quarta-feira, 6 de maio de 2015

20150506 Outros tempos

Outros tempos


Olhando o mundo tal como se apresenta há muito a pensar.
Como chegamos a tal ponto?

Onde a guerra e a violência vencem a cada dia, onde o desamor e o desvinculo com os semelhantes é cada vez mais forte.

Onde pequenas coisas nos trazem emoções em desequilíbrio.

Venho apostando na ideia de falta espiritualidade ao mundo. E tenho por espiritualidade não somente as religiões, mas tudo aquilo capaz de nos levar a um abstrato pensar. Nesse sentido diversas 
áreas nos levam ao proposto por mim como espiritualidade: estudar as ciências naturais; a matemática; a física; sociologia; filosofia; a antropologia das religiões todas; e por aí vamos num sem número de possibilidades.

Unir os povos de todo o mundo. Somos todos iguais. Sentimos as mesmas dores com a morte dos nossos, a mesma alegria ao encontrar um grupo cujas ideias se somem às nossas; o nascimento de uma criança nos traz alegria e esperanças renovadas na maior parte dos países conhecidos. Que irracionalidade a violência!

Não. Se bem pensarmos não há fronteiras ao coração. Penso agora nos Médicos sem Fronteiras. Uma pura demonstração de amor e desprendimento.

Quando um pensar firme nos norteia a vida, nossas relações são mais afetuosas. Eu tomo como exemplo a carta a seguir. Trazida da Revista Espírita de Allan Kardec de setembro de 1862.

Vamos a ela:

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Respostas ao convite dos Espíritas de Lyon e de Bordeaux


Revista Espírita, setembro de 1862


Meus caros irmão e amigos espíritas de Lyon,

Apresso-me em vos dizer o quanto sou sensível ao novo testemunho de simpatia que vindes de me dar, pelo vosso amável e gracioso convite de ir vos visitar ainda este ano. Aceito-o com prazer, porque é sempre uma alegria para mim encontrar-me em vosso meio.


Minha alegria é grande, meus amigos, em ver a família crescer a vista d'olhos; é a mais eloquente resposta a dar aos tolos e ignóbeis ataques contra o Espiritismo. Parece que esse crescimento aumenta seu furor, porque recebo hoje mesmo uma carta de Lyon, que me anuncia o envio de um jornal desta cidade, La France littèraire, onde a doutrina em geral, e minhas obras em particular, são achincalhadas de maneira tão repugnante que me pergunto se é preciso responder-lhe pela imprensa ou pelos tribunais. Digo que é preciso responder-lhe pelo desprezo. 


Se a doutrina não fizesse nenhum progresso, se minhas obras fossem natimortas, com elas não se inquietariam e nem diriam nada. São os nossos sucessos que exasperam os nossos inimigos. Deixemo-los, pois, exalar sua raiva impotente, porque essa raiva mostra que sentem que sua derrota está próxima; não são bastante tolos para se lançarem sobre um monstro. Quanto mais seus ataques são ignóbeis, menos eles são a temer, porque são desprezados por todas as pessoas honestas, e provam que não têm nenhuma boa razão para o povo, uma vez que não sabem dizer senão injúrias.


Continuai, pois, meus amigos, a grande obra de regeneração começada sob tão felizes auspícios, e logo recolhereis os frutos de vossa perseverança. Provai sobretudo por vossa união, e pela prática do bem, que o Espiritismo é a garantia da paz e da concórdia entre os homens, e fazei que, em vos vendo, possa se dizer que seria a desejar que todo o mundo fosse espírita.


Estou feliz, meus amigos, em ver tantos grupos unidos num mesmo sentimento, e caminhar em comum acordo para esse nobre objetivo que nos propusemos. Sendo esse objetivo exatamente o mesmo para todos, não poderia nele haver divisão; uma mesma bandeira deve vos guiar, e sobre esta bandeira está escrito: Fora da caridade não há salvação. Ficai certos de que será ao redor dela que a 
Humanidade inteira sentirá necessidade de se unir, quando estiver cansada das lutas engendradas pelo orgulho, pelo ciúme e pela cupidez.


Esta máxima, verdadeira âncora de salvação, porque ela será o repouso depois da fadiga, o Espiritismo terá a glória de tê-la proclamado primeiro; inscrevei-a em todos os lugares de reunião e em vossas casas particulares; que ela seja doravante a palavra de união entre todos os homens que querem sinceramente o bem, sem pensamento dissimulado pessoal; mas fazei melhor ainda, gravai-a em vossos corações, e gozareis desde o presente da calma e da serenidade que nela haurirão as gerações futuras, quando ela for a base das relações sociais. Sois os vanguardeiros; deveis dar o exemplo para encorajar os outros a vos seguir.


Não olvideis que a tática de vossos inimigos encarnados ou desencarnados é de vos dividir; provai-lhes que perdem seu tempo se tentam suscitar entre os grupos sentimentos de ciúme e de rivalidade, que seria uma apostasia da verdadeira Doutrina Espírita Cristã.


As quinhentas assinaturas que acompanham o convite que consentistes me endereçar são um protesto contra essa tentativa, e a vários que estou feliz em vê-los. Aos meus olhos, é mais do que uma simples forma; é um convite para marchar no caminho que os bons Espíritos nos traçam. Eu os conservarei preciosamente, porque serão um dia os gloriosos arquivos do Espiritismo.


Uma palavra ainda, meus amigos. Indo vos ver, desejo uma coisa, é que não haja banquete, e isso por vários motivos. Não quero que a minha visita seja uma ocasião de despesa, que poderia impedir a
alguns de ali se encontrarem, e me privar do prazer de vos ver todos reunidos. Os tempos são duros; não é preciso, pois, fazer despesa inútil. O dinheiro que custaria será melhor empregado vindo em ajuda daqueles que dele terão necessidade mais tarde. E vo-lo digo com toda a sinceridade, o pensamento de que o que faríeis por mim, nessa circunstância, poderia ser uma causa de privação para muitos, me tiraria todo o prazer da reunião. Não vou a Lyon nem para exibir nem para receber homenagens, mas para conversar convosco, consolar os aflitos, dar coragem aos fracos, vos ajudar com meus conselhos tanto quanto estiver em meu poder fazê-lo; e o que podeis me oferecer de mais agradável é o espetáculo de uma boa, franca e sólida união. Crede bem que os termos tão afetuosos de vosso convite, valem mais para mim do que todos os banquetes do mundo, me fossem ofertados num palácio. Que me restaria de um banquete? Nada; ao passo que o vosso convite me fica como uma preciosa lembrança e uma garantia de vossa afeição.


Logo, meus amigos, se Deus quiser, terei o prazer de vos apertar cordialmente a mão.


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Penso ser este o sentimento a abarcar todo nosso planeta. 

Num dia ainda distante, mas nós, como bons sonhadores, podemos vislumbrar e por esse momento lutar, em todas as circunstâncias surgidas. Pode ser nossa meta, nosso compromisso com o futuro.

Pela Paz e pelo Entendimento entre todos os homens de todas as formas de pensar.


Paulo Cesar Fernandes

06/05/2015

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