quarta-feira, 30 de julho de 2014

20140730 Hegel e seu pensar do Espírito


Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Fenomenologia do Espírito
Volume I

 

SUMÁRIO

 

Nota do Tradutor, 7

Apresentação - A significação da Fenomenologia do Espírito - por Henrique Vaz, 9

Prefácio, 21

Introdução, 63
 

I. A Certeza sensível - ou o Isto e o Visar, 74
 

II. A Percepção - ou a coisa e a ilusão, 83
 

III. Força e Entendimento; Fenômeno e mundo supra-sensível, 95

IV. A verdade da certeza de si mesmo, 119
 

A - Independência e dependência da consciência de si: Dominação e Escravidão, 126

B - Liberdade da consciência-de-si: Estoicismo - Cepticismo - Consciência infeliz, 134

 

V. Certeza e Verdade da Razão, 152


A - Razão observadora, 158

a - Observação da natureza, 160

b - A observação da consciência-de-si em sua pureza e em referência à efetividade exterior: leis lógicas e leis psicológicas, 191

c - Observação da consciência-de-si em sua efetividade imediata: fisiognomia e frenologia, 197

 

B - A efetivação da consciência-de-si racional através de si mesma [a razão ativa], 221

 

a - O prazer e a necessidade, 227

b - A lei do coração e o delírio da presunção, 231

c - A virtude e o curso do mundo, 237

 

C - A individualidade que é para si real em si e para si mesma, 244

a - O reino animal do espírito e a impostura, ou a Coisa mesma, 246

b - A razão legisladora, 260

c - A razão examinando as leis, 264

Glossário, 270

Livros utilizados, 271

 

===

 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Fenomenologia do Espírito
Volume II

 

VI. O Espírito, 7

A - O Espírito Verdadeiro. A Eticidade, 10

a - O mundo ético. A lei humana e a lei divina, o homem e a mulher, 11

b - A ação ética. O saber humano e o divino, a culpa e o destino, 21

c - O Estado de Direito, 31

 

B - O Espírito Alienado de Si Mesmo. A Cultura, 35

1 - O mundo do espírito alienado de si, 38

a - A cultura e o seu reino da efetividade, 38

b - A fé e a pura inteligência, 60

 

2 - O Iluminismo, 67

a - A luta do Iluminismo contra a superstição, 68

b - A verdade do Iluminismo, 87

 

3 - A liberdade absoluta e o terror, 93

 

C - O Espírito Certo de Si Mesmo. A Moralidade, 100

a - A cosmovisão moral, 102

b - A distorção, 110

c - A boa consciência - A bela alma, o mal e o seu perdão, 119

 

VII. A Religião, 143

A - A Religião Natural, 150

a - A luminosidade, 151

b - A planta e o animal, 153

c - O artesão, 154

 

B - A Religião da Arte, 157

a - A obra-de-arte abstrata, 159

b - A obra-de-arte viva, 167

c - A obra-de-arte espiritual, 171

 

C - A Religião Revelada, 183

 
VIII. O Saber Absoluto, 207

 
Nota final, 221

===

— VI—

 
O Espírito

 
438 [Die Vernunft ist] A razão é espírito quando a certeza de ser toda a realidade se eleva à verdade, e [quando] é consciente de si mesma como de seu mundo e do mundo como de si mesma. O vir-a-ser do espírito, mostrou-o o movimento imediatamente anterior, no qual o objeto da consciência, - a categoria pura, - se elevou ao conceito da razão.



O momento acima é quando na razão o espírito se percebe.
 
Os momentos seguintes serão de percepção do mundo; do Si nesse mundo;  da relação Eu / Mundo. Até chegar ao ponto da necessidade da ética ou eticidade nessa relação Eu / Mundo.
 
Esta obra revela o que Kardec traria a luz, em mais simples palavras, em 1857. O conceito de espírito, como Ser, individualidade, transitava na filosofia bem antes de Hegel inclusive. Mas, segundo penso, foi Hegel que melhor o estruturou delimitando e definindo sua forma de relação com o mundo tal qual está dado. O “Dasein” de Heidegger.
 
Pedagogo que era Kardec trouxe tudo isso a sua expressão mais simples.
 


Na razão observadora, a pura unidade do Eu e do ser, do ser-para-si e do ser-em-si, é determinada como Em-si ou como ser, e a consciência da razão se encontra. Mas a verdade do observar é antes o suprassumir desse instinto que encontra imediatamente, desse ser-aí carente-de-consciência. [Na razão ativa], a categoria intuída, a coisa encontrada, entram na consciência como o ser-para-si do Eu, que agora se sabe como Si na essência objetiva.

