer o mal, nem sempre se precisa da psicologia. Quem anda pelo mundo com os olhos abertos não pode ignorá-lo; nem cai num buraco tão facilmente quanto um cego. 

Assim como, do ponto de vista teológico, a pesquisa do inconsciente é suspeita de gnosticismo, da mesma forma, a sua problemática ética é suspeita de antinomismo e libertinismo. 

Ninguém supõe de sã consciência que depois de uma profunda confissão dos seus pecados, e conseqüente arrependimento, jamais volte a pecar. Pode-se apostar mil contra um que, num piscar de olhos, estará pecando novamente. 

Um conhecimento psicológico mais profundo demonstra até que não se pode viver sem pecar - "cogitatione, verbo et opere" (por pensamentos, palavras e obras). Só uma pessoa altamente ingênua e inconsciente pode presumir ser capaz de escapar ao pecado. 

A psicologia não se pode permitir mais semelhantes ilusões infantis, mas tem que obedecer à verdade, e até constatar que a inconsciência não somente não é uma desculpa, como, até mesmo, um dos piores pecados. A justiça humana pode até livrá-la da punição, mas, muito mais impiedosamente, vinga-se a natureza, que não se preocupa se se está consciente da culpa, ou não. 

Através da parábola do administrador infiel, podemos até mesmo saber que o senhor da casa elogiou o criado que lhe apresentou um balanço falso, por ter "agido ponderadamente", sem falar daquele 
trecho (excluído) em Lucas 6, onde Cristo diz àquele que violou o sábado: "Se sabes o que fazes, então, és bem-aventurado" (Evangelho apócrifo), etc.



677 Um maior conhecimento do inconsciente equivale a uma vivência mais ampla e a uma conscientização maior, e, por isso, nos proporciona aparentemente novas situações que exigem decisões éticas. 

Estas, por certo, sempre existiram, mas foram intelectual e moralmente captadas de forma menos apurada e, muitas vezes, intencionalmente deixadas na penumbra. 

De certa forma, arranjamos com esta indiferença um álibi, e assim podemos fugir de uma decisão ética. Mas, se alcançamos um autoconhecimento mais profundo, muitas vezes nos defrontamos com os problemas mais difíceis, ou seja, com as colisões de deveres, que simplesmente não podem ser decididas por nenhum parágrafo, nem do Decálogo, nem de outras autoridades. 

Aliás, é só a partir daqui que as decisões éticas começam, pois o simples cumprimento de um "tu não deves..." codificado está longe de ser uma decisão ética; é simplesmente um ato de obediência, e, em certos casos, até uma saída cômoda, que com a ética só se relaciona de forma negativa. 

Durante minha longa experiência, não enfrentei nenhuma situação que me tivesse sugerido uma negação dos princípios éticos, ou sequer uma dúvida a este respeito; ao contrário, conforme aumentaram a experiência e o conhecimento, o problema ético tomou-se mais premente e a responsabilidade moral se acentuou. 

Para mim, ficou claro que, contrariamente à compreensão geral, a inconsciência não representa uma desculpa, mas é muito mais um delito, no sentido próprio da palavra. Apesar de já se aludir a este 
problema no Evangelho, como foi mencionado, a Igreja não o tem levantado, por motivos compreensíveis, deixando-o, para que o gnosticismo se dedique a ele mais seriamente. Apoiamo-nos na doutrina da "privatio boni" e acreditamos saber com isso o que é bom e o que é mau; a decisão verdadeiramente ética, ou seja, livre, é substituída pelo código moral. Desta forma, a moralidade resvala para o comportamento de fidelidade às leis e a "felix culpa" permanece um assunto do paraíso. 

Admiramo-nos com a decadência ética do nosso século e contrabalançamos a estagnação, neste campo, com o progresso da ciência e da tecnologia. Mas não refletimos que, com tantas diretrizes morais, o ethos tem sido esquecido. Mas, o ethos é um assunto difícil que não se pode formular nem codificar, pois faz parte daquelas irracionalidades criativas, sobre as quais qualquer progresso verdadeiro está fundamentado. Ele solicita o homem todo, e não somente uma função diferenciada.


===


Evidentemente não concordo com a existência do pecado. Se proponho o Espiritismo Libertário; a noção de pecado deitaria por terra toda a Liberdade que prego, tanto para o espírito encarnado, bem como para o desencarnado. Nada e ninguém pode ou deve interferir em nossa trajetória, em nossa livre determinação de escolha dos "pensamentos, palavras e obras" como dito por Jung.


Temos o direito de errar, tanto quanto nos possa aprouver. Sem castigo possível ou provável. A ruptura do erro, apenas se dará no momento, do aparecimento do processo de tomada de consciência de quem somos nós, e do estabelecimento de nossas metas enquanto espíritos imortais.


Quem sou eu?

Por que motivo eu estou nesta Terra afinal? Para que facear com tanta violência e tanta iniquidade?

Que tenho eu a ver com isso tudo? Como essa gente se mata e morre sem razão? Como essa gente negocia armas? Que senso há nisso?

Qual a minha tarefa? Qual a minha mais profunda aspiração diante do quadro geral da humanidade?

A Humanidade é isso mesmo?



Evidentemente são questionamentos feitos por muitas pessoas inteligentes e sensíveis ao nosso entorno.

Muitos porém, passam pelo mundo enceguecidos por afazeres outros, materiais tão somente. Algo natural numa sociedade competitiva como a nossa. E todos tem total liberdade de escolha. Total eu disse.

Não há e nem pode haver um juiz a julgar as tuas ou as minhas atitudes. 

Não cabe no nosso tempo. E ponto final.

Passar pelo mundo tal qual trator, e não ver a lágrima nos olhos dos nossos semelhantes é uma decisão pessoal; e muitas vezes nada há de intencional, tudo já veio assim do seio da família ao qual está vinculado o espírito. E ninguém tem nada com isso.

O processo de autodescoberta e de autocorreção é solitário como nenhum outro deste mundo. Somos sós. Não há possibilidade de ninguém por nós o fazer.

Mas uma coisa é alvissareira: obedece à Lei da Inércia. 

Se estamos fora do processo por inconsciência, seguimos dessa forma. Inconscientes e na maior inocência. Ao acordar porém, e apertar o botão de START passa-se a um quefazer acumulativo de vitórias e derrotas; mas sempre na busca de um novo acerto. 

Um erro. A este erro se opõe a percepção do mesmo. Como elemento de síntese, temos a campainha ligada para não voltar ao mesmo erro. Mas, como afirma o texto não estamos nunca convictos de acertar na oportunidade seguinte. A Vida nos provê do tempo, e assim seguimos no processo progressivo ou evolucionário. Ad eternum!

O mais positivo em tudo isso é que todos chegaremos ao movimento na inércia. Afinal, quem fica parado é poste.

Mais cedo ou mais tarde. Num momento qualquer, acordamos diferentes; revisando valores; ordenando o tempo; repensando sentimentos; ajustando-nos mais e mais às Leis Naturais.


Viver é isso!


Paulo Cesar Fernandes

09/05/2015 

Nenhum comentário: