quinta-feira, 7 de novembro de 2013

20131107 O problema do Ser é isto

O problema do Ser é isto


Léon Denis

O problema do ser, do destino e da dor.


Primeira parte: O problema do ser

1. A evolução do pensamento

2. O critério da doutrina dos espíritos

3. O problema do Ser (Um trecho inicial


O primeiro problema que se apresenta ao pensamento é o do próprio pensamento, ou, antes, do ser pensante. É isto, para todos nós, assunto capital, que domina todos os outros e cuja solução nos reconduz às próprias origens da vida e do universo.



Qual a natureza da nossa personalidade? Comporta um elemento suscetível de sobreviver à morte? A essa questão estão afetas todas as apreensões, todas as esperanças da humanidade.



O problema do ser e o problema da alma fundem-se num só. É a alma   que fornece ao homem o seu princípio de vida e movimento. A alma humana é uma vontade livre e soberana, é a unidade consciente que domina todos os atributos, todas as funções, todos os elementos materiais do ser, como a Alma divina domina, coordena e liga todas as partes do universo para harmonizá-las.



A alma é imortal, porque o nada não existe e coisa alguma pode ser aniquilada, nenhuma individualidade pode deixar de ser. A dissolução das formas materiais prova simplesmente uma coisa: que a alma é separada do organismo por meio do qual comunicava com o meio terrestre. Não deixa, por esse fato, de prosseguir a sua evolução em novas condições, sob formas mais perfeitas e sem nada perder da sua identidade. De cada vez que ela abandona o seu corpo terrestre, encontra-se novamente na vida do espaço, unida ao seu corpo espiritual, do qual é inseparável, à forma imponderável que para si preparou com os seus pensamentos e obras.



Esse corpo sutil, essa duplicação fluídica existe em nós no estado permanente. Embora invisível, serve, entretanto, de molde ao nosso corpo material. Este não representa, no destino do ser, o papel mais importante. O corpo visível, ou corpo físico, varia. Formado de acordo com as necessidades da vida terrestre, é temporário e
perecível; desagrega-se e dissolve-se quando morre. O corpo sutil permanece; preexistindo ao nascimento, sobrevive às decomposições da campa e acompanha a alma nas suas transmigrações. É o modelo, o tipo original, a verdadeira forma humana, à qual vêm incorporar-se temporariamente as moléculas da carne. Essa forma sutil, que se mantém no meio de todas as variações e de todas as correntes materiais, mesmo durante a vida pode separar-se, em certas condições, do corpo carnal, e também agir, aparecer, manifestar-se à distância, como mais adiante veremos, de modo a provar de maneira irrecusável sua existência independente.



Nota referente ao trecho acima:

A ciência fisiológica, à qual escapa ainda a maior parte das leis da vida, entreviu, no entanto, a existência do perispírito ou do corpo fluídico, que é ao mesmo tempo o molde do corpo material, o vestuário da alma e o intermediário obrigatório entre eles. Claude Bernard escreveu (Recherches sur les Problèmes de la Physiologie): “Há como um desenho preestabelecido de cada ser e de cada órgão, de modo que, se considerado insuladamente, cada fenômeno do organismo é tributário das forças gerais da Natureza; em conjunto, parecem eles revelar um laço especial, parecem dirigidos por alguma condição invisível pelo caminho que seguem, na ordem que os concatena.”



Sem a noção do corpo fluídico, a união da alma com o corpo material torna-se incompreensível. Daí o enfraquecimento de certas teorias espiritualistas, que consideravam a alma como “Espírito puro”. Nem a razão nem a Ciência podem admitir um ser sem forma. Leibniz, no prefácio das suas Nouvelles Recherches sur la Raison Humaine, dizia: “Creio, com a maior parte dos antigos, que todos os Espíritos, todas as almas, todas as substâncias simples, ativas, estão sempre unidas a um corpo e que nunca existem almas completamente desprovidas deles.”



Enfim, existem numerosas provas, objetivas e subjetivas, da existência do perispírito. São, em primeiro lugar, as sensações chamadas “de integridade”, que acompanham sempre a amputação de qualquer membro. Alguns magnetizadores afirmam que podem exercer influência nos seus doentes, magnetizando o prolongamento fluídico dos membros amputados (Carl du Prel, La Doctrine Monistique de l'Ame, cap. VI). Vêm depois as aparições dos fantasmas dos vivos. Em muitos casos, o corpo fluídico,
concretizado, tem impressionado placas fotográficas, deixado impressões e moldagens em substâncias moles, traços no pó e na fuligem, provocado o deslocamento de objetos, etc. (Ver: No Invisível, caps. XII e XX.)


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Tomo como minhas cada uma das palavras de Léon Denis nesse trecho.


Para ver como o preconceito é uma coisa burra: sempre me afastei das obras de Léon Denis por sua postura política retrógrada e até reacionária mesmo.


Hoje já salto de lado dessa postura, para perceber que mesmo com seu reacionarismo, ele tem contribuições às quais me permitirão uma melhor visão do espiritismo, da vida e da relação entre o universo material e o imaterial.


Afinal, sempre é tempo de crescer.

Triste é achar que já é grande o suficiente.

Na vida temos uma descoberta a cada dia.


Paulo Cesar Fernandes

07  11  2013

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