sexta-feira, 14 de março de 2014

20140314 Deus e Espiritualidade

Deus e Espiritualidade


O Ocidente e parte do Oriente fazem guerra em nome de Deus, defendendo seu deus.


Na verdade estão: é o deus do capital; o deus do poder temporal.


Voce acha que os Povos Originários da América Espanhola precisavam de Deus? Que não viviam bem com suas normas e suas leis?


Conta Darcy Ribeiro da felicidade dos povos com os quais ele conviveu no interior do Brasil. Da forma terna no trato das crianças e dos idosos.


Precisam eles de nossas Normas Jurídicas para cuidar dos idosos e das crianças?


Nossa dita "civilização" cuida de seus idosos e de suas crianças?

Nem em Uganda e nem na Escandinávia. Quantos morrem de frio e de fome? Já pensou?


Que tem Deus a ver com isso? Tudo. Deus não existe, de Não Existir; e não existe no coração dos homens.


O Materialismo venceu, e ganha espaço a cada dia. Somos todos materialistas: espíritas de todas as vertentes; católicos; protestantes dos diversos ramos; umbandistas; adeptos do Santo Dime; etc.


Materialistas todos.


A essência vivencial do homem atual é o materialismo. Estruturado na sua busca do consumo; da projeção pessoal; da luta pelo poder; na derrocada dos valores humanistas; no imediatismo do egoísmo; na vida regrada de fora para dentro.


Kardec dizia sempre que o maior inimigo do espiritismo é o materialismo.


Dessa forma o espiritismo perdeu.


Perdeu pois as próprias entidades espíritas tem lutas intestinas e competitividade itens maiores do capitalismo e do materialismo.


Para plantearmos uma retomada dos valores espíritas, temos necessidade de entender o tempo em que vivemos.


Tempo do anti-humanismo na visão de Luc Ferry e Alain Renaut em seu livro "Pensamento 68   Ensaios sobre o anti-humanismo contemporâneo", onde é feita a análise dos movimentos de Maio 68 dando a eles o caráter de anti-humanista. Se valem os autores de pensadores como Leibniz e sua Monadologia; Alexis de
Tocqueville e seu "A democracia na América"; e de pensadores como Sartre; Derrida; Michel Foucalt; Martin Heidegger e Cornélius Castoriadis para a estrutura da sua tese; até questionável na verdade, do nascimento do individualismo atual, tomando o lugar da subjetividade advinda de Descartes, Kant, Hegel e de seus
antecessores como Giordano Bruno e Pico Della Mirandola.


O contexto atual é o de uma vida materialista e sem Deus. Nada haveria de errado se esse materialismo não matasse tantos valores construídos no tempo e os deitasse definitivamente por terra.


No contrafluxo desse painel negativo e realista venho propondo o cultivo da Espiritualidade. Que é isso?


É o cultivo de todas as coisas capazes de nos ocupar a mente, isto é, o espírito, com estruturas abstratas de pensamentos. E nesta hora a gama de coisas se amplia ao infinito. Tudo capaz de nos afastar da mediocridade da competição; da busca de notoriedade sem esforço e sem trabalho; desse consumismo irracional e infinito.

Tudo isso é absorvido no novo momento proposto por mim.


Não é um projeto para espíritas tão somente. É um projeto para a humanidade como um todo. O conhecimento em suas múltiplas áreas é capaz de resgatar em todos nós o sabor da vida.


Slavoj Zizek nos fala da atual obrigatoriedade de ser feliz. Isso se tornou um "imperativo categórico", ao qual nenhum de nós na pos-modernidade pode esquivar-se.


Todo mundo se diz feliz. Posta fotos sorridente nas redes sociais.


Ninguém tem dor de dente, diarréia, tristeza ou depressão. Nas redes sociais todos são absolutamente felizes e bem resolvidos. Todos somos falsos nas redes sociais.


A espiritualidade nos leva, através do estudo da filosofia, a se permitir a felicidade mesmo, ou mesmo o mau humor. Podemos ser frágeis e temerosos da morte, ou temerosos da vida. A filosofia é a ciência capaz de nos aproximar de nós mesmos, de nossa mais profunda essência, do Ser que somos. Esse é um dos caminhos da
espiritualidade por mim proposta.


Outros tantos são possíveis. tudo dependerá das escolhas de cada espírito ou de cada alma enquanto encarnada, e será sempre uma tomada de decisão solitária. Pois crescer é tarefa solitária. Os momentos de solidão são os mais ricos ao desenvolvimento do espírito.


E a espirituallidade, baseada no conhecimento é uma das alternativas na luta contra o materialismo e o anti-humanismo vigentes.


Não tenho pretensões pessoais quanto a esta proposta.


Peço apenas a atenção das pessoas incapazes em se satisfazer com o que está dado; com as coisas a elas propostas, e da forma como são propostas. Creio ser o conhecimento, e mais especificamente a filosofia, um campo aberto à estruturação da paz e da felicidade para a alma em busca de algo para si; tendo em vista a existência precedente ao berço, e capaz de seguir além do túmulo.


Como seres incompletos, a espiritualidade poderá ajudar em muito na nossa completude.



Paulo Cesar Fernandes

14 03 2014



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