“Pela ordem natural das
coisas” como dizia o bom Kardec, o espiritismo se imporá ao contexto global da
sociedade.
São completamente nulas e
inúteis todas as iniciativas de proselitismo, de busca de maior número de
adeptos.
Nada disso.
No tempo em que vivemos.
A “Era do indivíduo” segundo o pensador francês Alain Renaut, reina a
liberdade. Uma liberdade aberta a tudo. Com grande ênfase no consumo de bens e
serviços, mas deixando aberta ao Homem da atualidade a possibilidade de se
pensar enquanto Ser. Uma reflexão não mais restrita aos círculos filosóficos,
como habitualmente ocorria no passado. A individualidade está liberta para se
questionar em todos os aspectos antes tidos por já dados, ou proibidos.
Encontramos uma parcela
significativa da população questionando sua forma de viver. Partindo
principalmente do conceito de imortalidade cada vez mais presente na sociedade.
E eu ouso dizer, temos hoje a imortalidade como conceito pertencente ao “senso
comum”.
Não mais a imortalidade
nos moldes católicos ou protestantes. Mas a exata concepção do modo espírita de
pensar a imortalidade. Isto é, em forte vínculo com o conceito de reencarnação.
Um dueto musical presente muito intensamente entre os artistas, e mais
especificamente entre os músicos.
Um bom parâmetro para
análise desse fenômeno são as criações ficcionais. Falo do cinema como a forma
de arte que vem trabalhando o tema mais fortemente. E se trabalha tal tema
parte da premissa do lucro futuro a ser obtido pela obra. Não apenas no Brasil onde as coisas de Chico
Xavier têm preponderância; mas ainda na Alemanha através de obras de Win
Wenders, e mesmo o cinema norte-americano tem trazido algumas criações nesse
sentido.
Numa das TVs pagas (a
cabo) tem uma série chamada “A Médium” que trata a questão com toda a
naturalidade. Expondo a mediunidade da forma mesmo como a conhecemos. Acho
muito interessante essa série. Mas não sei o dia e nem o canal. As
oportunidades que tive de assistir foi por mera casualidade.
Quando leio a Revista
Espírita, e vejo a certeza de Allan Kardec na propagação do espiritismo, pela
força da “racionalidade” do pensar espírita, e a função da formação de inúmeros
pequenos grupos para a prática mediúnica, pequenos para que a harmonia entre
seus membros seja facilitada, vejo Kardec apostando nas instituições como única
forma de propagação.
Hoje as ideias se
propagam de outras mil maneiras. O sistema educacional do mundo segue sendo
medieval. Classes com 30, 50 ou 10 alunos não prestam mais ao nosso tempo. O
foco é a individualidade. Mas para isso as instituições do Estado deveriam
sofrer uma verdadeira revolução. Mas isso é tema para outro momento, algo sobre
esse tema pode ser encontrado num dos meus blogs.
Quando falamos em “Era do
indivíduo”, a primeira coisa a surgir na cabeça das pessoas desconectadas de
nosso momento é tratar-se da era do egoísmo. E não é nada disso.
Vivemos um momento em que
todas as instituições, em todos os países, vêm perdendo a credibilidade. Pense
no sindicalismo dos tempos de Getúlio Vargas; pense em Maio de 68 na França,
onde Jean Paul Sartre ditava as normas do “movimento”; onde Cornelius
Castoriadis e Jean-François Lyotard criaram a revista “Socialismo ou Barbárie”
nela apostando todas as fichas. Com Lyotard, na fria madrugada francesa,
distribuindo panfletos revolucionários nas portas das fábricas.
Quem se prestaria a isso
hoje?
Hoje as coisas se dão de
forma diversa. Ainda com ideologia. Ainda com lutas e avanços a serem
conquistados como a destruição de todas as fábricas de armas, uma pauta consensual
entre os pensadores. Ainda com embates entre os grandes pensadores do nosso
tempo. Mas por outros meios.
A proliferação das siglas
trazidas pela tecnologia traz um universo aberto de possibilidades. E é
exatamente nessa profusão de novidades o espaço adequado para a ampliação da
força das concepções de imortalidade, evolução e da reencarnação.
Não nego o valor dos
eventos “intramuros” para troca de ideias, fortalecimento de laços, etc. Mas
tenho a certeza de sua nulidade enquanto mola propulsora da Era de Influencia
Social tão sonhada por Allan Kardec.
Será sim através de nossa
dispersão, enquanto indivíduos capazes de defender nossas concepções, todas
elas contrárias ao materialismo vigente. Não impondo, mas abrindo às pessoas de
nossa relação uma outra forma de conceber a vida; e mais, de vivenciá-la.
Afinal a vida é curta
demais para ser desperdiçada.
Paulo Cesar Fernandes
12/01/2015
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