quinta-feira, 15 de julho de 2010

Leibniz aborda Deus

Uma definição de deus ou de um ser independente

(Definitio Dei Seu Entis A Se)

G.W. Leibniz

A. nº84 dezembro (?) de 1676 1,2

Deus é um ser de cuja possibilidade (ou, de cuja essência) segue-se Sua existência.
Se um Deus, definido de tal modo, é possível, segue-se que Ele existe.
Para a existência, é o mesmo resultar da possibilidade de alguma coisa, como resultar da essência de alguma coisa. Pois a essência de uma coisa é o mesmo que uma razão singular para a possibilidade, ou seja, é da noção do que é entendido nitidamente, ou a priori, que a coisa é possível. Eu digo “a priori”; isto é, não a partir da experiência, mas da própria natureza da coisa, exatamente como concebemos ser possível o número 3, ou uma linha circular e outras coisas desse tipo, mesmo que nunca as experimentemos existir na realidade ou, de qualquer modo, não levando essa experiência em consideração.


Um ser independente é o mesmo que um ser de cuja essência resulta a existência, a saber, um ser para o qual a existência é essencial, ou, que existe através de sua própria essência.


Novamente, um ser necessário é o mesmo que um ser de cuja essência resulta a existência. Pois um ser necessário é aquele que necessariamente existe, tal que sua não existência implicaria uma contradição e, assim, estaria em conflito com a noção ou essência desse ser. De fato, a existência pertence a sua noção ou
essência.


Disto extraio um teorema excelente que é o píncaro da doutrina modal [doctrinae Modalium] e por meio do qual posso mover-me da potencialidade para o ato: se um ser necessário é possível, segue-se que ele realmente existe, ou, que um tal ser é realmente encontrado no universo.

Notas:
1. A data desse texto não pode ser determinada com precisão. Seu conteúdo relaciona-se com as discussões sobre a existência de Deus que tiveram início com as notas sobre ciência e metafísica de 22 de março de 1676 (A 395) e que culminaram em textos escritos em associação com a visita de Leibniz a Espinosa;


2. Título de Leibniz;



30/10/2009 Leibniz - Definição de Deus -
Fonte: leibnizbrasil.
 
 
Dentro das minhas limitações ouso alguns comentários. É possivel e desejável, que pessoas mais versadas em filosofia, e nos conceitos aqui trabalhados venham a contribuir comigo numa mais clara compreensão do texto acima. Pois bem.
Leibniz coloca dois conceitos: possibilidade e necessidade dentro de uma mesma categoria. Isto é um equivoco de raciocínio. Possibilidade admite a dúvida filosófica, a não existência, a negação; ao passo que a necessidade já parte da premência de sua existência.
Equívoco.
Dois conceitos distintos e diferenciados entre si não podem ser usados como fonte de justificativa para um mesmo fenômeno.
Falta maior clarea de idéias e coesão. Muito embora seja bem verdade ser o texto um fragmento, um pensamento ainda em elaboração segundo pude compreender.
De Leibniz prefiro a afirmativa que nós vivemos no melhor mundo possivel.
Isto é real e concreto pois, dadas a multiplas variáveis intervenientes nos processos sociais e políticos; dada a variedade de concepções ideológicas; dado o jogo de forças economicas e até bélicas; apesar desse intrincado emaranhado de situações e interesses, o resultado final acaba sendo o melhor possível. Talvez o único possível, se pensarmos um pouco mais.
No tocante a Deus nosso amigo Leibniz não chegou a me convencer. Ao menos neste texto. 
Pouco a pouco vou me aproximando da obra deste e de outros pensadores dignos de tal título. Neste tema ou em tantos outros capazes de abarcar nossa atenção dada a sua importância.
Até mais ver.

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