quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

20141204 O estilo é o homem


REVISTA ESPIRITA – SETEMBRO - 1861

 

Alguns textos são de valor atemporal. Estas conclusões de Erasto são sempre uma advertência das mais úteis a todos os estudiosos do espiritismo. Segundo dizem era discípulo de Paulo de Tarso.

Após uma polêmica entre literatos desencarnados ocorrida na Sociedade Espírita de Paris esse espírito traz as ilações a serem tiradas de tal embate.

 

 

Conclusão de Erasto.

 
 

Depois do torneio literário e filosófico que ocorreu nas últimas sessões de vossa Sociedade, e ao qual assistimos com uma verdadeira satisfação, creio necessário, do ponto de vista puramente espírita, vos participar algumas reflexões que foram suscitadas por esse interessante debate no qual, de resto, não quero intervir de nenhum modo. Mas, antes de tudo, deixai-me dizer-vos que se a vossa reunião foi animada, essa animação não foi nada perto daquela que reinava entre os grupos numerosos de Espíritos eminentes que essas sessões, quase acadêmicas, tinham atraído.

 
Ah! certamente se pudésseis vos tornar videntes instantaneamente, estaríeis surpresos e confusos diante desse areópago superior. Mas não tenho intenção de vos revelar hoje o que se passa entre nós; meu objetivo é unicamente vos fazer ouvir algumas palavras a respeito do proveito que deveis retirar dessa discussão, do ponto de vista de vossa instrução espírita.

 
Conheceis de longa data Lamennais, e certamente apreciastes quanto esse filósofo ficou apaixonado de ideia abstrata; sem dúvida, notastes quanto ele persegue com persistência e, devo dize-lo, com talento, suas teorias filosóficas e religiosas; deveis disso deduzir logicamente que o ser pessoal pensante prossegue, mesmo além do túmulo, seus estudos e seus trabalhos, e que por meio dessa lucidez, que é o apanágio particular dos Espíritos, comparando seu pensamento espiritual com seu pensamento humano, deve dele eliminar tudo o que o obscurece materialmente.
 

Pois bem! o que é verdadeiro para Lamennais é igualmente verdadeiro para os outros, e cada um, no vasto país da erraticidade, conserva suas aptidões e sua originalidade.
 

Buffon, Gérard de Nerval, o visconde Delaunay, Bernardin de Saint-Pierre conservam, como Lamennais, os gostos e a forma literária que notáveis neles quando vivos. Creio que é útil chamar a vossa atenção sobre esta condição de ser de nosso mundo de além-túmulo, para que não vos deixeis ir a crer que se abandonam instantaneamente seus pendores, seus costumes e suas paixões, despojando-se da veste humana. Sobre a Terra, os Espíritos são como prisioneiros que a morte deve libertar; mas do mesmo modo que aquele que está sob os ferrolhos tem as mesmas propensões, conserva a mesma individualidade quando está em liberdade, do mesmo modo os Espíritos conservam suas tendências, sua originalidade, suas aptidões, quando chegam entre nós; todavia, salvo aqueles que passaram, não por uma vida de trabalho e de provas, mas por uma vida de castigo, como os idiotas, os cretinos e os loucos. Para estes, as faculdades inteligentes, tendo permanecido no estado latente, não despertam senão em sua saída da prisão terrestre. Isto, como o pensais, deve-se entender do mundo espírita inferior ou médio, e não dos Espíritos elevados, isentos da influência corporal.
 

Ides tomar vossas férias, senhores Sócios; permiti-me vos dirigir algumas palavras amigas antes de nos separar por algum tempo. Creio que a doutrina consoladora que viemos vos ensinar não conta senão com adeptos fervorosos entre vós; por isso, como é essencial que cada um se submeta à lei do progresso, creio dever vos aconselhar examinar, perante vós, que proveito retirastes pessoalmente de nossos trabalhos espíritas, e que melhoria moral disso resultou em vossos meios recíprocos. Porque, vós o sabeis, não basta dizer: Sou Espírita, e encerrar no fundo de si mesmo esta crença; mas o que vos é indispensável saber é se os vossos atos estão conformes às prescrições de vossa fé nova que é, não se poderia por demais vo-lo repetir:

 

Amor e caridade. Que Deus seja convosco!

 

ERASTO.

 

 

Erasto de Paneas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 

Erasto de Paneas (em grego: Ἔραστος; em latim: Erastus) é um dos Setenta Discípulos. Ele é citado no Novo Testamento em «Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro e o da igreja toda. Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e Quarto, nosso irmão.» (Romanos 16:22) como tendo sido o tesoureiro da igreja de Jerusalém. Ele foi consagrado bispo de Paneas, na Palestina.

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Que possamos compreender a fragilidade de nossa vida, e agir de forma a ser mais útil dentro dos limites de cada um.

Paulo Cesar Fernandes


04/12/2014

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