 

Contudo, a determinação da categoria como ser-para-si, - o oposto ao ser-em-si, - é também unilateral, e é um momento que suprassume a si mesmo. Por isso [na individualidade para si real] a categoria é determinada, para a consciência, tal como é na sua verdade universal: como essência em si e para si essente.

 
Essente = é um momento, uma passagem da autopercepção do espírito, como veremos adiante.



Essa determinação, ainda abstrata, que constitui a Coisa mesma, é só a essência espiritual; e sua consciência é um saber formal a seu respeito, vagueando em torno do conteúdo diversificado dessa essência. De fato, essa consciência difere ainda da substância como algo singular; ora estatui leis arbitrárias, ora acredita ter em seu saber as leis tais quais são em si e para si; e se tem como potência que as julga. Ou então, considerada do lado da substância, é a essência espiritual em-si e para-si-essente que ainda não é a consciência de si mesma. Entretanto, a essência em-si-e-para-si-essente, que ao mesmo tempo é para si efetiva como consciência, e que se representa a si mesma para si, é o espírito.

 

439 [Sein geistiges Wesen] Sua essência espiritual já foi designada como substância ética; o espírito, porém, é a efetividade ética. O espírito é o Si da consciência efetiva, à qual o espírito se contrapõe, - ou melhor, que se contrapõe a si mesma, - como mundo efetivo objetivo. Mas esse mundo perdeu também para o Si toda a significação de algo estranho, assim como o Si perdeu toda a significação de um ser-para-si separado do mundo, - fosse dependente ou independente dele. O espírito é a substância e a essência universal, igual a si mesma e permanente: o inabalável e irredutível fundamento e ponto de partida do agir de todos, seu fim e sua meta, como [também] o Em-si pensado de toda a consciência-de-si.

 

Essa substância é igualmente a obra universal que, mediante o agir de todos e de cada um, se engendra como sua unidade e igualdade, pois ela é o ser-para-si, o Si, o agir. Como substância, o espírito é igualdade-consigo-mesmo, justa e imutável; mas como ser-para-si, é a essência que se dissolveu, a essência bondosa que se sacrifica. Nela cada um executa sua própria obra, despedaça o ser universal e dele toma para si sua parte. Tal dissolução e singularização da essência é precisamente o momento do agir e do Si de todos. E o movimento e a alma da substância, e a essência universal efetuada. Ora, justamente por isso - porque é o ser dissolvido no Si - não é a essência morta, mas a essência efetiva e viva.

 

440 [Der Geist ist hiemit] Por conseguinte, o espírito é a essência absoluta real que a si mesma se sustém. São abstrações suas, todas as figuras da consciência até aqui [consideradas]; elas consistem em que o espírito se analisa, distingue seus momentos, e se demora nos momentos singulares. Esse [ato de] isolar tais momentos tem o espírito por pressuposto e por subsistência; ou seja, só existe no espírito, que é a existência. Assim isolados, têm a aparência de serem, como tais: mas são apenas momentos ou grandezas evanescentes, - como mostrou sua processão e retorno a seu fundamento e essência; essência que é justamente esse movimento de dissolução desses momentos.

 
Aqui, onde se põe o espírito, - ou a reflexão dos momentos sobre si mesmos, - pode nossa reflexão a seu respeito recordar brevemente que, por esse lado, eram eles: consciência, consciênciade-si e razão. O espírito é, pois, consciência em geral, - que em si compreende certeza sensível, percepção e o entendimento, - quando na análise de si mesmo retém o momento segundo o qual é a efetividade essente objetiva, e abstrai de que essa efetividade seja seu próprio ser-para-si. Ao contrário, quando fixa o outro momento da análise, segundo o qual seu objeto é seu ser-para-si, então o espírito é consciência-de-si. Mas, como consciência imediata do ser-em-si-e-para-si, -como unidade da consciência e da consciência-de-si, - o espírito é a consciência que tem razão; que, como o ter indica, possui o objeto como determinado em si racionalmente, ou seja, pelo valor da categoria; porém de tal modo que o objeto ainda não tem para a consciência o valor da categoria.

 

O espírito é a consciência tal como acabamos de considerar.

Essa razão, que o espírito tem, é enfim intuída por ele como razão que é; ou como a razão que no espírito é efetiva, e que é seu mundo, assim o espírito é em sua verdade; ele é o espírito, é a essência ética efetiva.

 

===

Notemos que Hegel morreu em 1831, quando Kardec contava com 29 anos de idade apenas. 




Paulo Cesar Fernandes

30  07  2014

Nenhum comentário: