REVISTA ESPIRITA – SETEMBRO - 1861
Alguns textos
são de valor atemporal. Estas conclusões de Erasto são sempre uma advertência
das mais úteis a todos os estudiosos do espiritismo. Segundo dizem era discípulo de
Paulo de Tarso.
Após uma
polêmica entre literatos desencarnados ocorrida na Sociedade Espírita de Paris
esse espírito traz as ilações a serem tiradas de tal embate.
Conclusão de
Erasto.
Depois do torneio literário e filosófico que ocorreu nas últimas
sessões de vossa Sociedade, e ao qual assistimos com uma verdadeira satisfação,
creio necessário, do ponto de vista puramente espírita, vos participar algumas
reflexões que foram suscitadas por esse interessante debate no qual, de resto,
não quero intervir de nenhum modo. Mas, antes de tudo, deixai-me dizer-vos que
se a vossa reunião foi animada, essa animação não foi nada perto daquela que
reinava entre os grupos numerosos de Espíritos eminentes que essas sessões,
quase acadêmicas, tinham atraído.
Ah! certamente se pudésseis vos tornar videntes instantaneamente,
estaríeis surpresos e confusos diante desse areópago superior. Mas não tenho intenção
de vos revelar hoje o que se passa entre nós; meu objetivo é unicamente vos
fazer ouvir algumas palavras a respeito do proveito que deveis retirar dessa
discussão, do ponto de vista de vossa instrução espírita.
Conheceis de longa data Lamennais, e certamente apreciastes quanto
esse filósofo ficou apaixonado de ideia abstrata; sem dúvida, notastes quanto
ele persegue com persistência e, devo dize-lo, com talento, suas teorias filosóficas
e religiosas; deveis disso deduzir logicamente que o ser pessoal pensante
prossegue, mesmo além do túmulo, seus estudos e seus trabalhos, e que por meio
dessa lucidez, que é o apanágio particular dos Espíritos, comparando
seu pensamento espiritual com seu pensamento humano, deve dele
eliminar tudo o que o obscurece materialmente.
Pois bem!
o que é verdadeiro para Lamennais é igualmente verdadeiro para os outros, e
cada um, no vasto país da erraticidade, conserva suas aptidões e sua
originalidade.
Buffon,
Gérard de Nerval, o visconde Delaunay, Bernardin de Saint-Pierre conservam,
como Lamennais, os gostos e a forma literária que notáveis neles quando vivos.
Creio que é útil chamar a vossa atenção sobre esta condição de ser de nosso
mundo de além-túmulo, para que não vos deixeis ir a crer que se abandonam
instantaneamente seus pendores, seus costumes e suas paixões, despojando-se da
veste humana. Sobre a Terra, os Espíritos são como prisioneiros que a morte
deve libertar; mas do mesmo modo que aquele que está sob os ferrolhos tem as
mesmas propensões, conserva a mesma individualidade quando está em liberdade,
do mesmo modo os Espíritos conservam suas tendências, sua originalidade, suas aptidões,
quando chegam entre nós; todavia, salvo aqueles que passaram, não por uma vida de
trabalho e de provas, mas por uma vida de castigo, como os idiotas, os cretinos
e os loucos. Para estes, as faculdades inteligentes, tendo permanecido no
estado latente, não despertam senão em sua saída da prisão terrestre. Isto,
como o pensais, deve-se entender do mundo espírita inferior ou médio, e não dos
Espíritos elevados, isentos da influência corporal.
Ides
tomar vossas férias, senhores Sócios; permiti-me vos dirigir algumas palavras
amigas antes de nos separar por algum tempo. Creio que a doutrina consoladora
que viemos vos ensinar não conta senão com adeptos fervorosos entre vós; por
isso, como é essencial que cada um se submeta à lei do progresso, creio dever
vos aconselhar examinar, perante vós, que proveito retirastes pessoalmente de
nossos trabalhos espíritas, e que melhoria moral disso resultou em vossos meios
recíprocos. Porque, vós o sabeis, não basta dizer: Sou Espírita, e encerrar no
fundo de si mesmo esta crença; mas o que vos é indispensável saber é se os
vossos atos estão conformes às prescrições de vossa fé nova que é, não se
poderia por demais vo-lo repetir:
Amor e caridade. Que
Deus seja convosco!
ERASTO.
Erasto
de Paneas
Origem:
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Erasto de Paneas (em grego: Ἔραστος; em latim: Erastus) é um dos Setenta
Discípulos. Ele é citado no Novo Testamento em «Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro e o da igreja toda.
Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e Quarto,
nosso irmão.» (Romanos 16:22) como tendo sido o tesoureiro da
igreja de Jerusalém. Ele foi consagrado bispo de Paneas, na Palestina.
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Que possamos compreender a fragilidade de nossa
vida, e agir de forma a ser mais útil dentro dos limites de cada um.
Paulo Cesar Fernandes
04/12/2014
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