segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

20150112 Acerca do futuro



 

“Pela ordem natural das coisas” como dizia o bom Kardec, o espiritismo se imporá ao contexto global da sociedade.

São completamente nulas e inúteis todas as iniciativas de proselitismo, de busca de maior número de adeptos.

Nada disso.

No tempo em que vivemos. A “Era do indivíduo” segundo o pensador francês Alain Renaut, reina a liberdade. Uma liberdade aberta a tudo. Com grande ênfase no consumo de bens e serviços, mas deixando aberta ao Homem da atualidade a possibilidade de se pensar enquanto Ser. Uma reflexão não mais restrita aos círculos filosóficos, como habitualmente ocorria no passado. A individualidade está liberta para se questionar em todos os aspectos antes tidos por já dados, ou proibidos.

Encontramos uma parcela significativa da população questionando sua forma de viver. Partindo principalmente do conceito de imortalidade cada vez mais presente na sociedade. E eu ouso dizer, temos hoje a imortalidade como conceito pertencente ao “senso comum”.

Não mais a imortalidade nos moldes católicos ou protestantes. Mas a exata concepção do modo espírita de pensar a imortalidade. Isto é, em forte vínculo com o conceito de reencarnação. Um dueto musical presente muito intensamente entre os artistas, e mais especificamente entre os músicos.

Um bom parâmetro para análise desse fenômeno são as criações ficcionais. Falo do cinema como a forma de arte que vem trabalhando o tema mais fortemente. E se trabalha tal tema parte da premissa do lucro futuro a ser obtido pela obra.  Não apenas no Brasil onde as coisas de Chico Xavier têm preponderância; mas ainda na Alemanha através de obras de Win Wenders, e mesmo o cinema norte-americano tem trazido algumas criações nesse sentido.

Numa das TVs pagas (a cabo) tem uma série chamada “A Médium” que trata a questão com toda a naturalidade. Expondo a mediunidade da forma mesmo como a conhecemos. Acho muito interessante essa série. Mas não sei o dia e nem o canal. As oportunidades que tive de assistir foi por mera casualidade.

Quando leio a Revista Espírita, e vejo a certeza de Allan Kardec na propagação do espiritismo, pela força da “racionalidade” do pensar espírita, e a função da formação de inúmeros pequenos grupos para a prática mediúnica, pequenos para que a harmonia entre seus membros seja facilitada, vejo Kardec apostando nas instituições como única forma de propagação.

Hoje as ideias se propagam de outras mil maneiras. O sistema educacional do mundo segue sendo medieval. Classes com 30, 50 ou 10 alunos não prestam mais ao nosso tempo. O foco é a individualidade. Mas para isso as instituições do Estado deveriam sofrer uma verdadeira revolução. Mas isso é tema para outro momento, algo sobre esse tema pode ser encontrado num dos meus blogs.

Quando falamos em “Era do indivíduo”, a primeira coisa a surgir na cabeça das pessoas desconectadas de nosso momento é tratar-se da era do egoísmo. E não é nada disso.

Vivemos um momento em que todas as instituições, em todos os países, vêm perdendo a credibilidade. Pense no sindicalismo dos tempos de Getúlio Vargas; pense em Maio de 68 na França, onde Jean Paul Sartre ditava as normas do “movimento”; onde Cornelius Castoriadis e Jean-François Lyotard criaram a revista “Socialismo ou Barbárie” nela apostando todas as fichas. Com Lyotard, na fria madrugada francesa, distribuindo panfletos revolucionários nas portas das fábricas.

Quem se prestaria a isso hoje?

Hoje as coisas se dão de forma diversa. Ainda com ideologia. Ainda com lutas e avanços a serem conquistados como a destruição de todas as fábricas de armas, uma pauta consensual entre os pensadores. Ainda com embates entre os grandes pensadores do nosso tempo. Mas por outros meios.

A proliferação das siglas trazidas pela tecnologia traz um universo aberto de possibilidades. E é exatamente nessa profusão de novidades o espaço adequado para a ampliação da força das concepções de imortalidade, evolução e da reencarnação.

Não nego o valor dos eventos “intramuros” para troca de ideias, fortalecimento de laços, etc. Mas tenho a certeza de sua nulidade enquanto mola propulsora da Era de Influencia Social tão sonhada por Allan Kardec.

Será sim através de nossa dispersão, enquanto indivíduos capazes de defender nossas concepções, todas elas contrárias ao materialismo vigente. Não impondo, mas abrindo às pessoas de nossa relação uma outra forma de conceber a vida; e mais, de vivenciá-la.

Afinal a vida é curta demais para ser desperdiçada.

 

Paulo Cesar Fernandes

12/01/2015 

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