terça-feira, 9 de abril de 2013

20130409 Saber ouvir

1. Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus.
(Evangelho de S.MATEUS, cap. V, v. 3.)


2. A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende.


Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos.


Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção.


Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos
atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo.


Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação as sentenças que proferem.


===


Por vezes nos vemos tomados pela vaidade. Todos estamos sujeitos a isso, por mais que busquemos a simplicidade. Achamos corretas as nossas opiniões e desprezamos a dos nossos semelhantes. A ponto de não dar-lhes espaço ou ouvidos. Engano. Engano e falta de caridade como vemos na mensagem de Emmanuel no livro Opinião Espírita.


Uma vez mais digo. Não quero impor o pensamento espirita ou o meu a quem quer que seja. Nem aos companheiros do movimento espirita, nem aos companheiros dos países de fala hispânica a quem tenho me dedicado. Nesta vida quero apenas lançar sementes, e peço que o vento as leve, pelos melhores caminhos que lhes caibam.


De toda mensagem selecionei trechos. E cautela, toda seleção é particular e pessoal, mesmo a minha. São seis pequenas observações que tomo como válidas para todas as épocas da humanidade.

===


Tumulto e vozerio, nos atritos humanos, pedem um tipo raro de beneficência: a caridade de saber ouvir.


São muitos os que cambaleiam, desorientados, a mingua de tolerância que os ouça.


Desdobras a mesa, ergues abrigo seguro, repartes a veste, esvazias a bolsa, atendendo aos que necessitam... cede também o donativo da atenção aos angustiados, para que se lhes descongestione o trânsito das ideias infelizes, nas veredas da alma.


Deixa que o próximo te relacione os próprios desgostos. Se tiveres pressa ou cansaço, não pronuncies respostas tocadas de superioridade ou aspereza, qual se morasses numa cátedra de heroísmo, faze pausa, mesmo breve, e gasta um minuto de gentileza.


Sempre que possas, ouve calmamente, diminuindo a aflição que lavra no mundo.


Aprendamos a ouvir para auxiliar, sem a presunção de resolver.

===

Antes de tudo. Ter o coração aberto aos nossos semelhantes. Nunca no sentido mesquinho do falso interesse. Mas pleno de afetividade.


Um grande antídoto contra a presunção de ter a opinião correta é a ruptura com a ortodoxia, com uma verdade pronta e acabada.


Basta disso! Foram séculos e séculos de domínio do homem sobre o homem.


É chegada a hora do homem ter a mais ampla e pura liberdade! Liberdade Total! Inclusive a liberdade de errar. Errar sem freios, radicalmente. Pois é da Lei Natural que tudo retome seu equilíbrio.


O Ponto de Equilíbrio não é apenas uma lei da Economia. É Lei da vida. Tendemos ao equilíbrio, pois as condições gerais da existência nos levam a isso.


E quanto mais formos tomados de Simplicidade, menos serão as nossas dificuldades no enfrentamento do mundo que se coloca em nossa frente.


Da nossa incompletude não devemos nos envergonhar. Assim é o processo natural de crescimento de todos nós na nossa trajetória terrena. Todos nós mesmo!


Cuida-te! diz sempre um amigo de El Salvador. Observação sempre importante, num mundo onde a violência ainda tem espaço.



Paulo Cesar Fernandes

09  04  2013

Nenhum comentário: